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Inovação e Mercado

Medicina Veterinária conquista avanços e reforça papel essencial para a saúde única

Médica-veterinária conselheira do CFMV, Evelynne Marques de Melo comenta sobre a profissão neste Dia Mundial da Medicina Veterinária
Por Cláudia Guimarães
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Por Cláudia Guimarães

A Medicina Veterinária, ao longo dos últimos anos, vem ganhando uma notoriedade em relação à sua essencialidade não apenas para os animais, mas, também, para a saúde humana. Com essa visibilidade e o empenho dos profissionais médicos-veterinários, é possível notar alguns avanços significativos, especialmente aqui no Brasil. É sobre isso que vamos falar neste Dia Mundial da Medicina Veterinária.

A médica-veterinária, doutoranda em Políticas públicas pela UNIMA-AL, mestre em ciência animal pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), membro do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) como conselheira na gestão 2024-2026, Evelyne Marques de Melo, destaca alguns avanços que abrangem tratamento, diagnóstico e tecnologia:

  • A telemedicina, recentemente regularizada no país;
  • Inteligência artificial: utilizada para melhorar padrões diagnósticos;
  • Impressão 3D: possibilitando confecções de próteses ortopédicas;
  • Microchipagem animal: meio consolidado internacionalmente para identificação animal e vínculo homem-animal, configurando política de guarda responsável;
  • Robóticas: permitindo técnicas cirúrgicas pouco invasivas;
  • Auxílio diagnóstico avançado: maior oferta de ressonância magnética, ultrassom com doppler, eletrocardiograma e termografia são alguns exemplos;
  • Informática: rapidez no envio de dados como prontuários e relatórios médicos digitais;
Na visão da porta-voz, no Brasil, ainda há zoonoses graves consideradas negligenciadas e de difícil controle (Foto: reprodução)

O Brasil e o mundo

Comparando a Medicina Veterinária no Brasil com o cenário internacional, Evelynne afirma que nosso país tem o maior número de faculdades de Medicina Veterinária do mundo: “São mais de 500 cursos ao todo. Também é uma crescente no país o desenvolvimento do setor pet (desde pequenos negócios, como serviços de banho e tosa e acessórios, a clínicas e hospitais com serviços de terapia intensiva)”, observa.

Porém, em sua visão, no Brasil ainda há zoonoses graves consideradas negligenciadas e de difícil controle. “Por aqui ainda há morte de pessoas por raiva, leishmaniose e leptospirose. O atraso na implantação de políticas públicas básicas sobre as permanências de caninos e felinos domésticos nas cidades tem impacto severo no desenvolvimento e progresso de um cenário de destaque para o Brasil perante o meio internacional”, pontua.

Por meio de políticas públicas comparadas, que é uma área de estudo da ciência política, é possível, segundo a conselheira do CFMV, observar o modo como inúmeros países se organizaram com iniciativas marcadas desde a década de 1950 estabelecendo três políticas básicas: guarda responsável (microchipando animais e vinculando obrigatoriamente a vacina contra raiva); investimentos em castrações; educação ambiental para mudanças de mentalidade das pessoas na lida com seus animais de estimação.

Dentro da interação homem-animal é essencial o serviço dos médicos-veterinários, pois são os únicos profissionais a estudarem e a atuarem nos cuidados da saúde animal (Foto: reprodução)

“Esse somatório básico de atitudes que organiza a sociedade é o responsável pelo desenvolvimento dos outros setores. Ou seja, ainda falta maior interação governamental e técnica (gestão pública e classe veterinária integradas) para nos garantir maiores destaques”, argumenta.

Medicina Veterinária integrada

Evelynne elucida que o conceito de saúde única foi difundido desde antes de Cristo, por Hipocrates (pai da Medicina), onde se falava em uma saúde pública saudável por meio do meio ambiente saudável. “Esse conceito nos lembra de como é óbvia a interação da saúde das pessoas com a saúde dos animais e do meio ambiente, tendo em vista que mantemos vínculo estreito com animais, seja por nos servir de alimento, seja por nos servir de companhia, morando dentro de nossas casas. O fato é que no meio dessa interação homem-animal é essencial o serviço dos médicos-veterinários, pois são os únicos profissionais a estudarem e a atuarem nos cuidados da saúde animal. Na prática, sem animais saudáveis não há sociedade saudável”, aponta.

Ela também comenta sobre a prevenção das doenças nas pessoas: “Antes de tudo, vem o trabalho dos veterinários. Somos interdisciplinares por natureza. Os animais são naturalmente pertencentes ao meio ambiente, onde, por sua vez, estão, também, micro-organismos e parasitas e os veterinários têm a competência para atuar nesse cenário, com prioridade em prevenção e tratamento”.

Trabalho colaborativo

A World Veterinary Association (WVA) definiu o tema “A saúde animal exige trabalho em equipe” para esse Dia Mundial da Medicina Veterinária e, para Evelynne, essa colaboração multidisciplinar ajuda muito no fortalecimento dessa integração. “Iniciativas que fortalecem o vínculo entre as áreas, tal como a Lei brasileira que reconhece como dia da saúde única no Brasil.A lei nº 14.792, de 5 de janeiro de 2024, o Dia Nacional da Saúde Única (sinônimo de Uma Só Saúde), a ser celebrado, anualmente, no dia 3 de novembro, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a relação indissociável entre as saúdes animal, humana e ambiental, é um grande lembrete de que, inevitavelmente, na prática, somos ligados a várias áreas da saúde embora com atribuições bem delimitadas. Somos um conjunto de ações que garantem colaboração”, declara.

A veterinária informa que o atendimento de qualidade para garantir bem-estar animal é fruto de um grande trabalho em equipe, onde: o veterinário atua como Responsável Técnico em muitas situações, como clínicas, hospitais e laboratórios, fazendo gestão de pessoas e direcionando diretrizes técnicas. “Já nos ambientes veterinários, há força de trabalho integrado com auxiliares veterinários, estagiários, residentes, técnicos em laboratórios e até psicólogos para valorizar a saúde mental profissional. Além de toda uma equipe técnica, os responsáveis pelos animais ocupam papel importante para o bem-estar animal, uma vez que muitos tratamentos têm sequência em residência e a interação entre veterinário e responsável pelo animal segue junto até o final dos tratamentos. Comunicar é peça chave”, destaca.

O atendimento de qualidade para garantir bem-estar animal é fruto de um grande trabalho em equipe (Foto: reprodução)

Setor público e privado

Outro ponto essencial dentro da profissão é a relação entre o setor público e o privado. A conselheira do CFMV diz que o serviço da Medicina Veterinária para a sociedade depende da integração público-privada o tempo inteiro. “As universidades, em sua maioria, têm a missão de formar os profissionais que vão atuar tanto em ambientes privados (clínicas, hospitais) quanto em públicos (unidades de vigilância e zoonoses, secretarias de saúde etc.). Ainda é fragilizada a gestão pública, sobre o tema caninos e felinos domésticos no Brasil, pois ainda se confunde política de estado e política de governo, de modo que não há consolidação da maior parte das ações. Isso mostra a necessidade de estreitamento técnico cada vez maior entre Medicina Veterinária e governos municipais, estaduais e federal”, opina.

Mas o avanço da Medicina Veterinária também depende da formação contínua dos profissionais. “As associações têm essa missão maior de promover eventos como simpósios, congressos e encontros com objetivo de atualização profissional. Além disso, os cursos de aperfeiçoamento pós-graduação e as provas de títulos para especialistas. A Medicina é muito dinâmica e a necessidade de estar constantemente estudando existe”, encerra.

FAQ

Quais os avanços mais significativos da Medicina Veterinária nos últimos anos no Brasil?
O Brasil tem avançado em diversas frentes, como a regulamentação da telemedicina, o uso crescente de inteligência artificial para diagnósticos, a impressão 3D de próteses ortopédicas, além da maior oferta de exames como ressonância magnética e ultrassom com doppler.

Como o Brasil se compara a outros países na gestão da saúde animal e das zoonoses?
Apesar de avanços na infraestrutura e na formação de profissionais, o Brasil ainda enfrenta desafios importantes, especialmente no controle de zoonoses como raiva, leptospirose e leishmaniose. Faltam políticas públicas mais integradas e estruturadas para o controle populacional de cães e gatos, incluindo microchipagem, castrações em larga escala e programas de educação ambiental.

Qual o papel da Medicina Veterinária dentro do conceito de saúde única?
O conceito de saúde única é antigo e essencial: não há saúde humana sem saúde animal e ambiental. Os médicos-veterinários são os únicos profissionais preparados para atuar na interseção entre animais, meio ambiente e pessoas, seja na prevenção de zoonoses, no controle de resíduos, no diagnóstico de doenças emergentes ou mesmo no apoio à segurança alimentar.

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