Veterinários e biólogos do zoo do Beto Carrero World, em Penha (SC), comemoram o nascimento da primeira ninhada de tigres brancos reproduzidos em cativeiro no Brasil. Radesh, Indra e Indira — dois machos e uma fêmea — estão prestes a completar três meses e já podem ser visitados pelo público.
A chegada dos filhotes foi mantida em sigilo enquanto a mãe, Amal, se adaptava com a nova função. As primeiras semanas foram observadas de perto pelos técnicos, em regime de plantão, para garantir o entrosamento entre a tigresa e os bebês.
A adaptação não é simples. A bióloga coordenadora do zoo, Kátia Cassaro, diz que, no mundo animal, mães de “primeira viagem” abandonam os filhotes com facilidade. Por isso, em nascimentos raros como este, é necessário estar atento para intervir se for necessário.
Amal deu sinais de inexperiência. Vez ou outra derrubava ou tropeçava nos tigrinhos — tudo observado de perto pela equipe do zoo. Mas, aos poucos, encaixou-se no papel de mãe. “Criamos os filhotes na mamadeira quando as mães rejeitam e não querem. Se ela resolve tomar conta, ninguém cria melhor do que ela”, diz Kátia.
Reproduzir tigres brancos em cativeiro foi um desafio. O animal era o favorito de Sérgio Murad, o Beto Carrero, por isso ter exemplares no zoo era algo importante para a equipe. Kátia pesquisou durante dois anos, em todo o mundo, um macho e duas fêmeas que tivessem a mesma idade e o menor grau de parentesco possível, para que pudessem procriar.
Ravi, o pai dos filhotes, veio de um zoo na Alemanha e chegou em dezembro de 2016. Três meses depois, chegaram as fêmeas, Amal e Rahny, vindas de um zoo da Argentina. Tigres são animais solitários e territorialistas, por isso, foi necessário um período de quatro meses de adaptação para que os três pudessem viver juntos.
Havia outro empecilho: desde 2008, uma normativa do Ibama determina que todos os felinos que estão em zoos no Brasil passem por vasectomia, para evitar a distribuição de animais em circos. Para conseguir reproduzir, o parque precisou de uma autorização especial do órgão ambiental, depois de ter apresentado um plano de manejo.
Separados dos adultos. Desde o início, os técnicos perceberam que Amal era a favorita de Ravi. Os dois brincavam e dormiam juntos, então não foi surpresa que ela tenha sido a primeira a ficar prenha. Mas, quando a gestação se confirmou, foi necessário separar Amal para que os filhotes não corressem riscos. “Na natureza, a fêmea se separa do macho e cria os filhotes sozinha”, explica a bióloga.
Por enquanto, mãe e filhotes seguirão isolados dos outros dois tigres adultos. Amal deve voltar ao recinto quando os bebês completarem um ano e não dependerem mais tanto dela. Quando isso acontecer, os filhotes também terão que ser separados. O recinto que fica ao lado do atual será adaptado para receber os novos moradores.
Fonte: NSC, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.