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Pets e Curiosidades

Gatos que falam: Tutora ensina felinos a utilizarem botões para se comunicar

Marshall aprendeu a pedir comida, carinho e até para assistir televisão
Por Natalia Ponse
Por Natalia Ponse

Quem nunca sonhou em poder conversar com seus pets, entender exatamente o que eles pensam ou desejam? Essa fantasia de muitos tutores, de desvendar o universo misterioso dos nossos amigos de quatro patas, pode parecer coisa de filme, mas, para Rosiméri Gerlach, tornou-se uma realidade impressionante.

Utilizando botões que emitem mensagens pré-gravadas, ela conseguiu ensinar seus gatos, especialmente Marshall, a se comunicarem de maneira clara e precisa, transformando miados confusos em pedidos específicos por comida, carinho, passeios e muito mais. A proprietária de uma agência de marketing digital conseguiu, com um método engenhoso, transformar a comunicação com seus felinos em um diálogo claro e eficiente. Ela mostra o resultado desse experimento de sucesso no perfil @trigatos, no Instagram.

“Antes de começar a usar os botões com o Marshall, ele sempre foi um gato muito expressivo e vocal”, revela Rosiméri e acrescenta: “Mas, com sua energia explosiva, a comunicação vocal se tornava confusa quando ele estava agitado”.

Marshall, sempre ágil e esperto, frequentemente se frustrava quando seus miados não eram entendidos, levando-o a comportamentos indesejados, como morder cabos de carregador para chamar atenção. “A grande vantagem dos botões foi a clareza na comunicação. Agora, entendo melhor o que ele quer, evitando confundir seus miados com fome”, pontua.

A solução, então, foi ensinar Marshall a utilizar botões específicos para pedidos, substituindo comportamentos destrutivos por uma forma mais organizada de comunicação. “Redirecionamos comportamentos negativos para algo mais construtivo, como apertar botões, o que foi uma grande melhoria”, afirma.

Um dos maiores desafios foi transmitir o conceito de “não” para Marshall. Além disso, Rosiméri criou os botões “agora” e “depois” para ajudar o gato a entender quando algo não aconteceria imediatamente. “Embora ele não compreenda conceitos abstratos como ‘agora’ e ‘depois’, a associação com os botões ajudou a reduzir suas frustrações”, conta.

Respeitando as individualidades de cada gatinho

A abordagem personalizada foi essencial para o sucesso do método. Mas, enquanto Marshall mostrou interesse imediato pelos botões, Ted perdeu o entusiasmo e Lily nunca demonstrou interesse. “Cada gato tem seu próprio ritmo e motivação. Forçar o aprendizado não funciona”, destaca Rosiméri, explicando: “Lily, por exemplo, não é motivada por comida, então um botão de comida para ela seria inútil.”

Atualmente, Marshall utiliza nove botões, como “passear”, “comer”, “brincar”, “cobertinha”, “agora”, “depois”, “mamãe” e “papai”. “Os botões melhoraram a vida dele e a nossa, provando que os gatos são racionais e capazes de tomar decisões”, observa Rosiméri e complementa: “Isso quebra o mito de que gatos não podem aprender e destaca a importância de respeitar suas individualidades”.

A tutora conta que deve continuar a adicionar novos botões conforme surgem novas necessidades de comunicação para Marshall. “Cada novo botão é uma resposta a uma nova necessidade, garantindo que a comunicação continue relevante e útil no dia a dia”, conclui.

Com esses botões, a comunicação com Marshall se tornou muito mais eficaz, permitindo uma convivência mais harmoniosa e desmistificando a ideia de que felinos não são capazes de aprender e se expressar. A experiência de Rosiméri ilustra que, com paciência e respeito às particularidades de cada gato, é possível desenvolver métodos de comunicação eficientes, melhorando significativamente a qualidade de vida dos felinos e de seus tutores.

Palavra da especialista: é possível se comunicar (com ou sem botões!)

Elidia Zotelli, coordenadora do Serviço de Neurologia PetCare, explica que entender a comunicação dos gatos pode ser desafiador, mas com o tempo, os tutores aprendem a se comunicar com seus pets. “Os felinos utilizam variados tipos de comunicação, como vocais, linguagem corporal e comunicação olfativa”, detalha.

Os meios vocais incluem miados, uivos, rosnados, grunhidos, ronronados, trinados e sibilos. Já a linguagem corporal abrange expressões faciais, contato visual, posição de cauda, posição de orelhas, piscadelas, postura e contato corporal. “A sinalização através do olfato é vital para permitir que um gato identifique seu território e outros indivíduos amigáveis, além de indicar receptividade sexual”, acrescenta Elidia.

Ela destaca que olhar diretamente para um gato pode ser interpretado como desafiador ou agressivo, o que pode ser uma das razões pelas quais os gatos frequentemente escolhem pessoas que são relativamente desinteressadas por eles. “Os sinais visuais são importantes para comunicar o humor e as intenções. Posturas corporais, expressões, tamanho das pupilas e a capacidade de erguer pelos estão envolvidos na sinalização visual”, explica.

A serious cat with a fluffy tail at home
Geralmente, a posição “cauda para cima” sinaliza uma intenção amigável quando o gato se aproxima de outro gato, animal ou humano (Foto: reprodução)

A posição da cauda é um dos meios de comunicação visual mais caracterizados. “Geralmente, a posição ‘cauda para cima’ sinaliza uma intenção amigável quando o gato se aproxima de outro gato, animal ou humano. As orelhas ficam em pé e os bigodes relaxados”, diz Elidia. Outras posições e movimentos da cauda comunicam diferentes estados de espírito. “Uma cauda estendida, movendo-se lentamente de um lado para o outro, pode indicar agressão, enquanto a cauda enfiada entre as patas traseiras geralmente sinaliza nervosismo e submissão”, completa.

A comunicação por botões de áudio pode beneficiar a relação entre gatos e seus tutores, segundo Elidia. “Todo treinamento entre o pet e seu tutor aumenta os laços e auxilia no entendimento do tutor em relação à forma de comunicação da espécie. Ainda não sabemos muito sobre algumas respostas dos gatos aos botões, mas no mínimo, é divertido a interação entre as espécies”, afirma.

A pesquisa sobre a comunicação felina com botões ainda está em fase inicial, mas os resultados têm sido promissores. “Os gatos que foram treinados para usar botões demonstraram habilidades de comunicação notáveis, indicando que são capazes de usar esta forma de comunicação de uma maneira significativa”, relata Elidia.

Um estudo descobriu que uma gata chamada Nala era capaz de usar botões para se comunicar com seu dono de diversas maneiras, pedindo comida, água e até para sair. “Ela também foi capaz de expressar suas emoções, como quando se sentia feliz ou triste. Este estudo e outros semelhantes mostraram que os gatos são capazes de usar botões para se comunicar de forma semelhante aos humanos”, comenta.

A personalidade e a idade de um gato podem influenciar sua capacidade de aprender a se comunicar com botões de áudio. “Todo pet pode ser treinado. Cabe ao especialista em comportamento e treinamento avaliar a melhor técnica para aquele pet, sempre com reforço positivo”, aconselha Elidia.

Ela conclui ressaltando os benefícios de se estabelecer uma comunicação mais clara com os gatos. “A capacidade de se comunicar com seu gato pode ter um impacto significativo em seu relacionamento. Compreendendo seus desejos e necessidades, você poderá atender melhor a eles e criar um vínculo mais forte. Além disso, ensinar seu gato a se comunicar por meio de botões pode ajudar a reduzir os níveis de estresse e melhorar o bem-estar geral”, finaliza.

Se você está pensando em introduzir treinamento ao seu gatinho, Elidia recomenda procurar ajuda especializada para fornecer a melhor experiência dessa interação.

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