- PUBLICIDADE -
Clínica e Nutrição

Micoplasmose felina – do diagnóstico ao tratamento

Doença tem como principais vetores as pulgas e carrapatos e seus sintomas são inespecíficos; chegar a um diagnóstico conclusivo é desafiador
Por Danielle Assis
Micoplasmose felina – do diagnóstico ao tratamento
Por Danielle Assis

Por mais que as doenças transmitidas por pulgas e carrapatos sejam mais citadas nos cães, a verdade é que os gatos também podem se contaminar com algumas enfermidades no qual estes parasitas são considerados vetores.

Segundo a médica-veterinária especializada em Medicina Felina do Hospital Veterinário Taquaral, Daniela Karine Formaggio, um exemplo disso é a micoplasmose. “A doença é causada por bactérias do gênero Mycoplasma, principalmente o Mycoplasma haemofelis, que se aderem à superfície das hemácias (glóbulos vermelhos) dos felinos”, comenta.

A transmissão dessa enfermidade ocorre a partir da picada de pulgas (Ctenocephalides felis) e carrapatos (Rhipicephalus sanguineus) infectados pela bactéria.

“No entanto, também pode ocorrer a transmissão vertical (da mãe para os filhotes). Mas, não se sabe ao certo se a infecção ocorre no útero, no parto ou durante a amamentação. A transmissão pode ainda acontecer pela saliva, arranhadura ou mordida de um gato infectado e por transfusão de sangue”, pontua.

Gato filhote rajado em um deck de madeira se coçando
Uma das formas de transmissão da micoplasmose felina é através da picada de pulgas e carrapatos infectados (Foto: Reprodução)

Sinais clínicos são inespecíficos

Os sinais clínicos da micoplasmose felina são variados e similares aos de muitas outras doenças. Daniela esclarece que os mais comuns são anemia leve a severa, taquipneia, taquicardia, febre, apatia, falta de apetite ou anorexia, icterícia, emagrecimento, esplenomegalia, que consiste no aumento do baço, e mucosas hipocoradas.

Devido a isso, dentre os diagnósticos diferenciais da micoplasmose felina podem ser consideradas todas as enfermidades que levam a anemia nos gatos, como FIV, FeLV, PIF (peritonite infecciosa felina), babesiose felina e intoxicação por diversos agentes ou drogas.

Outro ponto importante é que existem limitações para garantir um diagnóstico assertivo desta doença, pois nem todos os exames promovem resultados conclusivos.

“No hemograma é possível ver sinais inespecíficos, como anemia. Também pode ocorrer alteração nos leucócitos e plaquetas com valores normais. Já o esfregaço sanguíneo é uma alternativa considerada de baixa sensibilidade, onde nem sempre se encontra a bactéria nos glóbulos vermelhos”, pontua a profissional.

Dessa forma, uma opção mais indicada é o PCR, exame molecular com alta sensibilidade e especificidade capaz de detectar o DNA da bactéria no sangue do animal infectado.

Além disso, segundo a médica-veterinária, alcançar um diagnóstico precoce é de extrema importância para o sucesso no tratamento da micoplasmose e animais imunossuprimidos tendem a ter maior dificuldade de recuperação.

Como tratar

Médica-veterinária com um gato branco no colo
Gatos FIV ou FeLV positivos são mais susceptíveis a micoplasmose felina (Foto: Matheus Campos)

A especialista em felinos cita que o tratamento da enfermidade consiste em terapia de suporte e antibióticos.

“O antibiótico de escolha é a doxiciclina e como segunda opção pode-se usar a marbofloxacina e a pradofloxacina. Em casos mais graves ou com diagnóstico tardio, muitas vezes, é necessário também realizar transfusão sanguínea”, explica.

Grande parte dos felinos se recupera bem da doença. Contudo, alguns animais podem se tornar cronicamente infectados pela bactéria e não apresentar sinais clínicos evidentes. “Esses podem ser manter como portadores da enfermidade por meses a anos após o término do tratamento”.

É possível também que a micoplasmose cause algumas complicações importantes. A medica-veterinária afirma que uma das principais é o desenvolvimento da anemia hemolítica imunomediada (AHIM), uma doença grave em que o sistema imunológico ataca e destrói os glóbulos vermelhos.

“As complicações são mais comuns em gatos com comprometimento do sistema imunológico ou com outras comorbidades. Felinos FIV / FeLV positivos são mais suscetíveis a desenvolver essa enfermidade”, conclui.

FAQ

Como prevenir a micoplasmose felina?

A prevenção da micoplasmose felina consiste no uso periódico de produtos ectoparasiticidas para evitar a contaminação por pulgas e carrapatos. Deve-se também manter os gatos domiciliados para evitar brigas e prevenir a infestação por ectoparasitas, além de vacinar os animais FeLV negativos.

A micoplasmose felina tem cura?

Grande parte dos gatos que contraem a micoplasmose felina ficam curados. Porém, alguns animais tornam-se portadores assintomáticos da doença.

Quais são os sintomas da micoplasmose felina?

Felinos com micoplasmose podem apresentar diferentes sinais clínicos, como febre, emagrecimento, falta de apetite, taquipneia, taquicardia e mucosas hipocoradas.

LEIA TAMBÉM:

Diabetes em gatos: estudo cria um perfil da doença nos felinos

Proteção contra pulgas e carrapatos deve ser feita de maneira contínua para evitar infestações

Como promover a harmonia em casas multicats?

Compartilhe este artigo agora no

Siga a Cães&Gatos também no