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Clínica e Nutrição

Novembro Azul: médicos-veterinários falam sobre o câncer de próstata em cães e gatos

Por Equipe Cães&Gatos
novembro azul
Por Equipe Cães&Gatos

Gabriela Couto, da redação 

gcouto@ciasullieditores.com.br 

O mês de novembro é conhecido pela Campanha Novembro Azul, criada para a conscientização do câncer de próstata e alertar os homens da importância do diagnóstico precoce. O penúltimo mês do ano foi o escolhido, porque hoje, 17 de novembro, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. E esse é um problema que não atinge apenas os humanos, cachorros e gatos também sofrem com ele, por isso, é importante conscientizar os tutores sobre os riscos da doença.  

A médica-veterinária e doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal, Beatriz Furlan Paz, explica que os animais atingidos pela doença, comumente, podem apresentar dificuldade e dor para urinar ou defecar, sangramento na urina, constipação e afilamento das fezes, que se apresentam em forma de fita. “Os sintomas do paciente estarão relacionados ao avanço local ou metastático da doença. Localmente pode haver invasão em vértebras lombares, ou compressão de nervos com mudanças no modo que o animal caminha. Metástases ósseas, normalmente, estão associadas a dores intensas, podendo evoluir para fraturas patológicas. Sinais inespecíficos como dor abdominal, intolerância ao exercício, cansaço, aumento da frequência respiratória, falta de apetite e perda de peso também podem estar presentes”, completa.  

Beatriz reforça que não existe um sintoma único para a doença. E a principal observação do tutor deve estar relacionada à micção, ou seja, caso o animal comece a demonstrar esforço excessivo para urinar, urine com sangue, ou dor, o cuidador deve procurar um médico-veterinário para avaliação.  

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Não existe sintoma único para a doença, a principal observação do tutor deve estar relacionada à micção, ou seja, caso o animal comece demonstrar esforço excessivo para urinar (Foto: Reprodução)

Após a avaliação do clínico geral, possivelmente pelas informações dadas sobre o paciente na anamnese, os sintomas e exame físico, o médico-veterinário solicitará exames complementares para diagnóstico. “Ao obter dados compatíveis com a suspeita de carcinoma prostático, desde o aumento da próstata na palpação retal a alterações observadas no ultrassom abdominal, é indicado que o cuidador procure um médico-veterinário oncologista”, menciona. 

Exames específicos devem ser feitos, porque o animal pode estar com hiperplasia prostática, que, segundo o médico-veterinário e professor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária, da Unesp Jaboticabal, Andrigo Barboza De Nardi, é uma alteração benigna, sendo a doença prostática mais comum que acomete cães machos não castrados e que cursa com o aumento do volume da próstata. “Em um estudo, cerca de 50% dos cães adultos apresentaram alterações compatíveis com hiperplasia prostática até os 4 ou 5 anos de idade, no entanto, a doença atingiu cerca de 90% de cães com mais de 8 anos, sendo considerada, portanto, mais comum em animais idosos”, explica Andrigo. 

A castração reduz a concentração de hormônios sexuais, havendo a involução natural da próstata, então ela diminui os riscos dos animais desenvolverem a hiperplasia prostática e também câncer de próstata. “Além da castração, a cirurgia, o uso de anti-inflamatórios e radioterapia continuam sendo as principais técnicas de tratamento descritas na literatura. O papel da quimioterapia parece incerto no aumento da sobrevida dos pacientes com câncer de próstata”, conta o médico-veterinário.  

Como prevenir? 

Segundo Andrigo, o principal modo de prevenir o câncer de próstata em cães é o monitoramento. “Todo cão e gato idoso deve ser acompanhado por um médico-veterinário com frequência, recebendo pelo menos uma consulta veterinária por ano. O diagnóstico precoce é o melhor modo de garantir melhor sobrevida e qualidade de vida para os pacientes com câncer de próstata”, explica.  

Quais cuidados tomar com os animais diagnosticados com câncer de próstata?  

Beatriz conta que os cuidados específicos estarão relacionados ao grau de obstrução e dificuldades para defecar e urinar que o paciente possa apresentar. Mas dietas pastosas, uso de laxantes e sondas urinárias podem ser recomendados durante o tratamento.  

O tumor corre o risco de voltar após o tratamento? 

De acordo com os veterinários, o tumor pode, sim, voltar. “O câncer de próstata pode ser considerado como uma doença crônica, cuja terapia visa sobretudo controlar a progressão da doença e aumentar a sobrevida do paciente, buscando melhorar e manter sua qualidade de vida. 70 a 80% dos pacientes podem apresentar metástases”, conta Andrigo. 

Um pet diagnosticado com câncer de próstata pode viver quantos anos? 

A médica-veterinária afirma que o tempo de sobrevida é variável de acordo com o quadro inicial no qual o câncer de próstata foi diagnosticado. “Sem tratamento, a sobrevida mediana é de 30 dias; com tratamento, há relato de animais que viveram até cerca de 600 dias”, finaliza.  

O câncer de próstata é uma doença séria, que atinge muitos animais e, por isso, exige que o tutor se atente aos sinais e investigue na primeira suspeita. É importante se conscientizar e manter as consultas dos pets sempre em dia, seguindo a rotina de exames.  

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