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Clínica e Nutrição

GATOS ESTÃO SUSCEPTÍVEIS A DOENÇAS INFECCIOSAS POUCO EXPLORADAS

Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Assim como qualquer espécie, os gatos estão propensos a serem acometidos por algumas enfermidades e é o caso das doenças infecciosas, causadas por agentes como vírus, bactérias e fungos. Em felinos é possível destacar algumas doenças virais muito frequentes como a peritonite infecciosa felina (PIF), as retroviroses (FIV e FeLV) e as infecções do trato respiratório anterior, como a rinotraqueíte e a calicivirose. Dentre as infecções bacterianas, destacam-se a micoplasmose, a bartonelose (doença da arranhadura do gato) e os abscessos. Já entre as infecções fúngicas estão a criptococose e a esporotricose.

“O que precisamos saber” sobre essas afecções foi tema de palestra apresentada pelo médico-veterinário, especialista em felinos, das Clínicas VETmasters e VESP Especialidades (São Paulo/SP), Carlos Alberto Geraldo Junior, no 14º Conpavepa, no dia 14 de setembro, em São Paulo (SP).

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A imunodeficiência felina (FIV) é uma doença mais comum em machos não castrados que têm acesso à rua (Foto: reprodução)

O profissional conta que, atualmente, no Brasil, ainda é relativamente elevado o número de gatos infectados pelos retrovírus FIV e FeLV, mas essa ocorrência é variável conforme a região do País e, principalmente, mediante à forma de criação dos felinos. “A imunodeficiência felina (FIV) é uma doença mais comum em machos não castrados que têm acesso à rua, pois a forma mais frequente de infecção se dá por meio da mordedura durante brigas. Em contrapartida, a ocorrência da leucemia viral felina (FeLV) é maior em gatos sociáveis e que vivem em colônias, pois a transmissão se dá por contato direto e por meio da lambedura entre os animais”, explica. Segundo ele, o fato de hoje em dia existir mais gatos criados totalmente indoor faz com que haja menos animais infectados por essas retroviroses, especialmente nos grandes centros urbanos.

O profissional frisa que é preciso levar em conta que existem dois tipos de infecção: a abortiva e a regressiva. “A abortiva é aquela onde o gato, após contato com o vírus da FeLV, elimina totalmente o vírus sem mesmo desenvolver viremia (presença de partículas virais na circulação). Esse animal nunca apresentará sinais de doença e não é possível diagnóstico. Já a regressiva é aquela onde o felino sofre a infecção pelo FeLV e o vírus permanece na circulação (viremia) por algumas semanas. Após esse período, o vírus deixa de se replicar na circulação, ou seja, o gato passa a ser assintomático, porém ainda é possível detectar material genético do FeLV em células na medula óssea”, discorre.

Infelizmente, como comenta Geraldo Junior, existem poucas opções terapêuticas específicas disponíveis para felinos infectados pelos retrovírus, já que os medicamentos antirretrovirais não são disponibilizados para uso veterinário e existe um número reduzido de estudos sobre a aplicação e eficácia das medicações imunoestimulantes nesses casos. “Na prática, acabamos direcionando o tratamento para as possíveis síndromes que os gatos infectados venham a desenvolver, como neoplasias (linfoma), anemia grave não regenerativa, infecções oportunistas, gengivoestomatite crônica, alterações neurológicas, entre outras”, expõe.

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Profissional diz que existem poucas opções terapêuticas específicas disponíveis para felinos infectados pelos retrovírus (Foto: C&G VF)

Os felinos, como citado anteriormente, também estão susceptíveis à peritonite infecciosa felina. Trata-se de uma doença causada por um coronavírus, comum em animais que vivem em abrigos ou colônias e fatal em 100% dos gatos doentes, como explica o especialista. “Vale lembrar que muitos animais têm contato com esse coronavírus e nunca desenvolvem a PIF, porém, é possível detectar anticorpos contra esse agente em testes sorológicos de animais saudáveis. Portanto, não há um teste único e específico para o diagnóstico, devendo o clínico estar preparado para determinar esse resultado por meio das manifestações clínicas e achados laboratoriais compatíveis”, orienta e afirma que não há tratamento específico para PIF e as medicações mais indicadas tem eficácia bastante reduzida. 

O profissional conta que existem, no mercado, medicamentos antivirais, aqueles empregados com o intuito de reduzir ou inibir a replicação dos vírus, consequentemente minimizando a gravidade dos sintomas e facilitando a recuperação dos animais. “Atualmente, há algumas medicações antivirais disponíveis para uso em algumas doenças, como o aciclovir ou o famciclovir, nas infecções pelo herpesvírus. Infelizmente, as pesquisas para avaliação da eficácia dos antivirais na medicina felina ainda são bastante escassas, além de existir uma restrição para a prescrição dos antirretrovirais na Medicina Veterinária”, menciona.

Considerando essa realidade, o médico-veterinário afirma que a prevenção deve ser realizada com base em algumas medidas básicas. As principais delas são: evitar superpopulação de animais, de forma a conseguir um manejo higiênico-sanitário adequado e, consequentemente, minimizar a propagação e disseminação dos agentes virais e manter os gatos em instalações adequadas com boa ventilação e iluminação. “Além disso, é aconselhável separar gatos doentes de saudáveis, evitar que tenham acesso à rua, principalmente de forma irrestrita, e deixar em dia a vacinação de filhotes e adultos”, insere.