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Clínica e Nutrição

Meu pet quebrou o maxilar, e agora?

As fraturas no maxilar são mais comuns em gatos do que em cães e podem acontecer, principalmente, por atropelamentos, quedas e ataques de outros animais
Por Danielle Assis
maxilar
Por Danielle Assis

As fraturas no maxilar, osso que fica situado na parte de cima da boca dos animais de estimação, são relativamente comuns nos pets e podem ter diversas causas. 

Cães sofrem esse tipo de fratura, principalmente, devido a mordidas de outros animais (Foto: reprodução)

De acordo com a médica-veterinária com residência em diagnóstico por imagem pela Universidade Federal Fluminense, Caren Lopes Oliveira, nos cães, esse tipo de fratura acontece, principalmente, devido a mordidas de outros animais, o que estatisticamente representa de 50,3% a 71% dos casos. 

“Já nos gatos, as causas mais comuns são acidentes de trânsito e quedas de grandes alturas. Inclusive, uma pesquisa realizada por TUNDO (2015) mostrou que os atropelamentos representam 75,6% dos casos de fraturas maxilofaciais em felinos e tendem a causar lesões mais graves e múltiplas”, explica. 

Além disso, segundo a doutora, as fraturas na maxila e na região facial acometem significativamente mais gatos do que cães. Isso é confirmado em um estudo executado por AMENGUAL‐BATLE (2020). Dos animais analisados, 87,4% dos gatos apresentaram fraturas na face (incluindo na maxila), enquanto que o percentual em cães ficou em 49,5%. 

Tipo de fratura e sintomas 

Dentre os tipos de fratura nessa região que os pets podem ter, existem duas mais frequentes, as completas e as múltiplas. “A maioria das fraturas no maxilar de cães e gatos é completa, com uma parte significativa apresentando deslocamento acentuado do osso. As fraturas múltiplas, classificadas tecnicamente como cominutivas, também são frequentes e as incompletas são as menos vistas”, esclarece Oliveira. 

Ela ainda cita que os sinais clínicos mais comuns de fratura no maxilar são dificuldade ou incapacidade de fechar a boca corretamente e se alimentar, dor e inchaço facial, sangramento oral ou nasal, recusa de alimentos, desvio visível e instabilidade na maxila. “Também é possível ocorrer deslocamento ocular quando há outras fraturas faciais no animal”. 

Como diagnosticar? 

Se houver a suspeita de uma fratura no maxilar é fundamental levar o pet para atendimento veterinário o quanto antes. Conforme explica a profissional, o diagnóstico é feito, primeiramente, por meio de exames físicos e neurológicos completos para avaliação inicial e identificação dos sinais clínicos. 

Nos gatos, as causas mais comuns de fratura no maxilar são acidentes de trânsito e quedas de grandes alturas (Foto: reprodução)

“Em seguida, é indicado realizar uma radiografia do crânio, que irá mostrar a presença e localização da fratura. Porém, é necessário salientar que o exame radiográfico tem limitações e nem sempre caracteriza fraturas pequenas ou incompletas, devido à sobreposição de estruturas ósseas e tecidos moles”, comenta Caren. 

Devido a isso, ainda segundo ela, o exame mais preciso para o diagnóstico é a tomografia computadorizada, visto que é duas vezes mais sensível do que as radiografias simples para identificar fraturas maxilofaciais em gatos e 1,6 vezes mais sensível para o mesmo diagnóstico em cães.

Tratamento cirúrgico ou conservador

O tratamento da fratura no maxilar em cães e gatos depende do quadro do animal, do resultado dos exames e da avaliação do médico-veterinário. “Em geral, existem dois tipos de tratamento, o conservador e o cirúrgico. O tratamento conservador é a escolha usual para fraturas estáveis e sem deslocamento significativo, nas quais há manutenção da função oral e oclusão dental adequada”, cita Oliveira.

Caso o tratamento conservador seja escolhido, ele irá englobar restrição das atividades do pet, uso de focinheira ou bandagem para limitar a movimentação e oferta de alimentação pastosa até a cura. 

Já o tratamento cirúrgico, conforme esclarece a doutora, é necessário nos casos de fraturas abertas, instáveis, com fragmentos ou desalinhadas. “Nele as técnicas cirúrgicas incluem fixação interna com uso de placas e parafusos para estabilizar os fragmentos ósseos e fixação externa para manter a estabilidade de fraturas complexas ou com perda óssea significativa”.

Após a cirurgia, para uma boa recuperação são necessários alguns cuidados. De acordo com a médica-veterinária, na maioria das vezes, é preciso realizar alimentação assistida com dieta pastosa ou líquida para facilitar a ingestão sem sobrecarregar a área afetada. Se houver incapacidade do animal de mastigar, é indicado o uso de sonda esofágica. 

Tratamento cirúrgico é necessário nos casos de fraturas abertas, instáveis, com fragmentos ou desalinhadas (Foto: reprodução)

“Outros cuidados importantes no pós-operatório são manter a higiene oral para prevenir infecções secundárias, administrar medicamentos para o controle da dor e da inflamação e restringir a atividade e o espaço do pet, visando evitar esforços que possam comprometer a fixação cirúrgica”, comenta. 

Além disso, a médica-veterinária ressalta que é indispensável o acompanhamento profissional para avaliar a cicatrização e ajustar o tratamento de acordo com a necessidade do paciente. “A maioria dos animais se recupera bem se os cuidados pós-operatórios forem seguidos corretamente”, finaliza.

REFERÊNCIAS 

AMENGUAL‐BATLE, P. et al. Traumatic skull fractures in dogs and cats: A comparative analysis of neurological and computed tomographic features. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 34, n. 5, p. 1975–1985, 20 jul. 2020.

TUNDO, I. et al. Location and distribution of craniomaxillofacial fractures in 45 cats presented for the treatment of head trauma. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 21, n. 4, p. 322–328, 24 maio 2018.

FAQ – Fratura no maxilar

Qual o tempo médio de recuperação após um cão ou gato fraturar o maxilar?
Em média, a recuperação varia de 21 a 42 dias, dependendo do tipo de fratura e do método de tratamento. Fraturas mais estáveis costumam a cicatrizar em cerca de três semanas, enquanto as mais complexas podem levar até seis semanas ou mais para cura total.

Podem ocorrer sequelas após uma fratura no maxilar?
Mesmo com o tratamento adequado alguns animais podem ficar com sequelas após esse tipo de fratura. As mais comuns são fechamento inadequado da boca, que pode afetar a mastigação, rigidez ou perda da função da articulação temporomandibular, que leva a dificuldades de abertura da boca, e deformidades faciais.

Como prevenir as fraturas no maxilar em cães e gatos?
As melhores maneiras de prevenir esse tipo de fratura nos pets é colocando tela nas janelas e varandas de sobrados e apartamentos. Também não se deve deixar que os animais tenham acesso à rua sem supervisão para prevenir atropelamentos e ataques.

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