Cláudia Guimarães, da redação
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Mais de 132 milhões de animais estimação no Brasil. Este dado captado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, Rio de Janeiro/RJ) dá margem a outra realidade, além da paixão dos brasileiros pelos pets: a ampliação do trabalho do médico-veterinário. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet, São Paulo/SP), os lares brasileiros possuem mais de 52 milhões de cães, 38 milhões de aves, 22 milhões de felinos e 18 milhões de peixes e este profissional, homenageado em 09 de setembro, Dia do Médico-Veterinário, é o responsável por, entre outras coisas, manter a saúde e o bem-estar de todas as espécies.
Um estudo realizado pelo IBOPE Inteligência constata essa realidade em números. A frequência de ida à clínica veterinária se dá por consulta de rotina e vacinação (79% para cães e 76% para gatos), surgimento de alguma doença (26% para cães e 19% para felinos), higiene (17% para cães e 15% para gatos) e emergência (9% para cães e 12% para felinos). Para atender a essa demanda, o médico-veterinário deve estar capacitado e preparado para oferecer o atendimento mais adequado ao paciente.
Profissionais do setor apontam a educação continuada comogarantia de sucesso na profissão (Foto: divulgação)
Sobre isso, o associado fundador e atual Diretor Social da Abrovet (São Paulo/SP), Rodrigo Ubukata, cita que Medicina Veterinária brasileira desenvolveu-se enormemente nos últimos anos. O profissional, que é um dos acreditados como especialista em Oncologia Veterinária, lembra que, com esse desenvolvimento, surgiram as especialidades nas mais diversas áreas, assim como ocorreu na medicina. “Tutores, agora, com acesso à informação, tendem a procurar atendimento especializado. Isso é importante, pois possibilita melhores diagnósticos bem como melhores tratamentos e cada vez mais precoces, o que propicia melhores resultados. A própria literatura médica e médica-veterinária comprova a diferença nas respostas aos tratamentos quando são realizadas por generalistas ou especialistas”, aponta.
Apesar disso, Ubukata destaca que as pessoas jamais devem se esquecer que os generalistas, também conhecidos como clínicos gerais ou clínicos de medicina interna, são extremamente importantes para o primeiro atendimento, principalmente, porque várias doenças, muitas vezes, não são percebidas de forma a procurar alguma especialidade em primeira instância. “Sempre digo aos meus alunos que o difícil não é ser especialista, mas sim ser clínico geral. Ter essa visão e conhecimento de todas as áreas não é uma tarefa fácil”, sublinha. Portanto, o especialista assegura que trabalhar em equipe é extremamente importante para o interesse maior: manter o bem-estar dos pacientes.
Além disso, segundo Ubukata, com o aumento do interesse dos profissionais por especialidades, também é importante a regulamentação de cada uma delas para que deem credibilidade e segurança para tutores e pets que delas necessitem. “A certificação profissional dos especialistas é um movimento importante e necessário. Hoje as provas de títulos são uma realidade e, pelo menos na Oncologia, posso dizer que já faz diferença. Os tutores já chegam sabendo quem são, realmente, acreditados e procuram informações sobre os profissionais. O ponto positivo é que dá mais credibilidade à profissão do médico-veterinário e diferencia aquele profissional daquele que fez um breve curso e se autointitula especialista, o que, aliás, é proibido”, menciona.
O ex-diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP, São Paulo/SP), Enrico Lippi Ortolani, por sua vez, relata que uma das alternativas para a abertura de mercado para médicos-veterinários é a especialização para, justamente, o atendimento das mais diversas espécies animais. “Sem dúvida, a mais estruturada alternativa é a área de clínica de cães e gatos. Até a década de 80, praticamente não existiam clínicas especializadas. Aos poucos, foram surgindo centros especiais em odontologia, cardiologia, endocrinologia, acupuntura etc. Por conta disso, uma quantidade muito significativa de jovens profissionais se colocaram no mercado nacional oferecendo um atendimento de melhor qualidade e com retorno econômico mais significativo que as formas tradicionais”, salienta e ainda afirma que o empreendedorismo de alguns profissionais ultrapassou as barreiras esperadas para a profissão.
Ortolani também chama atenção para o fato de que algumas áreas, que não apenas de animais de estimação, também foram desenvolvidas na forma de especialização, em especial na área de consultoria em reprodução animal, gerência sanitária ou zootécnica de propriedades rurais. “O mercado, hoje, está aberto a profissionais multivalentes, ágeis e que estejam preparados para resolver problemas. Esse é um grande desafio para a formação dos novos egressos”, opina.
Algumas dicas para os estudantes ou recém-formados são listadas pela presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Estado do Rio Grande do Sul (Anclivepa-RS), Vera Machado, a fim de alcançar sucesso no mercado. Ela afirma que é essencial a procura por estágios, além de estudo contínuo, porque é isso que o setor, hoje, espera de um médico-veterinário. “Fazer um bom curso, assistir palestras e se atualizar. A Medicina Veterinária é uma ciência que evolui constantemente e se manter informado é fundamental”, atesta. Realizar, desde cedo, o contato com revistas especializadas na área, ir a congressos e manter um grupo de estudo e atualização também são fatores que, para Vera, certamente, fazem do recém-formado um profissional atualizado. “Dessa maneira ele estará apto para contribuir com a sociedade e com a interação homem-animal, onde todos lutam por um planeta melhor. O mercado sempre terá lugar para pessoas sérias e competentes, que tenham ética e que saibam gerenciar a sua carreira de maneira positiva”, frisa.
Vera ainda lembra que uma opção para impulsionar a carreira deste profissional é o associativismo. “Nessa profissão, o veterinário vai auxiliar o fortalecimento da classe, ampliar o conhecimento dos associados, proporcionando excelência em cursos e palestras a um baixo custo, entre outros pontos positivos. Representatividade é a principal meta dentro do associativismo. Devido à setorização da profissão, temos espaço pra nos unir e representar os clínicos de pequenos animais, além de mostrar a sua importância diante da sociedade”, adiciona.