Cláudia Guimarães, da redação
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Animais musculosos e de uma pelagem única: brilhante, ligeiramente áspera e estruturada. Quem carrega essas características é o Gato Norueguês da Floresta, que possui, como outro atributo marcante, a cabeça em formato triangular, onde todos os lados são igualmente longos, com a testa levemente arredondada.
Quem nos descreve essa raça felina é a zootecnista e estudante de Medicina Veterinária, Danieli Zanoni Cypriano, que, junto com o zootecnista Lucas Cypriano, é proprietária do Gatil Miadore. Ainda sobre a aparência do animal, Danieli adiciona que seus olhos são grandes, ovais, abertos e dispostos levemente oblíquos no rosto. “Devem estar com expressão alerta. E, aqui, é um ponto de muita confusão, pois os olhos não devem ser amendoados, fundos e com semblante ‘triste’. Já o corpo é longo, forte, extremamente musculoso e com ossos sólidos e estruturados”, adiciona.
Cypriano insere que as pernas são fortes e longas, sendo as traseiras maiores que as dianteiras. “Fato de grande importância para a perpetuação da raça ao longo dos séculos. Com essas características, ele consegue saltar muito alto, ser rápido, ágil, preciso e forte durante a caçada. Por ser um exímio caçador e ter uma excelente saúde, fez com que essa raça se mantivesse por séculos no clima hostil da península da Escandinávia”, revela.
Partindo para o temperamento desses felinos, Danieli afirma que o Norueguês da Floresta “derrete os corações” das pessoas. “Ele é muito carinhoso, calmo e companheiro. Adora a companhia de outras pessoas e pets, mas, geralmente, são eles que decidem quanto tempo deve durar uma brincadeira ou um carinho. Geralmente, seleciona um ou dois membros da família para ser seus tutores do coração. Estará sempre perto dos selecionados, seja dormindo, pedindo ou retribuindo carinho, assistindo televisão e observando toda a movimentação dentro de casa. Quando se trata de colo, não há unanimidade, alguns gostam, enquanto outros preferem ficar próximos apenas”, descreve.
Já com estranhos, talvez ele seja reservado no início, de acordo com a zootecnista. “Em um primeiro momento, prefere estudar os convidados de longe ou de perto, cheirando e reconhecendo as pessoas que não fazem parte de sua rotina. A partir do momento que se sente confortável, ele faz questão de manter contato físico mais íntimo, se esfregando nas pernas das visitas ou, até mesmo, subindo no colo. Vale destacar que a interação com estranhos dependerá bastante de como o tutor criará o animal e de como é a rotina da família: se é mais movimentada, barulhenta ou silenciosa”, explica.
O zootecnista Lucas Cypriano menciona que o peso desse gato varia de acordo com a linha de sangue trabalhada. Mas, no geral, as fêmeas podem atingir de 4kg a 9kg e os machos entre 5kg e 10kg. “O nível de energia também pode variar conforme a idade, mas, no geral, é um gato de atividade moderada. Não é um felino que brinca com a água, derruba objetos ou vocaliza e isso é uma característica que eu gosto muito na raça. Até os dois anos de idade, eles gostam bastante de correr e brincar, mas com o avançar da idade, esses momentos de atividades se tornam mais curtos e raros”, declara adicionando que os miados do Norueguês não são frequentes e, quando miam, o som é suave, podendo ser comparado com o som de um arrulho de pombo.
Como é ter esse pet em casa?
Danieli diz que essa raça convive muito bem com outros gatos e cães: “Logicamente, um período de adaptação deve ser respeitado, mas nunca tive problemas de convívio. Eles gostam muito de crianças também, principalmente, bebês. Via de regra, eles gostam de estar bem perto dos pequenos, inclusive dentro do berço com eles. Crianças mais velhas devem ser ensinadas a lidar e respeitar os felinos, assim, terão uma convivência amistosa e pacífica”, indica.
Apesar de todos esses pontos positivos, ao ter um Norueguês da Floresta em casa, o tutor deve estar atento a alguns pontos, como com qualquer outra raça ou espécie animal. De acordo com a zootecnista, eles podem ser acometidos por qualquer doença que acomete os felinos de uma forma geral, no entanto, são muito resistentes a doenças comuns em outras raças como: gripes e doenças fúngicas. “Temos sempre que fornecer boa alimentação, hidratação e ambiente livre de estresse para atingir o bem-estar necessário para uma boa saúde. E, claro, deve-se ir ao veterinário uma vez ao ano ou sempre que identificar algo estranho”, recomenda.
Especificamente na raça, há duas doenças geneticamente identificadas, conforme explicado por Cypriano: “Doença do armazenamento do glicogênio tipo IV (GSD-IV), um problema genético, onde uma enzima essencial necessária para produzir a glicose (energia) é deficiente. Os animais afetados não conseguem utilizar a glicose armazenada nos músculos para produzir energia devido a deficiência de uma enzima. “Os gatos afetados por essa doença, geralmente, nascem mortos ou morrem logo após o parto. Os que sobrevivem ao nascimento, morrem antes dos seis meses de idade de degeneração muscular progressiva. Dentre os sintomas, há severa fraqueza muscular, atrofia, contraturas e incapacidade de utilizar os membros, culminando em morte”, discorre.
Outro problema é a deficiência de piruvato quinase (PK-def): “É uma anemia hemolítica hereditária causada pela atividade insuficiente da enzima – enterócito piruvato quinase, que resulta na instabilidade e perda de células vermelhas sanguíneas. A anemia é intermitente e a idade de ocorrência e sinais clínicos são variáveis. Os sintomas podem incluir letargia, fraqueza, perda de peso e icterícia. Ambas as doenças podem ser evitadas efetuando-se o teste genético dos reprodutores”, explica.
Os proprietários do Gatil Miadore informam que o valor para adquirir um felino desta raça varia bastante de criador para criador. “Nosso valor é R$ 7 mil (não incluso transporte). Entregamos os filhotes com o básico (castrado, com vacinas, vermifugações (externa e interna), microchipado, com exame FIV/FeLV e pedigree)”, cita.
A quem deseja ter esse gato, o principal cuidado, na visão de Danieli, é garantir que ele não tenha acesso à rua. “Sua segurança é o que deve ser prioridade em todos os lares. Os demais cuidados incluem escovações semanais do pelo, corte de unhas, dar atenção, brincar, fornecer boa alimentação, água sempre fresca e visitar o veterinário anualmente”, finaliza.
Confira mais fotos da raça:
(Fotos: Gatil Miadore/Fotógrafa Silvia Pratta)
