
Cláudia Guimarães, da redação
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Muitos são os motivos pelos quais os animais de companhia são encaminhados para um procedimento cirúrgico. Seja por conta de alguma doença ou a realização de uma castração, os pets precisam, antes, ser submetidos à sedação.
O médico-veterinário Ricardo Guilherme D’Otaviano de Castro Vilani, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR, Curitiba/PR), professor de Anestesiologia Veterinária e coordenador do curso de Medicina Veterinária da UFPR, explica que existem as cirurgias eletivas, ou seja, programadas, onde o paciente é adequadamente examinado e realiza exames laboratoriais e, também, as de emergência e urgência. “É comum pacientes chegarem com traumatismos que necessitam de sedação para procedimentos terapêuticos ou diagnósticos, ou, então, aqueles que necessitam da sedação para a realização de um exame radiológico, biopsia ou endoscopia”, expõe. Antigamente, segundo ele, a maioria desses métodos era realizada, exclusivamente, com anestesia, porém, atualmente, muitos procedimentos diagnósticos e terapêuticos acontecem com o paciente apenas sedado.

Segundo profissional, os efeitos da sedação variamconforme a combinação de medicamentose suas doses (Foto: divulgação)
Vilani revela que existem três opções terapêuticas para essas situações. A primeira é a tranquilização, onde o objetivo é o controle da ansiedade e estresse, que promove relaxamento muscular, porém sem causar sonolência. Depois, há a sedação, com o mesmo efeito, mas, nesse caso, também gera sono. “Tanto na tranquilização como na sedação existe a minimização do estresse. A outra opção é a anestesia, onde, diferente dos outros, há inconsciência. Nesse caso, não irá ocorrer, necessariamente, o controle do estresse, inclusive alguns anestésicos podem estimular o estresse”, explana.
O profissional cita que, atualmente, a anestesia veterinária é uma especialidade desenvolvida e os riscos de um procedimento anestésico são mínimos. “Pacientes idosos e severamente doentes, por exemplo, cães com enfermidades cardíacas, podem ser anestesiados com segurança, desde que, adequadamente avaliados e preparados para isso. Também é importante serem acompanhados por um médico-veterinário anestesista”, salienta. Vilani também destaca que um profissional não especialista na área, muitas vezes, precisa sedar ou anestesiar um paciente e, para os menos experientes, esse pode ser um momento crítico. “Hoje em dia, temos novos sedativos e anestésicos mais seguros, inclusive alguns que possuem reversores, fazendo com que a anestesia seja mais segura”, aponta.
Novas soluções. Essa tecnologia foi trazida pela Zoetis (São Paulo/SP) ao mercado pet brasileiro: uma dupla de medicamentos para sedar e reverter sedação de cães e gatos com segurança. Os lançamentos são: o Dexdomitor, que age como sedativo e analgésico, e o Antisedan, que reverte seus efeitos e permite a rápida recuperação dos animais, de acordo com a gerente de Produto da Zoetis, Fabiana Avelar.
Segundo Vilani, a reversão de uma sedação pode ser realizada quando o profissional deseja proporcionar uma recuperação mais rápida ou quando ocorre alguma intercorrência devido à ação do medicamento. “De uma maneira geral, ter um antagonista torna o procedimento mais seguro. Outro ponto importante é a satisfação do tutor em poder levar seu pet para casa imediatamente após uma sedação e completamente recuperado”, afirma.
O paciente sedado pode apresentar sonolência leve ou pesada, podendo chegar a um sono profundo e, de acordo com o profissional, isso varia conforme a combinação de medicamentos e suas doses. “A novidade apresentada pela Zoetis ao mercado brasileiro, a dexmedetomidina, isoladamente, pode apresentar desde tranquilização até sedação profunda, dependendo da dose utilizada. Apesar de ser um excelente analgésico, quando procedimentos que envolvam dor são realizados, normalmente ele é associado a analgésicos, permitindo a redução de sua dose e a manutenção da analgesia quando seu efeito é revertido”, explica. Junto com a dexmedetomidina, o reversor atipamezole, segundo Vilani, não serve para qualquer anestésico, mas, sim, uma classe específica de medicamentos. “O atipamezole é específico para a reversão da dexmedetomidina”, garante.

Zoetis apresenta vantagem inédita com a possibilidade de reverter a sedação edevolver ao tutor seu animal totalmente recuperado (Foto: divulgação)
A Zoetis acredita que estes dois produtos possam fornecer, além de tranquilidade ao médico-veterinário em procedimentos de rotina, uma vantagem inédita com a possibilidade de reverter a sedação e devolver ao proprietário seu animal totalmente recuperado em poucos minutos. Além da utilização para sedação, Dexdomitor pode ser aplicado como pré-anestésico em um protocolo de anestesia multimodal, oferecendo benefícios como confiabilidade e melhor recuperação, aliados ao efeito poupador de dose para todas as drogas anestésicas injetáveis e inalatórias. “O emprego da Dexmedetomidina permite alta flexibilidade em relação aos protocolos de sedação para cães e gatos, além de segurança e reversibilidade com o antagonista Antisedan”, explica a gerente Fabiana.
O médico-veterinário Ricardo Vilani conta que a redução no índice de mortalidade anestésica foi o primeiro objetivo de pesquisas na área de cirurgia de pequenos animais. “Com isso, vieram o desenvolvimento de novos anestésicos e técnicas anestésicas, além de equipamentos para monitoração do paciente. Naturalmente, isso deverá continuar para que o paciente esteja mais seguro e confortável”, sinaliza. Apesar disso, o profissional aponta um desafio enfrentado pelos médicos-veterinários: levar a tecnologia para todas as clínicas veterinárias. “Obviamente, todo profissional deseja oferecer a melhor condição de atendimento aos seus pacientes. Muitas vezes, porém, por questões financeiras, os tutores não conseguem arcar com o custo de um especialista e, possivelmente, o médico-veterinário não especialista não dispõe de todos os recursos técnicos”, adiciona.