Não é segredo para ninguém que os pets, em especial os cães, são os queridinhos do Brasil. Nosso país possui cerca de 160,9 milhões de animais de estimação, de acordo com a Abinpet e o Instituto Pet Brasil (IPB), e atualiza os últimos dados disponíveis, que davam conta de 155,7 milhões em 2022 – uma alta de 3,33% na população em um ano. Os cães saltaram de 60,5 milhões para 62,2 milhões (alta de 2,8%).
Mas não basta apenas adotar animais de estimação e não destinar os cuidados que eles necessitam para sua saúde e bem-estar. Uma das questões muito importantes é manter os cães ativos, o que não é apenas uma questão de diversão, mas uma necessidade crucial para a saúde física e mental deles.
De acordo com o médico-veterinário clínico geral no Hospital Veterinário Taquaral (Campinas-SP), Newton Scarpa Junior, a prática regular de exercícios proporciona inúmeros benefícios que vão além da simples queima de energia. “Os exercícios ajudam a melhorar a ansiedade e o estresse dos cães, permitindo que eles desempenhem comportamentos naturais como arranhar, cheirar, urinar, latir, rosnar e correr. Esses comportamentos são essenciais para evitar o desenvolvimento de distúrbios comportamentais, resultando em animais mais felizes e equilibrados”, explica.
Além disso, o veterinário destaca que o movimento do corpo fortalece ossos, músculos e articulações, sendo vital para o desenvolvimento saudável dos cães. “A capacidade cardiorrespiratória também é aprimorada com exercícios regulares, o que deixa os animais mais dispostos, alegres e saudáveis. O sistema digestivo dos cães também se beneficia, funcionando melhor e aproveitando mais os nutrientes, o que contribui para uma melhor absorção e digestão”, adiciona.
E os benefícios não param por aí. A prática de exercícios é fundamental para manter o peso ideal dos cães, reduzindo o risco de obesidade e prevenindo sobrecargas articulares e alterações fisiológicas. “A imunidade dos cães também melhora com exercícios regulares, diminuindo os riscos de doenças e acelerando a recuperação de enfermidades”, insere.
Vale lembrar que, no geral, a prática de exercícios melhora a saúde geral, ajuda na prevenção de doenças e, inclusive, promove melhoria do comportamento, reduzindo estresse e ansiedade.
No entanto, cada fase de vida e realidades do cão exige modalidades diferentes de exercícios. Confira as dicas de Newton Scarpa Junior:
- Exercícios para filhotes: São recomendados exercícios mais leves, como caminhadas, interações com brinquedos e interações com humanos e outros cães que gostem de filhotes, desde que o filhote esteja com a imunização completa. “A quantidade ideal de tempo de exercício diário varia muito conforme a raça, tamanho e disposição de cada filhote. É importante observar o comportamento do filhote e encerrar as atividades quando ele mostrar sinais de cansaço”, alerta.
- Atividades cães adultos e idosos: Para cães adultos, os exercícios variam conforme a raça, tamanho e condição física do animal. “É importante equilibrar a intensidade dos exercícios, começando com atividades leves e aumentando gradualmente”, informa. Já para cães idosos, são recomendadas caminhadas leves, hidroesteira e natação, que são exercícios de baixa intensidade e não sobrecarregam as articulações.
- Adaptação de exercícios para cães com problemas de saúde: Para cães que apresentam problemas de saúde relacionados à idade, como artrite, é essencial, segundo o veterinário, entender o estado geral do animal e indicar atividades que se enquadrem em suas necessidades. “A fisioterapia pode ser uma opção para o fortalecimento muscular e analgesia após a sessão”, recomenda.
- Exercícios recomendados para diferentes raças: Determinadas raças de cães têm preferências por certos tipos de exercícios, conforme explicado pelo profissional: “Cães de porte grande e médio, como Golden Retrievers, Labradores e Pastores, geralmente, se adaptam bem a exercícios mais intensos, como corridas, trilhas e natação. Já cães de pequeno porte, como Yorkshire Terriers e Spitz, preferem atividades mais leves, como caminhadas”.
Sinais de excesso de exercício e equipamentos
O clínico salienta que é importante estar atento aos sinais de que um cão pode estar exagerando nos exercícios, como respiração ofegante, deitar durante a atividade, andar cambaleante e salivação excessiva. “Se isso ocorrer, os tutores devem interromper imediatamente a atividade, oferecer sombra e água fresca, e, se possível, colocar o animal em um chão frio para ajudar na troca de calor”, aconselha.
Outra dica para melhorar e respeitar a prática de exercícios é em relação ao uso de brinquedos, como bolinhas e ursinhos, que podem estimular o início das atividades. “No entanto, acessórios como pesos ou coletes de resistência não são recomendados, pois podem causar sobrecarga. Coletes de resfriamento podem ser úteis para cães que praticam exercícios mais intensos em locais com temperaturas elevadas”, frisa.
Influência do estilo de vida do tutor
Essa é uma questão que influencia diretamente a rotina de exercícios do cão, como mencionado pelo veterinário: “Tutores com rotinas ativas tendem a proporcionar mais atividades físicas para seus animais. Exercícios em conjunto são prazerosos e benéficos tanto para o tutor quanto para o cão”.
Mas, para tutores com rotinas ocupadas, o profissional recomenda creches e hotéis para cães como opções viáveis, onde há atividades monitoradas e personalizadas. “Essas instituições podem fornecer o nível adequado de exercício e socialização para os cães”, indica.
Esse também é um passo para aumentar a socialização dos pets, um componente importante dos exercícios físicos. “Muitos cães ficam extremamente felizes com a presença de outros cães e interagem bastante. Atividades em grupo em hotéis e creches podem ajudar cães que, inicialmente, não aceitam outros animais a se adaptarem e interagirem com o tempo”, conclui.