Há milhares de anos, os gatos têm sido companheiros dos humanos, mas, apesar dessa longa convivência, eles ainda carregam a reputação de serem distantes, independentes e, muitas vezes, volúveis em seus afetos. Muitos acreditam que os gatos são tão insensíveis que nem sequer sentiriam falta caso um dos humanos ou animais com os quais convivem morresse. Mas, até que ponto essa percepção é verdadeira? Será que os gatos realmente não sofrem pela perda de um companheiro?
Em busca dessa resposta, recentemente, um grupo de pesquisadores da Universidade de Oakland conduziu um estudo que analisou os sinais de luto de 452 gatos após a morte de outro animal de companhia da mesma casa. Os resultados, publicados na revista científica Applied Animal Behavior Science, foram surpreendentes.
Comportamentos de luto observados nos felinos
Os pesquisadores coletaram informações detalhadas sobre o relacionamento entre os gatos sobreviventes e o animal falecido, bem como sobre as mudanças comportamentais dos felinos após a perda. Foram relatadas alterações significativas no comportamento dos animais que refletiam sinais de luto.
As alterações mais relatadas envolveram sono, apetite e brincadeiras. Em geral, os gatos apresentaram uma redução nas atividades de dormir, comer e brincar, e um aumento na busca por atenção dos humanos e dos outros animais do lar. Além disso, muitos cuidadores relataram que seus gatos pareciam procurar pelos companheiros falecidos e buscavam se isolar em alguns momentos, buscando locais para se esconderem.
Impacto da relação e do tempo de convivência
Quando questionados sobre a espécie do animal falecido, um terço dos cuidadores relatou que a perda foi de um cão, indicando que os gatos também experimentam luto pela perda de cães com quem convivem. Além disso, os pesquisadores descobriram que a profundidade do luto estava relacionada ao tempo que os animais passaram com seus companheiros de estimação.
Segundo a pesquisa, o tempo que os animais passaram juntos em atividades diárias foi um indicador de comportamentos mais intensos de luto e medo, enquanto relações mais positivas entre os animais vivos e os falecidos foram associadas a uma redução no sono, alimentação e brincadeiras dos gatos sobreviventes. Entretanto, fatores como testemunhar a morte e o número total de animais na casa não influenciaram o comportamento.
Embora os resultados sugiram que os gatos podem realmente sofrer com a perda, também existe a possibilidade de que os donos estejam projetando sua própria dor sobre os animais de estimação sobreviventes. De acordo com os pesquisadores, os cuidadores que experimentaram um luto mais intenso foram mais propensos a relatar mudanças nos comportamentos dos animais sobreviventes após a morte do companheiro. Independentemente do motivo, os comportamentos observados sugerem que os gatos demonstram uma forma de empatia ou uma reação emocional à perda.
Fonte: Portal Mega Curioso, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
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