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Clínica e Nutrição

Gato quieto é sinal de alerta aos tutores

Os felinos, geralmente, diminuem sua atividade devido à dor, que pode ser causada pela doença articular degenerativa
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Frente à dor, cães e gatos manifestam comportamentos diferentes. Enquanto os cachorros tendem a se movimentar, mesmo que de maneira limitada, os gatos adotam uma abordagem de mínimo esforço, como se raciocinassem “se está doendo, por que me mexer?”. Consequentemente, os felinos reduzem seus deslocamentos, evitam atividades que exijam esforço, como subir em locais altos, e tendem a ficar mais reclusos.

A Doença Articular Degenerativa (DAD), também conhecida como osteoartrite ou popularmente como artrose, é mais comumente associada a animais idosos. No entanto, estatísticas indicam que cerca de 90% dos animais com mais de 12 anos sofrem desse problema, e até mesmo felinos jovens podem ser afetados pela enfermidade.

O médico-veterinário especialista em dor, Rodrigo Mencalha, explica que a artrose é o desgaste das cartilagens nas articulações, que tem como principal sintoma a dor crônica, provocando grande sofrimento. “Nos felinos, as áreas mais atingidas são ombros, joelhos, cotovelos, quadris, a parte posterior das costas e os cotovelos, que equivalem aos calcanhares em humanos”, expõe.

A DAD, segundo ele, é a doença crônica mais prevalente entre os gatos, mas nem todos os tutores conseguem perceber seus sinais, o que atrasa o início do tratamento, e quando o tutor percebe a enfermidade, ela está avançada. “Em contrapartida, um tutor bem-educado a respeito das características de seu pet, comportamento, hábitos e doenças mais comuns é capaz de identificar sinais precoces dessa e de outras enfermidades, e poupar seu companheiro de sofrimento desnecessário. Essa é uma das razões que motivam a minha militância na área de educação em dor”, destaca.

O diagnóstico no gato é uma soma das manifestações clínicas, dos achados no animal e da observação do tutor. “Sem o tutor, não conseguimos chegar ao diagnóstico antecipado”, garante o profissional.

Domesticados, os gatos tendem a trocar massa magra por tecido adiposo e engordam, o que pode trazer complicações, em geral (Foto: reprodução)

Tutores devem estar atentos a essas manifestações:

  • dificuldade ou hesitação para subir ou descer escadas; caminhar por escadas com lentidão;
  • diminuição na atividade de pulos ou não conseguir pular tão alto quanto antes;
  • corpo mais rígido;
  • animal menos ativo e brincalhão;
  • comportamento mais fechado, evitando contato ou maior dependência;
  • redução ou excesso de autolimpeza em uma área dolorida;
  • agressividade quando manipulado ou com outro animal;
  • eliminação inapropriada (não usa a caixa de areia para urina e/ou fezes).

Medidas preventivas

De acordo com Mencalha, a literatura veterinária não apresenta de forma clara o que pode ser feito para evitar ou retardar o surgimento da osteoartrite, porém, ele afirma que é sabido que certos hábitos podem antecipar ou agravar a doença. “Embora não haja estudos que comprovem a relação entre sobrepeso e dor nas articulações dos gatos, é recomendável evitar o ganho de peso”, acrescenta.

Ele ainda menciona que os ancestrais dos gatos, que, hoje, são nossas companhias, estavam na rua, fugindo, escondendo-se, caçando. “Nós os domesticamos e impusemos nosso modo de vida a eles. Temos pouco tempo para dar atenção às necessidades dos pets e, como forma de compensação, nós lhes damos guloseimas. Dessa forma, os animais tendem a trocar massa magra por tecido adiposo e engordam, o que pode trazer complicações, em geral, para a saúde do animal. Além disso, é importante tomar cuidados com traumas, que são fatores de risco”, alerta.

A casa também deve estar adaptada para os gatos: é preciso ter na parede uma série de objetos para eles escalarem, a comida deve estar em um ponto mais difícil para estimular o movimento. 

A dor crônica é tratada com medicamentos e técnicas não medicamentosas (Foto: reprodução)

Tratamento e controle

A dor crônica não tem cura, como comentado pelo veterinário, mas tem controle. “O animal não precisa sentir dor todos os dias, mas ele terá crises ao longo da vida. A dor crônica pode se manifestar de três formas diferentes: dor todos os dias; dor todos os dias, intercaladas com crises de dores mais intensas; dor recorrente, o animal não tem dor todos os dias, mas as crises ainda podem acontecer.

O melhor cenário é o da dor recorrente, na qual o gato pode ficar dias, semanas e até meses sem dor, e a crise, geralmente, acontece por falta de medicação, por exagero nas suas atividades físicas ou ainda em decorrência de dias mais frios”, esclarece.

O profissional acha válido lembrar que a gestão da crise da dor é diferente da gestão da doença. “O tratamento farmacológico serve para o alívio da dor. A dor crônica é tratada com medicamentos e técnicas não medicamentosas. Na terapia farmacológica, são aplicados medicamentos de ação rápida para a fase inicial e, para a gestão das crises, por exemplo, os anti-inflamatórios”, menciona.

Há, também, os medicamentos de ação mais lenta, que são utilizados continuamente e visam controlar os sintomas da doença, como os nutracêuticos e suplementos alimentares, amantadina e gabapentinoides. “Nessa categoria,  encontra-se o anticorpo monoclonal anti-NGF, o frunevetmab (Solensia), que, atualmente, é considerado a primeira escolha no tratamento da osteoartrite felina. Esse medicamento reduz a quantidade de NGF (do inglês Nerve Growth Factor – fator de crescimento neural), o que resulta em alívio da dor”, indica.

O veterinário também frisa que, por mais que seja possível aliviar a dor com medicamentos, o animal precisa de reabilitação física, pois os movimentos disfuncionais adquiridos para se proteger da dor cursam com intensas alterações na sua biomecânica corporal. “Assim, a fisioterapia tem papel relevante para a qualidade de vida dos pets nessa condição”, encerra.

Fonte: Assessoria de imprensa, adaptado pela equipe Cães e Gatos.

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