A Erliquiose Monocítica Canina (EMC) é uma importante enfermidade infecciosa de caráter zoonótico e cosmopolita, ocasionada pela bactéria Ehrlichia canis, transmitida pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus. Além desta, os cães podem ser naturalmente infectados com as espécies E. chaffeensis e E. ewingii. As bactérias desse gênero são gram negativas, pleomórficas e parasitas intracelulares obrigatórias de células hematopoéticas.
A importância do carrapato Rhipicephalus sanguineus, conhecido como “carrapato marrom do cão”, está relacionada a capacidade de transmitir diferentes patógenos, como Rickettsia conorii, Anaplasma platys, Babesia canis vogeli e Hepatozoon canis e a possibilidade de coinfecção no mesmo. No Brasil, a sua disseminação é favorecida pelas condições climáticas e pela grande quantidade de cães errantes.
Relato de Caso. Foi atendido, no Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Câmpus de Araçatuba, um canino, macho, da raça poodle, de seis anos e oito meses, com 5,8 kg de massa corporal. A tutora relatou que o animal apresentava hiporexia há quatro dias, epífora, dispneia, e moderada ixodidiose e puliciose. Informou que administrou a medicação Nexgard na semana anterior à consulta e que ele já havia realizado tratamento para “Doença do Carrapato” há três anos e para dermatofitose há dois anos
A imunoprofilaxia estava desatualizada e a vermifugação atualizada, porém de maneira incompleta. O paciente tinha inúmeros contactantes, como galinhas, gansos e cães do condomínio em que mora, porém sem acesso à rua. No entanto, alega acesso ao rio.
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Abaixo a bibliografia consultada pelos autores:
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Fonte: Redação Cães&Gatos VET FOOD.