No entanto, veterinária afirma que, até o momento, não há motivo para preocupação
Cláudia Guimarães, em casa
claudia@ciasullieditores.com.br
Em meio à pandemia do novo coronavírus que causa o Covid-19, diversas informações surgem: algumas verdadeiras, outras falsas: as famosas fake news. Mas, como fonte segura de informação sobre assuntos que englobam a Medicina Veterinária, a C&G VF quer te informar, sanando todas as dúvidas, sobre a nova notícia que tem rondado o mundo: dois gatos, um em Hong Kong, outro na Bélgica, foram possivelmente acometidos pelo Covid-19.
Sobre esse novo dado, a equipe da C&G VF conversou novamente com a co-presidente do Comitê Científico e membro do Grupo de Diretrizes de Vacinação, da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA), Mary Marcondes, que está fortemente envolvida em pesquisas e debates sobre o tema. Ela afirma que o que se sabe até o momento é que a técnica que foi utilizada para identificar a presença do vírus nos dois animais (PCR), não diferencia fragmentos virais (vírus mortos) de vírus vivos. “Apesar de o gato da Bélgica ter apresentado vômito e diarreia, não existe evidências de que isso possa ter sido em decorrência de Covid-19. O gato não chegou a ser examinado por nenhum veterinário, apenas encaminharam materiais de vômito e fezes para pesquisa de vírus e o resultado foi de positivo”, argumenta.
Carga viral utilizada quando se faz uma inoculação emlaboratório é maior do que a que um gato estará expostonormalmente (Foto: reprodução)
Segundo ela, é importante salientar que o gato se recuperou dos sintomas em pouco tempo, sugerindo que não houve relação com a doença e os sintomas podem ter sido decorrentes de qualquer outra enfermidade. “Não foram identificados vírus vivos em nenhum dos dois animais e ambos pertenciam a tutores com Covid-19, o que pode indicar apenas uma contaminação por estarem no mesmo ambiente”, explica.
Já o gato de Hong Kong encontra-se em quarentena, conforme destaca a profissional, e não apresenta nenhum sintoma da doença. Quando o tutor deste animal foi confirmado com a doença, o gato foi enviado para quarentena na instalação de criação de animais no porto de Hong Kong. O Departamento coletou amostras do gato par a testes e as cavidades orais, nasais e retais foram positivas com o vírus Covid-19, mas, como disse Mary, não demonstrou sinais da doença. “No momento, não existe motivo para preocupação e nenhuma evidência de que existam gatos doentes com Covid-19 e nem que os felinos possam se infectar e transmitir a doença. Sabemos, desde a época da SARS, que, em gatos, pode haver a replicação dos SARS Coronavírus, o que não significa que esses animais desenvolvam a doença e nem que possam transmiti-la”, reforça.
Mary ainda complementa dizendo que, quando gatos foram experimentalmente inoculados com o vírus eles desenvolveram infecção: “Mas é importante saber que a carga viral utilizada quando se faz uma inoculação em laboratório é, provavelmente, muito maior do que aquela a que um gato estará exposto em uma situação real. Portanto, até o momento não existe motivo para alarme e preocupação”, conclui.