Observação e exames periódicos são meios de se obter o diagnóstico precoce
Gabriela Salazar, da redação
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As células anormais se propagam, dividem-se e destroem o tecido do corpo. Aos poucos, a imunidade deixa de ser a mesma. O tratamento severo deixa marcas profundas. A luta dos pacientes contra o câncer ganha voz em diversas campanhas de combate à doença, como o #OutubroRosa. Nesta batalha, a principal arma é a prevenção.
Mas e quando a identificação de algo incomum depende da atenção do outro? O câncer de mama é considerado três vezes mais recorrente em cadelas do que em humanos, segundo a médica-veterinária e especialista em oncologia, Daiane Duarte. A incidência também é alarmante. “Estima-se o surgimento de um milhão de novos casos no mundo, a cada ano, proporcionando alto risco de óbitos”, afirma a profissional.
A médica-veterinária também ressalta que os tumores de glândulas mamárias são mais frequentes nas cadelas. “Aproximadamente 80% desses tumores são malignos e com alto potencial metastático”, diz Daiane. De acordo com os dados do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, Brasília/DF), o câncer de mama já corresponde a 52% dos casos da doença em cadelas e de 17% nas gatas.
Atentar-se aos fatores de risco é determinante para o acompanhamento do pet e garantia de um diagnóstico precoce. A idade é um dos principais pontos que podem ser observados e Daiane ressalta que, entre os felinos, a doença tem maior probabilidade de ocorrer entre os 10 e 12 anos de vida. Já nos cães, de 7 a 12 anos. Em suma, são os animais considerados idosos, mas a idade pode variar de acordo com a sua espécie e raça.

Eficácia do tratamento é, consideravelmente, elevada quandohá o diagnóstico precoce da doença (Foto: reprodução)
Apesar do número de casos ser superior em fêmeas, a doença também pode acometer os machos, chegando a 1% dos casos de câncer no animal. A especialista também ressalta que a evidência da etiologia hormonal tem sido crescente na ocorrência do câncer.
“O índice de risco varia entre cadelas e gatas castradas e não castradas e depende ainda da fase em que a intervenção cirúrgica é efetuada. Outros fatores de risco também existentes são: exposição à poluição, ao sol, obesidade, predisposição racial e genética”, aponta Duarte.
A médica-veterinária, Juliana Didiano, da clínica Spet (Cobasi), também salienta como fator de risco o uso de progestágenos, mais conhecidos como anticoncepcionais, e o tipo de dieta.
Cuidados. Além da contenção dos fatores de risco, como a castração, é importante que o tutor esteja atento às características apresentadas pelo animal. Segundo Daiane, o volume das mamas é uma das observações que precisam ser feitas.
“Seja em uma mama ou em todas, independente da cadeia mamária, produção de leite, ou secreção enegrecida, lambedura local e dor ao toque, principalmente se o animal não for esterilizado”, salienta a profissional.
Um alerta feito por Juliana é em relação ao acompanhamento veterinário. Para a médica-veterinária, é de suma importância que o tutor, além de tomar os devidos cuidados, passe o pet por avaliação profissional, para que seja possível o diagnóstico precoce, ponto crucial para um tratamento eficaz.
Daiane ainda reforça que, geralmente, os proprietários demoram para identificar os problemas em seus pets, mas que isso varia de acordo com a localidade. “Os tutores que são providos de uma condição financeira melhor acabam tendo mais recursos e levam a paciente mais precocemente ao veterinário. Isso influencia muito na questão do prognóstico e tratamento da neoplasia. Infelizmente, a maioria dos casos ainda chega em estágios avançados, tumores grandes e já apresentando metástases”, afirma.

Mesmo com menor incidência, doença tambémacomete os machos (Foto: reprodução)
Diagnóstico. O acompanhamento em casa, é semelhante ao do ser humano: o toque. Além de observar um possível crescimento das mamas, como salientado pela especialista, o tato das mamas facilita a identificação de possíveis nódulos. A profissional salienta que é imprescindível que o acompanhamento seja feito tanto nas fêmeas, quanto nos machos.
“O ideal seria realizar palpação sempre que possível e, ao notar alguma mudança do aspecto, tamanho e forma das mamas, levar até o veterinário para a avaliação especializada”, explica Daiane.
Já no âmbito profissional, a especialista comenta que o diagnóstico é realizado por meio de uma avaliação clínica do paciente, exame físico, palpação das mamas, avaliação dos linfonodos regionais e exames laboratoriais, como hemograma e bioquímica clínica.
Para a realização adequada dos exames, a profissional aponta que o estadiamento é sempre importante. “Nele podemos incluir radiografias torácicas e de abdômen e ultrassonografia abdominal”, afirma.
A realização do exame citológico também é fundamental, já que, por esse procedimento, pode-se excluir diagnósticos diferenciais como mastite, lipoma, entre outras neoplasias. “O diagnóstico definitivo é obtido por meio da avaliação histopatológica, onde é avaliado o tipo histológico do tumor, o pleomorfismo celular, índice mitótico, presença de necrose, grau de malignidade e invasão vascular e linfática”, completa a especialista.
Tratamento. Após o diagnóstico, o animal passará pela remoção cirúrgica da cadeia mamária, a mastectomia, podendo, segundo Daiane, ser unilateral ou bilateral, dependendo do acometimento, estadiamento, tipo do tumor e o grau.
“Em alguns casos, é necessária a utilização de quimioterapia adjuvante, após a cirurgia, se a neoplasia apresentar grau mais elevado. A quimioterapia neoadjuvante também pode ser utilizada nos casos de tumores grandes e inoperáveis, para a tentativa de citorredução e qualidade de vida”, salienta a profissional.
Os pets têm sintomáticas diferentes dos humanos na quimioterapia, dificilmente passando pela queda da pelagem. Entretanto, os efeitos vão variar de acordo com a raça e a droga utilizada. Além disso, profissionais apontam que são raros os casos de algum mal-estar considerável.
A equipe da C&G VF também entrou no clima da campanha de conscientização sobre o câncer de mama:
