Lisandra Dornelles acredita que o associativismo ampliará suas experiências
Cláudia Guimarães, da redação
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Desde o início, uma eleição diferente: médicos-veterinários puderam destinar seus votos de forma on-line, mas as novidades não pararam por aí. A chapa de número 2, com seus pilares embasados na “Renovação, Transparência e Participação”, venceu e abriu espaço para a primeira presidente mulher do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio Grande do Sul (CRMV-RS): a veterinária com atuação exclusiva na área de odontologia, Lisandra Ferreira Dornelles Fraga da Silva.
Após a inscrição de três chapas, a representada por Lisandra venceu e ainda garantiu um recorde de votação. No 1º turno, obteve 36 votos a mais que seus concorrentes. “O que, para nós, já foi uma vitória, porque nosso grupo era estreante no processo e os outros dois já haviam participado da autarquia em gestões anteriores. No entanto, no 2º turno, a diferença foi de 126 votos”, menciona, revelando o total de votos que as elegeu: 3531.
Profissional afirma que está na hora de fazer algo diferente doque vinha sendo feito, até então, no CRMV-RS (Foto: reprodução)
As plataformas da chapa foram montadas em conjunto com os colegas da classe, em debates, de acordo com as demandas dos setores. “Demos atenção especial à questão de saúde pública, à educação de qualidade e a uma nova maneira de fiscalizar. Pensamos em levar o CRMV-RS para dentro das universidades, a fim de que o estudante já se forme entendendo como funciona o Conselho e sabendo como portar-se de forma profissional”, informa.
Entre os desejos de Lisandra, que atuará como presidente nos próximos três anos, é se aproximar das entidades de classe, para fortalecer a profissão e as próprias entidades. Para isso, ela contará com o auxílio das demais participantes da chapa: “Consideramos importante que um zootecnista tivesse um cargo de maior representatividade na autarquia, visto que o CRMV responde pelas duas profissões, por isso, nossa vice-presidente é a zootecnista Angélica Pinho. Além dela, contamos com a secretária geral, Marianne Lamberts, e a tesoureira, Eliane Goepfert, ambas médicas-veterinárias”, enumera.
Equipe. As eleitas estão sendo chamadas de “As Lulus” no setor, mas Lisandra conta que foi mera coincidência o grupo ser formado apenas por mulheres, que, em sua visão, estão buscando mais espaço nas decisões em todas as áreas. “Somos em maior número na profissão, atualmente, então, acredito que seja natural que comecemos a ter mais representatividade. A única garantia que posso dar é que iremos oferecer o nosso melhor”, garante.
A gestão contará com mais seis conselheiros titulares (MV Paulo Casa Nova, MV Ricardo Gutierres, MV Fernando Gonzales, MV Marília Terra Lopes, Zoot Gerson Garcia e MV Felipe Libardoni) e seis suplentes (MV Roberto Lucena, MV Carolina Erhardt, MV Gustavo Brambatti, MV, Zoot Patrícia Metz Donicht, MV Martielo Gercke e Zoot Isabella Barbosa). “Procuramos escolher colegas de várias regiões do Estado e de diferentes áreas de atuação, tentando aumentar, assim, a representatividade dos profissionais como um todo, descentralizando a entidade”, comenta.
Planejamento. O mais “urgente”, na visão de Lisandra, assim que assumir a gestão, se concentra na questão dos cursos de Medicina Veterinária a distância. “Pretendemos formar um grande grupo que englobe os CRMV’s dos outros Estados, o CFMV e, também, as entidades representativas de outras profissões da área da saúde, a fim de tentar barrar a disseminação do ensino a distância (EAD). Já estamos articulando com algumas lideranças a respeito do assunto”, revela.
A palavra que definirá sua presidência, segundoLisandra, é “democrática” (Foto: divulgação)
A profissional também menciona que desburocratizar os serviços disponibilizados aos profissionais do setor e promover cursos de reciclagem e atualização dos responsáveis técnicos (RT’s) fazem parte de seus planos. “Acreditamos que, para que ocorra uma fiscalização eficiente, é preciso que haja anteriormente, uma boa orientação”, argumenta.
A palavra que definirá sua presidência, segundo Lisandra, é “democrática”. “A ideia, desde o início, foi trabalharmos em grupo, com as decisões sempre tomadas coletivamente. Começamos assim na criação das propostas e pretendemos levar a gestão da mesma forma. O CRMV-RS será dirigido por um grupo, não por um nome”, salienta.
Um diferencial que foi instituído na equipe, como conta a nova presidente, é que todos os conselheiros possam participar de forma ativa dentro do Conselho. “Não distinguimos titulares e suplentes. Somos um grupo coeso e todos são bastante participativos. Vamos trabalhar pelo bem comum, sem colocar interesses pessoais ou partidários acima dos interesses das profissões. Pensamos, também, em estimular as criações orgânicas, visto que, cada vez mais, as pessoas estão se preocupando com o bem-estar animal e com a qualidade da alimentação que colocam em suas mesas”, aponta.
A profissional, que percebeu que estava na hora de fazer algo diferente do que vinha sendo feito, até então, no CRMV, declara que ainda deseja aumentar a participação dos profissionais no SUS, inserindo os colegas em equipes multidisciplinares nos Núcleos Ampliado de Saúde da Família (NASF’s), visto que a participação desses profissionais é essencial em virtude do grande conhecimento a respeito de zoonoses e antropozoonoses. “Quando não estamos confortáveis com uma situação, a melhor forma de mudar é participando ativamente”, finaliza.