Cláudia Guimarães, da redação
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O número de gatos nos lares brasileiros está aumentando, afinal quem resiste a esses felinos, não é? Mas, isso vem ocorrendo, principalmente, por conta da verticalização das casas. Os gatos vivem melhor em apartamento do que os cães e são tão amáveis quanto. Prova disso, é que, quando nos apaixonamos pela espécie, é difícil ter um só.
No entanto, a médica-veterinária especializada em clínica de felinos, que atende na Clínica MasterCat, Karina Luciana Fogaça dos Santos, reforça algo importante: por mais que o gato seja um animal adaptável em espaços pequenos, também precisa de enriquecimento ambiental para que tenha todas suas necessidades fisiológicas e comportamentais garantidas.
Falando nisso, quem adota um gato achando que é o mesmo que cuidar de um cão está equivocado. “São espécies bem diferentes, tanto no comportamento quanto no convívio diário. São animais igualmente amorosos, porém cada um com suas particularidades e necessidades”, explica a veterinária.
Muitas pessoas ainda acreditam que, por serem mais independentes, os felinos não se apegam aos seus tutores. “Ter essa característica não significa não ter afeto ao tutor. Gatos são seres que, ao contrário dos cães, são solitários na natureza e, devido a isso, não dependem muito dos tutores como as demais espécies, mas só quem tem um gato sabe quanto amor esse animal tem a nos oferecer”, compartilha.
Além de amor e muita diversão, Karina comenta que os gatos nos ensinam a levar a vida com mais simplicidade e isso pode, inclusive, melhorar nossa saúde, pois possuem capacidade de nos relaxar e diminuir o estresse do dia a dia.
Tudo pronto, pode chegar!
Antes de receber um gato em casa, Karina destaca que é necessário saber que é um compromisso a longo prazo e que demanda necessidades diárias. “A casa deve ser voltada para o gato, com setores de alimentação, diversão, soneca, eliminação de dejetos e também é importante a ‘gatificação’, criando locais onde o animal se sinta seguro e que tenha controle do ambiente. Não é legal ter ‘o quarto do gato’, pois ele deve se sentir bem e acolhido em todos os ambientes da casa”, orienta.
Os cuidados da saúde do gato, segundo a profissional, variam, principalmente, de acordo com a idade e com doenças que podem acompanhar cada estágio da vida. “Sendo assim, é importante o acompanhamento desde filhote com um médico-veterinário especializado na espécie felina para que seja determinada a rotina de visitas ao consultório, iniciando com a vacinação, castração e check-ups regulares conforme determinado pelo clínico”, explica.
Em casa, é importante salientar que todas as necessidades do animal devem ser atendidas, seguindo os cinco pilares principais, citados por Karina: fornecer um local seguro; fornecer recursos ambientais separadamente e em número suficiente; oferecer oportunidade para brincadeiras e comportamento predatório; fornecer interação social positiva entre o tutor e o felino, sendo essa consistente e previsível; e fornecer um ambiente que respeite sempre o senso olfativo do gato.
Saúde física e mental
Infelizmente, Karina comenta que o conceito de que o gato domiciliado deve manter seu hábito de ir para as ruas ainda está enraizado em muitos lares brasileiros. “Porém, felizmente, tem sido feito um trabalho importante entre os médicos-veterinários especializados e, também, nas mídias sociais, de que o acesso à rua pode prejudicar e muito a saúde do gato, além de poder ser fatal em diversos casos”, aponta.
O gato, de acordo com a veterinária, tem o hábito de caçar e possui uma necessidade de controle do ambiente, sendo uma espécie territorialista. “No entanto, mantendo-os dentro de casa, evitamos a disseminação de doenças, como as temidas doenças do vírus da imunodeficiência felina (FIV) e do vírus da leucemia felina (FeLV), e, até mesmo, envenenamentos, atropelamentos e outros diversos tipos de traumas. Um ambiente adaptado para o gato, para que ele possa expressar seu comportamento natural e supra suas necessidades de caça, é o que a espécie precisa para seu bem-estar”, garante.
Além de evitar doenças à espécie, também é importante salientar a importância de manter a saúde mental do gato inabalável. Karina declara que tudo que saia fora da rotina previsível do bichano pode estressá-lo, por isso, é papel do tutor evitar que mudanças bruscas ocorram de uma hora para outra. “Como por exemplo, a caixa de transporte deve ficar no ambiente comum do gato, para que, quando necessite utilizá-la, ele já a conheça. Outro fator importante que pode afetar o bem-estar do gato e gerar estresse é não ter um dos cinco pilares atendidos, que são todos igualmente necessários para a qualidade de vida dessa espécie”, lembra.
Segundo a veterinária, gatos são seres sensíveis quando o assunto é comportamento, podendo, o estresse, gerar diretamente problemas físicos nesses animais. “Em casa, um gato estressado ou que não tenha controle do ambiente pode apresentar alterações comportamentais, principalmente relacionada ao sistema urinário, gerando problemas de marcação territorial ou cistite intersticial (inflamatória); agressão entre gatos da mesma casa ou, até mesmo, ao tutor; ou, menos comumente, compulsões orais, como a alopecia psicogênica (lambedura excessiva dos pelos) ou alotriofagia (síndrome de ingerir objetos não comestíveis)”, enumera.
Para Karina – e aposto que para muitas pessoas que estão lendo essa matéria agora – os gatos são seres apaixonantes e únicos, que merecem serem vistos como um pet que chegou para ficar nos lares brasileiros. “É importante salientar que o número de veterinários especializados na área vem crescendo exponencialmente nos últimos anos, indicando a real necessidade da espécie ser estudada e atendida de forma direcionada”, observa.
Por serem diferentes em todos os aspectos quando comparado aos cães, Karina afirma que os gatos merecem ser estudados de forma mais aprofundada pelo veterinário que gosta de atender essa espécie. “Isso para que os diagnósticos e tratamentos sejam mais certeiros, visando, dessa forma, uma Medicina Felina de melhor qualidade no País”, conclui.