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Destaques, Inovação e Mercado

Inteligência artificial é concorrente desleal para os médicos-veterinários?

Profissionais comentam uso da tecnologia na Medicina Veterinária e indicam até quando ela pode ser utilizada com sucesso
Por Cláudia Guimarães
Por Cláudia Guimarães
Veterinária acredita que a IA vem ganhando impulso devido à melhoria e redução de custos ligados à parte computacional (Foto: reprodução)

O mundo está vivenciando uma revolução tecnológica sem precedentes, já que, até então, tudo isso não passava de pensamentos utópicos e se resumia à frase “Isso é tão Black Mirror” (série de ficção científica que mostra situações consideradas futurísticas, mas em um mundo atual, relacionadas às telas e à tecnologia). Estamos falando da inteligência artificial (IA), que vem sendo utilizada, também, na Medicina Veterinária como um papel de destaque no diagnóstico, tratamento e cuidados com a saúde e bem-estar animal.

Conforme observa a médica-veterinária, mestranda do Laboratório de Bioinformática e Melhoramento Animal (BIOMA tech), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), Paula de Freitas Curti, a IA é utilizada em diversas áreas e, em sua visão, não se trata de um processo novo, porém, vem ganhando impulso devido à melhoria e redução de custos ligados à parte computacional.

A veterinária declara que é nítido que tais ferramentas estão crescendo em popularidade e precisão e mostram-se como ótimos instrumentos para otimização de processos e tomada de decisão.

“A integração da IA com a Medicina Veterinária pode ser benéfica para abordar diversos aspectos, como saúde animal, com a detecção precoce de sinais de doenças, por exemplo. Tudo isso considerando que tais ferramentas são elaboradas a partir de uma grande base de dados e modelos estatísticos, em última instância, permitem a redução de subjetividade nas avaliações e tomada de decisões baseadas em métricas quantitativas”, pontua.

Docente defende que o envolvimento do veterinário é indispensável na construção de um modelo de IA robusto destinado para o uso em animais (Foto: reprodução)

Competitividade desleal?

Um dos pontos levantados em conversas cotidianas sobre o tema é “Será que a IA poderá substituir ou competir com os seres humanos dentro das profissões?”. Sobre isso, na Medicina Veterinária, o professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP), da FMVZ-USP. e responsável pelo Laboratório de Bioinformática e Melhoramento Animal (BIOMA tech) da mesma instituição, Ricardo Vieira Ventura, acredita que não e cita três pontos importantes a serem ressaltados neste tópico:

  1. O envolvimento do médico-veterinário é indispensável na construção de um modelo de IA robusto destinado para o uso em animais. “O velho ditado ‘biologia não é matemática’ se aplica muito bem nesse contexto, no sentido de que, embora um sistema possa identificar e generalizar muitas informações, existem situações que somente aqueles que têm experiência e convívio com os animais, podem incorporar tal experiência ao modelo, tornando-o mais robusto e abrangente. Sendo assim, ao invés de substituir o papel dos médicos-veterinários, a IA traz consigo novas oportunidades de atuação para esses profissionais”, observa.
  2. Ao seu ver, a IA é uma ferramenta adicional que permite o direcionamento da tomada de decisões, porém, a ação propriamente dita não dispensa a atuação do médico-veterinário.
  3. Ainda na visão do docente, a interpretação dos dados obtidos pela ferramenta de IA pode ser utilizada pelo veterinário para agregar valor ao seu trabalho, propondo novas estratégias personalizadas, além de planos de ação diferentes para cada paciente/cliente, que possam ser customizados de acordo com a necessidade, demanda, e viabilidade econômica de cada cenário.

“Sendo assim, é imperativo que os veterinários estejam prontos para explorar novas áreas e oportunidades, que surgiram como consequência do uso desta tecnologia em outras áreas de atuação ou impulsionada pela chance de aproveitamento dessas novas ferramentas na agregação de valor à sua prática profissional”, analisa.

A edição de novembro da CG traz uma reportagem mais aprofundada sobre o tema. Nela, mostramos exemplos de aplicativos e métodos de diagnóstico voltados a animais de companhia, que foram desenvolvidos com auxílio da IA.

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