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Clínica e Nutrição

LASER SE MOSTRA COMO GRANDE ALIADO DA ODONTOLOGIA VETERINÁRIA

LASER SE MOSTRA COMO GRANDE ALIADO DA ODONTOLOGIA VETERINÁRIA Profissional comenta as funcionalidades do dispositivo aplicadas em pets
Por Equipe Cães&Gatos
Por Equipe Cães&Gatos

Profissional comenta as funcionalidades do dispositivo aplicadas em pets

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Utilizado em cirurgias, leitores de código de barras, impressoras, equipamentos, pesquisa científica e em muitos outros objetos e atividades, o laser vem sendo empregado com grande maestria também na Medicina Veterinária.

O significado da palavra ‘Laser’ é, em inglês, ‘Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation’, que corresponde, para nós, ‘Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação’. Quem elucidou sobre o termo foi o médico-veterinário que atua em odontologia veterinária, Leonel Rocha, durante a Semana Acadêmica Veterinária (Sacavet), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP, São Paulo/SP), no dia 11 de abril.

Na palestra “Uso de laser na odontologia veterinária”, o profissional explicou que existem dois tipos de laser mais utilizados: o de alta potência e o de baixa, chamado de laser de CO2. O laser de alta potência é cirúrgico e mais caro, além disso, possui 100 vezes, ou até mais, a potência de um de baixa, de acordo com o veterinário. “Esse tipo de dispositivo oferece pouca ou nenhuma produção de calor, então, não afeta o tecido. É utilizado, por exemplo, em uma cirurgia de córnea sem danificar o olho”, cita.

laser

Profissionais devem trabalhar dentro de parâmetros de segurança quando utilizarem o dispositivo (Foto: reprodução)

O laser de baixa serve para mucosite (inflamação da parte interna da boca e da garganta), como comenta Rocha, e também para agilizar a cicatrização de feridas, além de trabalhos em terapias fotodinâmicas. “Esse laser não corta. O de alta potência, como ele diz, pode ser utilizado com o intuito de cortar, quando empregado com uma potência maior em um ponto específico e apresenta pouca ou nenhuma produção de calor, sem oferecer danos no tecido colateral”, explica.

O especialista compara o bisturi elétrico com o laser e afirma que este último causa coagulação, mas também gera vaporização das terminações nervosas, o que indica menos edema, menos dor e, principalmente, menos aquecimento. “Mas, se o profissional não tomar cuidado, pode queimar. Esta é uma tecnologia que demanda atenção no dia a dia para não se machucar e não machucar o paciente”, alerta e lembra que laser pode causar fogo: “Fogo e oxigênio não combinam juntos, então, quando utilizado, o tubo endotraqueal (introduzido na traqueia pela boca ou nariz para administrar ar ou oxigénio nos pulmões) deve ser coberto. Já existem casos em terapia humana de, literalmente, queimar uma pessoa ou explodir o pulmão, seguindo o exemplo dessa aplicação, porque tinha oxigênio e o laser causou o fogo. Tem que saber o que dá para usar e o que não dá e trabalhar dentro de parâmetros de segurança”, orienta. Segundo ele, o laser oferece menos efeitos colaterais que o bisturi elétrico e é utilizado bastante em cirurgia de língua.

Existe, também, o laser de diodo, como revela Leonel Rocha. Ele é pouco absorvido por tecidos duros e, assim, não há interação ou danos térmicos aos tecidos. “Assim, podem ser utilizados próximos ao esmalte, dentina e cemento”, orienta. Essa variedade pode ser manuseada nos dentes, já que a luz não é absorvida pelo branco. “Assim, o profissional fica à vontade trabalhando com ele na boca dos pacientes”, adiciona.

Leonel Rocha

Veterinário afirma que o laser é um dispositivo que facilita a vida de muitos profissionais (Foto: C&G VF)

Rocha conta que, quando veio dos Estados Unidos para o Brasil, deixou de atuar como ortodontista e, aqui, se tornou mais cirurgião e afirma que só começou a realizar cirurgias mais radicais porque o laser ofereceu maior segurança. “Não sei se eu teria coragem de encarar cirurgias grandes se eu não tivesse a ajuda do laser”, declara.

Durante a apresentação, o profissional sinaliza que também se usa o laser para fazer gengivectomia, cirurgia de faringe e em casos de estomatite felina. “Com um gato obeso que está com o problema, a recomendação dada é sempre a retirada de todos os dentes, o uso de corticoide e, mesmo assim, alguns pacientes não vão responder. O veterinário fica com falta de opções e o laser é uma saída que pode auxiliar. Na estomatite, queremos criar um tecido mais rústico, maior cicatrização para que a infecção não fique ali. Essa é a ideia do laser de CO2 para a doença inflamatória”, esclarece.

O profissional também divide uma experiência que teve com um paciente que estava com tumor na traqueia e ele não imaginava como poderia retirar. Rocha descreve que colocou a fibra ótica dentro de um endoscópio para introduzir no animal, ao mesmo tempo em que um aparelho jogava água para resfriar, fazendo sucção, e, assim, foi possível realizar a cirurgia com a ajuda de um colega de trabalho. “No fim, o que estava incomodando o animal não era um tumor na traqueia e sim na laringe, dificultando a respiração do gato. Com o laser de diodo dentro do endoscópio, fomos removendo o tecido com calma, queimávamos um pouco, jogávamos água, aspirávamos e isso melhorou a qualidade de vida do felino, porque abriu espaço na laringe”, narra.

Leonel Rocha finalizou a palestra afirmando que o laser é um dispositivo que facilita a vida de muitos profissionais: “Não vamos estudar o laser, no dia a dia vamos encontrando características que podem ser realizadas com o auxilio dele, que apresenta variadas utilidades dentro não só da odontologia veterinária, mas na Medicina Veterinária como um todo”.