A incontinência urinária é a perda involuntária de urina durante a fase de enchimento ou armazenamento da bexiga urinária. Essa condição pode ser causada por fatores neurogênicos ou não neurogênicos, mas, em qualquer caso, o que ocorre é que a pressão dentro da bexiga ultrapassa a resistência da uretra, o que faz com que a urina seja excretada involuntariamente para o exterior.
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Incompetência do mecanismo do esfíncter uretral (USMI)
Essa é a causa mais comum de incontinência em cadelas castradas. A redução dos níveis de estrogênio após a castração afeta negativamente a função do esfíncter uretral, o que pode desencadear um problema de incontinência, especialmente durante o descanso. Alguns estudos sugerem que cadelas de grande porte têm maior risco de desenvolver incompetência do mecanismo do esfíncter uretral (USMI) e, além disso, existem certas raças (como boxer, dobermann, setter irlandês ou schnauzer gigante) que são especialmente suscetíveis.
Tratamento
Cerca de 90% das cadelas com incompetência do mecanismo do esfíncter uretral respondem bem à terapia com agonistas alfa-adrenérgicos (como a fenilpropanolamina), que ajudam a aumentar o tônus do esfíncter uretral interno. Esses medicamentos podem ser usados isoladamente ou em combinação com outros tratamentos farmacológicos (como estriol, efedrina ou acetato de deslorelina).
Se o tratamento médico não for eficaz, pode-se recorrer à cirurgia, utilizando diversas técnicas (algumas minimamente invasivas), como a injeção de colágeno intrauretral, a colocação de esfíncteres hidráulicos, a colposuspensão ou a instalação de uma fita vaginal transobturadora.
Fístula urovaginal
Uma fístula urovaginal é uma comunicação anormal entre o trato urinário (seja a bexiga ou a uretra) e a vagina, permitindo o fluxo involuntário de urina para o canal vaginal. Essas fístulas podem ocorrer como uma complicação da castração e surgem imediatamente após a cirurgia devido a aderências entre o vestíbulo vaginal e o ureter.
Tratamento
Nesses casos, é comum haver incontinência urinária pós-castração que não responde à terapia médica convencional. O tratamento consiste na correção cirúrgica da fístula.
Fístula uretrorretal
Consiste em uma comunicação anormal entre a uretra (parte do sistema urinário) e o reto (parte do sistema digestivo). Pode ser um problema congênito (devido a alterações no desenvolvimento embrionário) ou adquirido (causado por traumas na região pélvica, lesões decorrentes de cirurgias na região pélvica ou sondagens uretrais recorrentes que lesionam a uretra).
Tratamento
Nesses casos, geralmente ocorre incontinência urinária recorrente, com excreção de urina pelo ânus. Para resolver o problema, é necessário realizar o fechamento cirúrgico da fístula, utilizando técnicas reconstrutivas (como enxertos de tecido) quando necessário.
Instabilidade do músculo detrusor
O músculo detrusor é o músculo liso que compõe uma das camadas da bexiga. Durante o enchimento da bexiga com urina, o músculo detrusor permanece relaxado para permitir que as paredes da bexiga se distendam e a urina seja armazenada. Durante a micção, o músculo detrusor se contrai para permitir a excreção da urina.
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Quando o músculo detrusor apresenta uma alteração funcional (instabilidade do detrusor), ocorrem pequenos espasmos na bexiga durante a fase de armazenamento, fazendo com que parte da urina seja excretada involuntariamente.
Tratamento
Para tratar esse problema, é necessário tentar controlar a causa primária. Quando isso não for possível, podem ser utilizados sedativos leves e substâncias anticolinérgicas que atuam como relaxantes da musculatura lisa (como maleato de acepromazina, flavoxato ou oxibutinina).
Atonia primária do músculo detrusor
Quando ocorre uma sobredistensão da bexiga, as junções que mantêm unidas as fibras musculares podem romper-se, resultando em contrações fracas, descoordenadas ou ausentes do músculo detrusor da bexiga. Sem a contração adequada do músculo detrusor, a urina se acumula na bexiga até que a pressão interna ultrapasse a resistência da uretra, causando a incontinência.
Tratamento
Nesses casos de incontinência em cadelas castradas, o tratamento consiste em realizar uma cateterização permanente durante 1-2 semanas para permitir o esvaziamento da bexiga e a regeneração das junções do músculo liso. Se o dano muscular não for total e ainda houver contrações parciais, pode ser útil administrar um tratamento com parassimpaticomiméticos (como betanecol) para estimular as contrações vesicais.
Causas neurogênicas
Até agora, abordamos uma série de causas não-neurogênicas que podem causar incontinência urinária em cadelas castradas. No entanto, também existem causas neurogênicas que podem desencadear essa condição, como lesões de neurônio motor superior e lesões de neurônio motor inferior.
A etiologia desses distúrbios é bastante variada, incluindo hérnias de disco, embolias fibrocartilaginosas, traumatismos vertebrais, neoplasias espinhais, entre outros. O tratamento dependerá da causa específica da incontinência e pode incluir cirurgias para eliminar a causa primária, esvaziamento da bexiga três vezes ao dia, uso de bloqueadores alfa-adrenérgicos em casos de hipertonia do esfíncter uretral, anticolinérgicos em casos de hiperreflexia do músculo detrusor, entre outros. Como se pode perceber, a consulta ao veterinário é indispensável.
Os motivos podem ser diversos, assim como o tratamento correto, por isso é importante uma consulta com um médico-veterinário, que irá analisar, examinar, diagnosticas e indicar o melhor tratamento para seu pet.
Fonte: Perito Animal, adaptado pela Equipe Cães e Gatos.
FAQ
O que é a incontinência urinária?
A incontinência urinária é a perda involuntária de urina durante a fase de enchimento ou armazenamento da bexiga urinária.
O que causa essa condição?
Essa condição pode ser causada por fatores neurogênicos ou não neurogênicos, mas, em qualquer caso, o que ocorre é que a pressão dentro da bexiga ultrapassa a resistência da uretra, o que faz com que a urina seja excretada involuntariamente para o exterior.
O tratamento é apenas cirurgico?
Não, alguns casos podem ser tratados com medicamentos, mas cada caso deve ser analisado por um médico-veterinário.
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