A menopausa costuma ser atrelada a muitos mamíferos, incluindo gatas e cadelas. E, talvez, esse pensamento aparece pelas inúmeras semelhanças nos períodos reprodutivos das fêmeas domésticas: os hormônios, dentre eles, a ocitocina; eventos da fecundação, entre outras características. Porém, ao contrário do que muitos pensam, esses animais não apresentam menopausa.
Segundo o professor mestre Marcelo Barcelos Rocha, do curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário Cesuca, isso se justifica pela diferença entre humanos e pets: as fêmeas domésticas não apresentam menstruação. “Muitas pessoas perguntam: ‘e aquele corrimento vaginal que a cadela produz próximo ao estro, popularmente conhecido por cio?’ Pois bem, isso não é menstruação, o corrimento vaginal sanguinolento é fisiológico e ocorre devido ao aumento do fluxo sanguíneo no trato reprodutivo da cadela durante um período antes do cio”, explica o professor.
“A fêmea canina apresenta um ciclo estral a cada oito meses, com início do ciclo estral pelo pró-estro, que dura nove dias, período que apresenta vulva edemaciada e secreção sanguinolenta vaginal. É possível aparecer, também, a poliúria e a polidipsia. Ocorre o pico do hormônio estrógeno e liberação de feromônios, depois do estro, começa a fase em que o macho realiza a cópula e fertiliza os óvulos da fêmea”, comenta.
“Seguindo o ciclo da cadela, temos a fase ovulatória (diestro), período de dois meses, no qual ocorre a gestação caso tenham tido a formação dos embriões em decorrência da junção do espermatozoide do cachorro (gameta masculino) e oócito da cadela (gameta feminino). Após o parto na cadela, ela entra em uma fase chamada de anestro, um período (5 meses) com uma inatividade normal dos ovários; nessa fase a fêmea doméstica não apresenta ovulações”, diz Rocha.
Já nas gatas, segundo o veterinário, é bastante comum observar mudanças no comportamento quando o cio encerra. “Em geral, ela fica mais calma, relaxada e serena. Mas existe a chance de surgirem diferentes problemas de conduta, por exemplo, gravidez psicológica (pseudociese)”, discorre.
Apesar de gatas e cadelas não apresentarem menopausa, elas podem manifestar a senescência (envelhecimento) ovariana a partir de 10 a 12 anos e de 14 a 16 anos, respectivamente. “Ambas podem cessar suas atividades ovarianas interrompendo a sua função reprodutiva e não apresentando mais ciclos estrais”, ressalta.
Assim, a conclusão é: a idade fértil das gatas se encerra, aproximadamente, aos 12 anos e, neste momento, diminuem sua atividade reprodutiva e deixam de ser capazes de terem filhotes; já as cadelas idosas podem ter algumas alterações, como o tempo mais espaçado entre um cio e outro, infecções uterinas, senescência ovariana, entre outras.
O docente ainda ressalta que a diminuição da função reprodutiva de gatas e cadelas pode ocasionar doenças. “Entre as enfermidades que podem afetar a função reprodutiva podemos citar: muito comum a infecção uterina (piometra) nas cadelas; neoplasias mamárias em cadelas e gatas; cistos ovarianos nas cadelas; doenças endócrinas, como o hiperadrenocorticismo (síndrome de Cushing), nas cadelas e o hipertireoidismo nas gatas”, cita.
Por fim, o professor do Cesuca reforça que a melhor forma de prevenir as enfermidades é a castração, como também o tratamento clínico das desordens endócrinas das fêmeas.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
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