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Clínica e Nutrição

Nutrição de cães e gatos exige respeito às necessidades específicas de cada espécie

Veterinários explicam diferenças evolutivas entre cães e gatos domésticos e como isso deve refletir em suas dietas
Por Cláudia Guimarães
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Por Cláudia Guimarães

A nutrição ocupa um lugar central, ao lado de outros aspectos, como meio ambiente, manejo sanitário e condutas do proprietário, em relação ao bem-estar de cães e gatos. Todos esses são aspectos básicos que os pets precisam para expressar seus comportamentos normais, como bem-estar fisiológico e saúde.

Quando assumimos a responsabilidade de termos cães e gatos sob nossos cuidados, conhecê-los e respeitá-los é fundamental (Foto: reprodução)

Os médicos-veterinários Aulus Cavalieri Carciofi e Márcia de Oliveira Sampaio Gomes, no livro “Bem-estar dos cães e gatos e Medicina Comportamental”, de Ceres Berger Faraco, comentam que, apesar de ocuparem os mesmos espaços e participarem da rotina das pessoas em uma casa, bem como da interação estreita entre pessoas e seus cães e gatos, é necessário considerar que se tratam de espécies específicas, que tiveram uma história natural diferente, interagiram de modo não ecossistema, onde se desenvolveu de modo diverso. Isso determina que cães e gatos tenham necessidades especiais, as quais devem ser tratadas, respeitadas e supridas pelo proprietário. “O atendimento dessas necessidades representa o respeito que espera que os proprietários tenham para com os animais que dividem residência com eles”, pontuam.

Assim, fornecer guloseimas, como bolos, bolachas, alimentos à base de açúcares, ou a transposição de valores alimentares culturais humanos, como vegetarianismo e veganismo para cães e gatos, não significa expressão de sentimento de carinho, mas, falta de compreensão das necessidades alimentares do animal.

Evolução alimentar e as particularidades nutricionais 

Os profissionais explicam que cães e gatos pertencem à classe Mammalia e à ordem Carnivora. “Apesar desse tronco comum, essas duas espécies apresentam distinções relevantes em seu padrão alimentar, explicadas, também, por sua evolução e Características. Na superfamília Canoidea, encontram-se o cão doméstico (Canis familiaris), Ursídeos (urso), procionídeos (guaxinim), com dieta onívora – que inclui, além das presas que caçavam, carniça, matéria vegetal e invertebrados – e as famílias com hábitos carnívoros, como os mustelídeos (doninha) e uma família de hábitos herbívoros, a Ailuridae (urso panda). Por outro lado, na superfamília Feloidea, à qual pertence o gato doméstico, observam-se apenas espécies que apresentam hábitos de alimentação carnívoros no meio ambiente (CASE et al., 2010a; BRADSHAW, 2006)”, citam.

A história evolutiva alimentar do cão sugere padrões de predadores generalistas, com hábitos oportunistas, de acordo com os veterinários. “A espécie da qual os cães descendem tinha, provavelmente, hábito de caça coletiva, aproveitando, no geral, de animais grandes. Ao obterem sucesso na caça, consumiram de forma rápida e voraz, gerando competição e estando sujeitos às relações de dominância entre os membros do grupo”, revelam.

Descendente de uma espécie pequena de felino, originária do norte da África (Felis silvestris lybica), o gato exibe um padrão lento de ingestão alimentar e não desenvolver hábitos onívoros (Foto: reprodução)

Em diversos momentos, segundo os autores, esses animais consumiram também carniça, vegetais, como frutas, raízes e gramíneas, insetos e pequenos répteis, mamíferos e anfíbios (NRC, 2006a). “Já a evolução do gato doméstico ocorreu por padrão alimentar mais restritivo, o que foi aprimorado em menos adaptações alimentares e mais idiossincrasias nutricionais. Descendente de uma espécie pequena de felino, originária do norte da África (Felis silvestris lybica), o gato apresenta, até hoje, alguns padrões alimentares observados nessa espécie, como o de caçar de forma individual, predar animais de pequeno porte (como pequenos mamíferos, aves, répteis e insetos), exibir padrão lento de ingestão alimentar e não desenvolver hábitos onívoros (BRADSHAW, 2006; NRC, 2006a). Tais aspectos de sua evolução resultaram em particularidades metabólicas e necessidades nutricionais específicas da espécie felina, não observadas em cães (CASE et al., 2010a)”, sinalizam.

Como destacado por Aulus e Márcia, quando assumimos a responsabilidade de termos cães e gatos sob nossos cuidados, em nossa casa, conhecê-los e respeitá-los é fundamental. “A alimentação é um exemplo disso, já que as necessidades de nutrientes são atributos de espécies que não mudam de improviso, nem tomam conhecimento das especificidades humanas: culturais ou sociais”, encerram.

FAQ

Por que são fundamentais as diferenças nutricionais entre cães e gatos?
Cães e gatos têm evoluções alimentares distintas, resultando em necessidades nutricionais específicas. Enquanto os cães possuem um padrão alimentar mais generalista e onívoro, os gatos são carnívoros obrigatórios com particularidades metabólicas que exigem cuidados específicos. 

Como a evolução alimentar do gato doméstico influencia suas necessidades nutricionais atuais?
O gato doméstico, descendente do Felis silvestris lybica, apresenta padrões alimentares restritos e comportamentos herdados, como caçar de forma individual e consumir presas pequenas. Essa evolução foi focada em necessidades metabólicas exclusivas, como alta demanda por proteínas e nutrientes específicos encontrados em dietas carnívoras.

Qual o impacto da oferta de alimentos humanos inadequados para cães e gatos?
Oferecer alimentos humanos, como doces ou dietas veganas, desconsidera as necessidades nutricionais naturais dos animais de estimação e pode levar a problemas de saúde. 

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