Desde os três dias de vida, o gato Otávio Augusto, o Tatá, de 10 anos e meio, já era o dobro do tamanho dos irmãos da mesma ninhada. “Resgatei o Tatá ainda dentro da barriga da mãe. A gata era de um vizinho, que se mudou e a abandonou grávida, com dois filhotes da primeira ninhada. Recolhi os gatos e o Tatá acabou nascendo dentro da minha casa. Desde filhote já era gordinho”, contou a médica e tradutora Eliseanne Nopper, tutora dos felinos.
Segundo ela, conforme o tempo foi passando, Tatá foi se tornando um gato obeso. Chegou a pesar 13kg. “Fizemos várias dietas, com acompanhamento de um veterinário endocrinologista, mas a única coisa que conseguimos foi uma lipidose (doença que acomete o fígado dos felinos e é caracterizada pelo acúmulo de gordura), que quase matou meu gato”, lembrou.
O problema se agravou há três anos, quando Tatá perdeu uma irmã para uma doença renal. “Ele era grudado nela. Ficou com um nível muito alto de cortisol pelo estresse e começou a desenvolver diabetes. A ninhada toda teve problemas renais. Só o Tatá é que tinha os rins mais preservados, mas, em compensação…”, lamentou a tutora, considerando a condição de saúde do bichano.
A primeira vez que o animal foi submetido ao tratamento com insulina, teve uma resposta positiva, ficando bem por um bom tempo, mas, um ano depois, sua outra irmã faleceu e o diabetes descompensou novamente. A partir daí, sua saúde foi só piorando e outros problemas foram aparecendo. O pet chegou a tomar 20 unidades de insulina por dia. Devido ao excesso de peso, Tatá sofria, também, com dores na coluna e, pelo fato de o diabetes continuar se mantendo, passou a desenvolver uma neuropatia. “Foi quando ele começou a andar com uma pata caída. Não conseguia mais correr, subir nos móveis e não brincava mais. Cheguei até a fazer uma rampa para ele subir no sofá”, disse Eliseanne. Acupuntura e analgésicos conseguiam aliviar um pouco as dores, mas o sofrimento de Tatá e também da tutora só aumentavam.
Sua salvação foi a terapia com células-tronco. A médica-veterinária Marina Alvarenga, especialista em cultivo e terapia celular, afirma que o caso de Tatá é um excelente exemplo de como as células-tronco podem melhorar a qualidade de vida dos animais e auxiliar na diminuição de medicações em casos de doenças crônicas. “É importante entender que, em muitas doenças, principalmente as crônicas, não podemos promover a cura, mas as células-tronco desempenham um papel importante na melhora do estado geral do animal e na regulação das doses de medicamentos, como a insulina, no caso do Tatá, melhorando, assim, a resposta ao tratamento terapêutico”, informa.
Segundo a tutora do animal, nas três primeiras aplicações de células-tronco, o diabetes melhorou muito, embora Tatá continuasse tendo dores na coluna e dificuldade de locomoção. “Pelo menos, conseguimos diminuir as doses de insulina. Depois da quinta aplicação, se recuperou absurdamente. Começou a ficar mais ativo, a andar melhor e o diabetes foi melhorando cada vez mais”, lembra.
De quatro meses pra cá, Tatá voltou a levantar a pata para andar, a subir nos móveis sem auxílio da rampa e já perdeu 3kg. Embora ainda esteja gordo, Tatá é praticamente um gato normal. “A cada visita mensal ao veterinário, percebemos que ele perde peso. Já está até correndo atrás dos irmãos”, compartilha a tutora.
Otávio Augusto continua com o tratamento com células-tronco e as doses de insulina já foram reduzidas em 60%. “Parece até um milagre, mas é a ciência”, concluiu Eliseanne.
Terapia alternativa. As células-tronco estromais multipotentes, também chamadas de células-tronco mesenquimais (CTM), são células encontradas em todos os tecidos adultos. Na Medicina Veterinária, as principais fontes para obtenção das CTM são o tecido adiposo e a medula óssea. O efeito terapêutico das CTM já é bem descrito em diversos estudos científicos, tanto na Veterinária como na Medicina de humanos e se baseia em três princípios de ação: reposição tecidual pela diferenciação celular, imunomodulação e efeito anti-inflamatório e secreção de moléculas bioativas que promovem a regeneração.
São aplicadas por via endovenosa ou no local da lesão. Geralmente, são realizadas de uma a três aplicações, com intervalos regulares e acompanhamento contínuo. No entanto, tudo depende do caso e da melhora do pet. Em um paciente idoso e em doenças crônicas, por exemplo, a quantidade de aplicação é maior.
A terapia é indicada para várias doenças, como diabetes, cinomose, displasia coxofemoral, insuficiência renal crônica, aplasia de medula, lesões na coluna e até mesmo para problemas oftalmológicos.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.