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Famílias socializadoras são peças cruciais para treinamento de cães-guia

Essas pessoas recebem os animais com 90 dias de vida e convivem com eles por um ano para expô-los a situações cotidianas dos deficientes visuais
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

A equipe da CG teve a oportunidade de conhecer as instalações e treinamentos do Instituto Adimax, localizado em Salto de Pirapora (SP). A entidade treina labradores para se tornarem cães-guia para deficientes visuais e cães de assistência para crianças com transtorno do espectro autista (TEA).

Se você ainda não conferiu como se dá todo o processo de treinamento, acesse nossa reportagem e, agora, para nos aprofundarmos ainda mais na temática, abordamos uma peça fundamental para os cães e para seus futuros usuários: as famílias socializadoras.

Antes de um cão-guia ser entregue à pessoa com deficiência visual, ele passa por uma fase crucial de socialização. A médica-veterinária responsável Técnica do Instituto Adimax, Giovanna Cristina Brombini, revela que, estes cães são cuidadosamente escolhidos e temporariamente acolhidos em lares, onde são expostos a diversas experiências sociais e ambientais. “Essa exposição precoce e variada é de extrema importância na preparação desses animais para a vida como guias de pessoas com deficiência visual”, salienta.

De acordo com a legislação federal, esses cães têm acesso garantido a locais públicos, mesmo durante o treinamento, devido à importância da socialização (Foto: divulgação)

Como receber um cão?

Para se tornar uma família socializadora, o principal requisito é residir na Região Metropolitana de Campinas, Sorocaba e São Paulo, a fim de facilitar o acompanhamento, pois a equipe de veterinários e instrutores está disponível nesta região. “Além disso, é fundamental que as famílias estejam dispostas a integrar o cão em sua rotina diária, pois os cães-guia e de assistência não devem ser tratados meramente como animais de estimação. Eles precisam participar das atividades cotidianas, preparando-os para a vida futura com a pessoa com deficiência. Além disso, também é importante destacar que, de acordo com a legislação federal, esses cães têm acesso garantido a locais públicos, mesmo durante o treinamento, devido à importância da socialização na formação desses animais”, menciona.

Os interessados, então, devem acessar o site do Instituto Adimax institutoadimax.org.br. Nele, é possível encontrar informações sobre como se tornar uma família socializadora, solicitar um cão-guia ou um cão de assistência. “Todos os nossos contatos estão disponíveis em nossas redes sociais, mas o site é a principal porta de entrada para nossa instituição. A partir desse ponto, o candidato pode preencher o formulário de inscrição. É importante mencionar que nosso site é acessível para todos”, informa o gerente Geral do Instituto, Thiago Pereira.

Já as pessoas com deficiência visual que desejam se candidatar para receber um cão, devem residir em um raio de até 150 quilômetros do Instituto Adimax. “Isso engloba as Regiões Metropolitana de Campinas, Sorocaba e São Paulo, como já mencionado anteriormente. Além disso, atualmente, temos duas bases avançadas em Niterói (RJ), que atende o Estado do Rio de Janeiro, e em Criciúma (SC), que abrange a região Sul do País. No entanto, pode ocorrer de não encontrarmos cães compatíveis com pessoas com deficiência nessas áreas, o que nos leva a considerar outras regiões do Brasil. Nossa estratégia é sempre priorizar regiões próximas às nossas bases, por questões de recursos e acompanhamento. No entanto, estamos dispostos a avaliar outras opções para garantir que cada pessoa receba o cão mais adequado às suas necessidades”, encerra.

Ao contrário do que muitos pensam, esses cães também recebem carinho, desde que não estejam com o colete, que indica momento de treinamento
(Foto: divulgação)

Socializar, mas, também, cuidar!

A médica-veterinária Giovanna desempenha um papel fundamental no cuidado desses cães em socialização e em treinamento, bem como no suporte aos cães já entregues. “Nas instalações do Instituto, há um consultório onde as famílias sociais voluntárias podem trazer os cães para banhos, check-ups médicos completos e, quando necessário, exames de sangue. Eles seguem um protocolo preventivo que se inicia quando os cães completam três meses e continua até um ano e meio de idade, abrangendo exames oftalmológicos, ortopédicos e hemogramas”, compartilha.

Segundo a veterinária, o acompanhamento varia de acordo com a fase de vida do cão, e as famílias recebem orientações sobre quando realizar esses procedimentos na clínica ou em outra de sua escolha.

No que diz respeito à castração dos cães, Giovanna explica que, geralmente, é realizada por volta de um ano de idade, aguardando o primeiro cio nas fêmeas e cerca de 11 meses a um ano nos machos, já que, nessa fase, seu crescimento está completo e a supressão do hormônio reprodutivo não afeta mais seu desenvolvimento. Ela conduz as cirurgias, incluindo todos os aspectos do processo cirúrgico, com anestesia controlada e cuidados pós-operatórios.

Cuidados indispensáveis

Os cães são entregues às famílias por volta dos 90 dias de idade, após passarem pela fase de maternidade. “A maioria dos filhotes nasce nas instalações do Instituto, enquanto alguns são adquiridos de criadores parceiros para manter uma matriz reprodutiva completa. O objetivo é acompanhar todo o processo, desde o nascimento até a cesariana, se necessária, garantindo, assim, um registro completo da linhagem dos cães”, comenta Giovanna.

O atendimento diário é uma parte essencial da rotina de trabalho de Giovanna. “Iniciamos com um exame físico minucioso, independentemente de haver queixas específicas por parte das famílias. Esse exame envolve uma inspeção das mucosas, ouvidos, olhos e outros órgãos, além de avaliar o peso e a postura dos cães. Um foco especial é dado aos cães da raça labrador, utilizados pelo Instituto, devido à tendência à displasia coxofemoral, por isso, eles são monitorados de perto em relação à sua saúde ortopédica, considerando, também, a utilização do protocolo PEN-HIP, um exame de raio-X especializado para avaliar o risco de displasia”, expõe.

Cada consulta pode ser prolongada, de acordo com a profissional, especialmente porque muitas famílias socializadoras gostam de compartilhar suas experiências. “Trabalhamos em estreita colaboração com essas famílias, oferecendo orientações, apoio e, claro, cuidando da saúde dos cães. Essa interação desempenha um papel fundamental no sucesso do programa, permitindo melhor compreensão das necessidades e expectativas das famílias”, argumenta.

Giovanna reitera que o trabalho com as famílias socializadoras é um aspecto essencial do serviço prestado pelo Instituto, que tem como objetivo ajudá-las e, ao mesmo tempo, auxiliar as pessoas com deficiência visual na criação de futuros cães-guia. “Além disso, existe uma colaboração próxima com os treinadores, que se preocupam profundamente com o comportamento e a postura dos cães”, conclui.

Algumas famílias ficam comovidas quando chega a hora de devolver o cão, mas, ainda assim, entendem a importância do processo (Foto: divulgação)

Momento da despedida

Depois do período de um ano que os cães passam com a família socializadora, eles precisam retornar ao Instituto e serem inseridos no processo de treinamento para, de fato, se tornarem cães de serviço. “Quando se aproxima o momento de efetuar a entrega, as famílias expressam suas emoções, muitas vezes, demonstrando tristeza. No entanto, esse sentimento vem de um profundo envolvimento com os animais. Apesar disso, gostam e entendem tanto a importância dessa fase que, muitas delas, quando devolvem um cão, já pegam outro para reviver o período de socialização”, revela Giovanna.

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