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Clínica e Nutrição

Mudanças climáticas aumentam o risco de parasitas e zoonoses em cães e gatos

Uso de repelentes nos animais e no ambiente deve ser foco das ações de saúde pública, na visão de veterinário
Por Cláudia Guimarães
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Por Cláudia Guimarães

Além de as mudanças climáticas trazerem alguns problemas para os animais de estimação, como alterações respiratórias, cardiovasculares, renais, gastrointestinais, entre outras situações, elas também afetam, diretamente, a proliferação de parasitas transmissores de zoonoses no meio ambiente.

Com a elevação da temperatura juntamente com chuvas, os flebotomíneos transmissores da leishmaniose se desenvolvem (Foto: reprodução)

De acordo com o médico-veterinário do Departamento de Clínica Médica e do Serviço de Infectologia, do Grupo Pet Care, Fabio Navarro Baltazar, de maneira geral, a temperatura influencia diretamente o ciclo de vida dos insetos, aumentando as taxas de reprodução e desenvolvimento, além da dinâmica populacional, fato que pode favorecer a propagação de zooantroponoses. “No entanto, indiretamente, a elevação da temperatura representa fator importante por elevar o índice pluviométrico, com a umidade vindo diretamente de encontro ao desenvolvimento dos flebotomíneos transmissores da leishmaniose, visto que os padrões de distribuição das chuvas, por exemplo, se relacionam diretamente com a sazonalidade destes insetos, conforme se observa nos dados científicos”, revela.

Baltazar explica que a elevação das temperaturas e a abundância pluviométrica, por exemplo, influenciam nas dinâmicas populacionais dos insetos, muitas vezes considerados vetores de patógenos, e na fauna silvestre, onde muitos animais são considerados reservatórios de hemoprotozoários, riquétsias, entre outros parasitas. “Semelhantemente, o aumento das chuvas pode favorecer a propagação de patógenos veiculados pela água, tanto aos animais quanto aos seres humanos, assim como se observa no caso das espiroquetas do gênero Leptospira”, menciona.

Como proteger os pets?

Considerando o impacto direto da elevação das temperaturas na abundância das chuvas e na dinâmica populacional dos insetos, as medidas preventivas mais importantes contra zoonoses, segundo o profissional, se relacionam com o controle entomológico, ou seja, com o uso de inseticidas domiciliares. “O tutor deve se atentar aos cuidados para que não haja intoxicações e utilizar inseticidas próprios para os animais, como coleiras e outras formulações tópicas”, orienta.

Aumento das chuvas pode favorecer a propagação de patógenos veiculados pela água, como leptospirose (Foto: reprodução/IA)

Ele ainda adiciona que as trocas constantes das fontes de água fornecidas aos animais e a retirada de água parada, como em vasos de plantas, ralos, pneus, poços, etc., são ações essenciais para controlar doenças.

Na visão de Baltazar, atualmente, há um esforço multidisciplinar entre os profissionais da saúde humana e animal, pensando na disseminação do conceito de Saúde Única, a fim de conscientizar a população com relação às medidas de controle de patógenos, tanto por modificações ambientais quanto nos próprios pets. “No entanto, pouco se fala a respeito dos riscos da elevação das temperaturas sobre a saúde dos animais, haja vista a manutenção dos casos de hipertermia maligna atendidos em clínicas e hospitais veterinários todos os anos, nos períodos mais quentes. Portanto, os estudos científicos e a propagação da informação devem permanecer sendo veiculados à população, principalmente pelo fato das alterações climáticas terem caráter progressivo”, avalia.

Para ele, ações de saúde pública devem focar no uso de repelentes nos animais e no ambiente, associado à remoção de criadouros (fontes de água estacionárias) entomológicos, na manutenção da higiene ambiental, em trocas frequentes da água fornecida aos animais, no controle de temperatura e da umidade relativa domiciliares (por meio de ar condicionado e umidificadores de ar, respectivamente), e na prática da Medicina Preventiva nos pets. “Essas ações representam elementos essenciais neste processo”, afirma.

FAQ

Como as mudanças climáticas influenciam a proliferação de parasitas transmissores de zoonoses?
O aumento das temperaturas e da umidade favorece a reprodução e a distribuição de insetos vetores, como os flebotomíneos, transmissores da leishmaniose. Além disso, chuvas intensas podem aumentar a propagação de patógenos na água, como a bactéria causadora da leptospirose.

Quais medidas os tutores podem adotar para proteger seus pets contra zoonoses?
É essencial o uso de inseticidas específicos para animais, como coleiras e formulações tópicas, além da eliminação de água parada para evitar criadouros de vetores. A higiene ambiental e a troca frequente da água dos pets também ajudam na prevenção.

O que mais pode ser feito para reduzir os impactos das mudanças climáticas na saúde dos pets?
Manter o ambiente climatizado com ar-condicionado e umidificadores nos períodos quentes, associar o uso de repelentes nos animais e no ambiente e adotar práticas de Medicina Preventiva são estratégias fundamentais para minimizar os riscos das alterações climáticas sobre a saúde dos pets.

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