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Pets e Curiosidades

LESÕES, POR FALTA DE ZINCO, ATRAPALHAM DESEMPENHO DE HUSKY SIBERIANO

Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Sendo sede da Copa do Mundo 2018 e pelo mérito de ter sua seleção concorrendo, amanhã (07), por uma vaga na semifinal, a Rússia participa da série de reportagens do campeonato, produzida pela C&G VF. Seu representante? O Husky Siberiano, que possui pelame duplo, de comprimento médio e brilhante, porém, apesar da boa aparência, esse também pode ser um ponto negativo pela demora na secagem do pelo por completo, favorecendo o crescimento de bactérias e fungos. Isso acarreta no aparecimento de algumas dermatopatias.

Uma das doenças que acometem a raça, apontadas pela médica-veterinária Renata Répeke Gomes, são: dermatite nasal, alopecia pós tosa, alopecia X e manifestação cutânea do hipotireoidismo. O médico-veterinário e primeiro tesoureiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV, São Paulo/SP), Cayo Yuji Nitta, adiciona a essa lista a atopia, lúpus eritematoso discóide, displasias foliculares e síndrome uveodermatológica No entanto, outra doença rara, mas que pode atingir estes animais é a dermatose responsiva ao zinco, o foco desse texto.

Trata-se de uma dermatopatia resultante da deficiência relativa ou absoluta de zinco, conforme explica Renata. “As principais manifestações são as lesões na epiderme e a doença pode ser classificada em duas Síndromes: a síndrome I ocorre em animais adultos e de raças nórdicas, porém já relatadas em Doberman, Dogue Alemão e Bull Terriers, sendo decorrente de um defeito genético que resulta na diminuição da absorção intestinal de zinco”, compartilha.

Dando sequência, Renata conta que há, a síndrome II, que ocorre, principalmente, em filhotes ou animais jovens como Labradores Retrievers, Dimarqueses e Pastores Alemães, que são alimentados com dietas deficientes de zinco ou contendo excesso de cálcio ou fitatos. O veterinário Nitta narra que, de forma simplista, animais acometidos apresentam distúrbios de queratinização na epiderme, responsáveis por lesões dermatológicas crostosas e descamativas, principalmente.

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Huskys Siberianos são ativos, inteligentes, suportam climas extremos e frio (Foto: reprodução)

Causas e sintomas. Nitta cita a suposição de que a maior consanguinidade entres esses animais possa determinar a predileção por doenças autoimunes ou genéticas. Já segundo Renata, os genes responsáveis pela má absorção parecem ser recessivos, mas ainda não há nenhum marcador genético como prova em qualquer uma das raças afetadas. “Esterilizar as fêmeas como parte do tratamento tem sido indicado, pois nota-se visível melhora nos sintomas, podendo-se, inclusive, diminuir ou cessar a suplementação com zinco nestes casos”, informa. Frente a esses pontos, a profissional declara que não ter o marcador genético dificulta o diagnóstico e a castração como parte do tratamento se torna um inconveniente e uma causa do problema para raça.

De forma geral, a enfermidade, como discorre Nitta, está relacionada a causas de origem alimentar ou genética. “No que tange à gênese dietética, a deficiência deste microelemento per se ou o efeito antagônico nutricional de distintos elementos, como o Cálcio e Fitatos (ácido orgânico presente em farelos vegetais), resultam na menor absorção intestinal do Zinco.  Quanto aos aspectos genéticos, alguns animais apresentam alterações na absorção e/ou deficiência no seu metabolismo, culminando no déficit do mineral no organismo”, elucida.

Renata revela que, em relação ao sistema tegumentar, a pele dos cães acometidos apresenta aspecto eritematoso, alopécico acompanhado de descamação e liquenificação. As lesões cutâneas incluem crostas espessas e, geralmente, são localizadas na região periocular e perioral, superfície dorsal do focinho, face interna de pavilhão auricular, coxins, cotovelos e jarretes. “Referente aos sinais clínicos, o animal pode apresentar perda de apetite e de peso subsequente, ceratite, entre outros”, insere.

Além dos já mencionados, os sinais clínicos listados por Nitta são lesões crônicas e assimétricas que surgem, principalmente, em regiões de junções mucocutâneas, coxins palmoplantares e orelhas. “O prurido, quando presente, é de intensidade variável e está relacionado a infecções cutâneas secundárias. Muito embora raras, as manifestações sistêmicas incluem quadros eméticos, prostração e linfoadenopatia periférica. A literatura cita, ainda, graus variados de hipogeusia e hiposmia”, assegura.

Cuidados. Após a doença ser diagnosticada, os pacientes devem, rotineiramente, ser acompanhados clínica e laboratorialmente, de acordo com Nitta, com o intuito de ajuste da menor dose terapêutica de Zinco e, consequentemente, redução dos efeitos da toxicose deste elemento, que incluem principalmente prostração e distúrbios gastrointestinais.

Ao lidar com pacientes com essa doença dermatológica, assim como em outras doenças de pele, os tutores precisam de tempo, paciência e determinação ao tratamento, como destaca Renata. “Somente por meio desses fatores, somados à confiança no veterinário, que será possível alcançar bons resultados para o animal”, assegura.

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A dermatose responsiva ao zinco está relacionada a causasde origem alimentar ou genética (Foto: reprodução)

Apesar dos transtornos trazidos pela enfermidade, Renata alega que existe tratamento e ele é realizado após o diagnóstico, realizado por meio de uma boa anamnese nos dias das consultas, histórico do animal, avaliação das manifestações dermatológicas, solicitação e realização dos exames dermatológicos de triagem e o exame definitivo de dermatohistopatologia. “Os Huskys Siberianos são predispostos a desenvolverem a doença que afetam a má absorção dos intestinos por fatores genéticos. Por isso, a indicação é a suplementação com zinco por via oral, por exemplo, a metionina, uma vez ao dia ou dividido ao longo do dia. Associado a esse tratamento é recomendado o uso de medicamentos para as lesões de infecções secundárias, com administração de antibióticos por via oral, uso de shampoo anti-seborréicos, entre outros”, discorre.

O tratamento, no entanto, de acordo com a veterinária, é extenso, demanda tempo e disponibilidade do tutor em administrar as medicações nos horários conforme a prescrição médica e exige atenção na evolução macroscopicamente do animal. Nitta declara que e preciso oferecer uma dieta nutricionalmente equilibrada, principalmente, com níveis de cálcio e fitatos adequados. “Naqueles animais nos quais a enfermidade tem origem genética, a indicação de suplementação oral com sulfato de zinco ou zinco-metionina é considerada ad aeternum, ou seja, para sempre”, explana.

O proprietário, ainda, deve estar ciente de que a melhora é demorada e é preciso estar disposto a seguir adiante até a resolução do quadro e, também, das possíveis complicações, como efeitos colaterais ao tratamento que podem ocorrer, como sublinhado por Renata. “E, ainda, por ser incomum, não são todos os médicos-veterinários que têm experiência em diagnosticar e tratar a doença”, acrescenta. Nitta expõe que alguns animais apresentam resposta à terapia em cerca de 15 dias. “Uma resposta clínica mais lenta é esperada nos pacientes com maiores comprometimentos tegumentares e sistêmicos. Em alguns casos, a terapia tópica adjuvante, com ativos queratolíticos e/ou queratoplásticos, são recomendados”, indica.

Características. Nitta descreve que os Husky Siberianos, originários da região da Sibéria, são considerados cães de médio porte, ágeis, robustos e muito ativos, características estas selecionadas, minuciosamente, no passado, com o intuito de gerar cães aptos ao trabalho intenso, principalmente, como animais de transporte.

Segundo o profissional, eles apresentam uma expectativa de vida média de 15 anos.  “Os cães machos tendem a apresentar maior porte físico, quando comparados às fêmeas. Em média, têm 50cm de altura e peso que varia de 16 a 28kg. Em decorrência de seu vigoroso pelame, fundamental para sobrevivência em climas árticos, não é considerada uma raça ideal para locais com temperaturas altas, como em certas regiões do Brasil”, alerta.

Renata ainda informa que são animais pacíficos e, geralmente, não ladram e, por isso, muitas vezes, são abandonados por seus proprietários por falta de conhecimento das características da raça a ser adotada.  “Esses pets que não gostam de solidão e, como são de caça, os tutores devem ter cuidado com a convivência do Husky com outros animais. São ativos, inteligentes, suportam climas extremos e frio”, finaliza.