A Polícia Civil realizou nesta manhã (22) uma operação contra maus-tratos de animais na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O alvo foi uma clínica veterinária em Nova Lima. O proprietário foi preso.
Segundo o delegado Bruno Tasca Cabral, no local, eram cometidos diversos crimes, como estelionato, associação criminosa e maus-tratos. As apurações apontam que houve casos em que, quando o animal morria, o veterinário o congelava e não avisava ao tutor sobre a morte para continuar cobrando pela internação. Animais chegavam a ficar congelados por mais de uma semana. Quando o tutor era avisado, o animal era descongelado e era aplicada uma injeção para retomar a condição do corpo simulando que a morte era recente.
A clínica também é suspeita da venda de medicamentos proibidos, da aplicação de medicamentos de humanos em animais e do reaproveitamento de próteses que eram retiradas de animais mortos. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), ainda há indícios da coleta de sangue de animais sem autorização dos tutores para vender as bolsas de sangue para transfusão.
De acordo com o delegado, ainda serão investigados os crimes sonegação e lavagem de dinheiro. “Temos testemunhas fundamentais que informam que era um procedimento comum a reutilização de próteses e parafusos que poderiam causar uma contaminação nos amimais muito fácil. E a questão do congelamento, nós tivemos notícia que ele praticava esse tipo de ação, congelava o animal já morto para postergar a devolução do corpo para receber um maior volume de dinheiro”, disse a delegada Carolina Bechelany.
O veterinário detido é Marcelo Dayrell, proprietário da Animed. Segundo o delegado Bruno Tasca, ele nega os crimes e se diz surpreso com a operação. Policiais também tentam localizar a mulher dele, a veterinária Franciele Fernanda Quirino dos Santos. Segundo a Polícia Civil, ela não foi encontrada em casa nem na clínica e já pode ser considerada foragida. Segundo Dayrell, ela estaria viajando.
Mandados de busca. De acordo com a delegada Carolina Bechelany, a investigação começou como em razão de crimes ambientais por conta do descarte de lixo veterinário junto a lixo comum. A partir disso, a polícia chegou a indícios de crimes de maus-tratos e também de estelionato.
A clínica funciona 24 horas e muitos animais devem ser retirados do local. Segundo a polícia, os tutores serão chamados para buscá-los. Por volta das 10h30, a assessoria de imprensa da clínica disse que a empresa está surpresa com a operação e que se pronunciará após análise de todas às denúncias sofridas. “Além disso, se coloca à disposição da Justiça para esclarecimento dos fatos e afirma que irá cooperar no que for preciso com a investigação para que todos os fatos sejam esclarecidos o mais breve possível”, consta em nota.
Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais (CRMV-MG), é permitido o uso de medicamento humano para tratamento animal, desde que devidamente prescrito por veterinário e respeitadas as restrições previstas em normas do Ministério da Saúde e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Em nota, o CRMV-MG também comentou sobre o congelamento/descongelamento de animais: “Embora tenha sido divulgado na mídia que, por meio da administração de uma substância (injeção), possa-se restabelecer a condição, após descongelamento do corpo de um animal, como se houvesse acabado de morrer, cabe esclarecer que tal substância não existe. Não há como se injetar qualquer substância em um cadáver e esperar que essa atue a nível sistêmico, pois o animal morto já não possui circulação sanguínea”, mostra o pronunciamento.
Fonte: G1 Minas Gerais, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.
(Reprodução G1 Minas Gerais)