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Clínica e Nutrição

OBESIDADE É UMA DOENÇA PREOCUPANTE QUE ATINGE TODAS AS ESPÉCIES

OBESIDADE É UMA DOENÇA PREOCUPANTE QUE ATINGE TODAS AS ESPÉCIES Dia 03 de junho destaca a importância das pessoas combaterem a enfermidade
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Dia 03 de junho destaca a importância das pessoas combaterem a enfermidade

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Obesidade: nove letras e inúmeros prejuízos. No dia 03 de junho é comemorado o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil e, como os pets já fazem parte das famílias brasileiras, muitas vezes, ocupando o mesmo lugar de filhos, e somado ao fato de que a doença é uma das mais recorrentes na clínica de pequenos animais, a C&G VF chama atenção para a casuística pet.

Maior risco anestésico e cirúrgico e de endocrinopatias e/ou distúrbios metabólicos, tais como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, diabetes mellitus, lipidose hepática e dislipidemia. Além dessas, alterações articulares e ósseas (ruptura de ligamento, osteoartrites, doença de disco intervertebral), cardíacas e respiratórias (colapso de traqueia, paralisia de laringe, hipertensão arterial), também podem ocorrer no animal obeso, de acordo com a médica-veterinária endocrinologista, Tatiane Schirmer Linden. “Isso porque o excesso de massa compromete a função e expansão respiratórias, além de distúrbios urogenitais como urolitíase, infecções do trato urinário e incontinência urinária. 

A veterinária e diretora Operacional do aplicativo Dot Pet, Lara Torrezan, explica que, tecnicamente, a obesidade ocorre devido a um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético, possivelmente mediante redução da atividade física ou modificações no metabolismo basal, induzida por vários fatores, incluindo mudanças nas concentrações sanguíneas de estrogénio e testosterona. “A literatura científica prevê que a castração é, frequentemente, citada como um fator que contribui para obesidade”, aponta. De acordo com a veterinária Cibele Erreiras Ruiz, após a castração o metabolismo diminui, então, alguns animais acabam ganhando peso ou têm dificuldade pra perder. “Isso depende muito da rotina do pet. Alguns ficam um pouco mais preguiçosos, então, cabe ao tutor manter rotina de exercícios e alimentação balanceada”, complementa.

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Animais castrados e adultos tendem aser obesos por conta da diminuição deatividade física (Foto: C&G VF)Os diversos graus de obesidade em cães e gatos estão tomando proporções epidemiológicas alarmantes, podendo estar associados com doenças metabólicas, como comentado por Tatiane: “Nos últimos 10 anos, os estudos demonstram que cerca de 33% de cães que frequentam clínicas veterinárias estão com sobrepeso”.

Segundo a profissional, os fatores aos quais a obesidade está relacionada podem incluir raça, sexo, ambiente, condição reprodutiva e idade. “Além disso, atividade física e conteúdo calórico dos alimentos também podem predispor e/ou interferir para que o cão ou gato adquira a doença”, salienta. Ainda de acordo com Tatiane, os fatores genéticos em humanos e animais de laboratório estão bem descritos, entretanto, não estão ainda bem esclarecidos em cães. “Dentre as raças mais predispostas podemos citar o Labrador Retriever, Beagle, Shih Tzu, Dachshund, entre outros”, enumera.

Fatores desencadeantes. Vale ressaltar, na visão de Lara, que disfunções endócrinas podem ocasionar casos de obesidade, apesar de serem bem menos comuns.  A veterinária Tatiane também confirma: “Distúrbios metabólicos e endócrinos podem estar presentes, tais como o hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e administração de medicações que aumentam o apetite. Por fim, a resistência insulínica, as dislipidemias, doenças cardiovasculares e respiratórias, alterações osteoarticulares, doenças dermatológicas e sistema urogenital podem estar relacionados à obesidade”.

A falta de atividades físicas, que acaba levando o pet ao sedentarismo, também é citada pelas veterinárias como um fator que colabora para a chegada da doença. “O tutor deve estimular atividade física de modo que o pet não fique sedentário e deve levar periodicamente o animal à clínica para exames de rotina, bem como avaliação de doenças intercorrentes”, declara Tatiane. No entanto, como aponta Lara, um grande problema enfrentado referente à prevenção da obesidade é que muitos tutores não percebem que seu animal de estimação está com sobrepeso ou obeso. “Por isso, é muito importante a avaliação e orientação de um profissional”, adiciona.

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Cerca de 33% de cães que frequentam clínicasveterinárias estão com sobrepeso (Foto: reprodução)

Melhor prevenir que remediar. Lara conta que, para evitar a obesidade e o sobrepeso, os tutores devem oferecer aos seus pets uma dieta formulada especificamente para cada espécie, fase da vida, estilo de vida, de boa qualidade e equilibrada. “Em caso de alimentação industrializada, a recomendação é fornecer exatamente a quantidade sugerida pelos fabricantes. Além disso, é preciso evitar os petiscos calóricos e fora de hora. Se a alimentação for com comida, é imprescindível consultar um nutricionista para recomendar quais alimentos e qual a quantidade recomendada para cada animal”, destaca.

Outra forma de prevenir a obesidade, como já mencionado, é incluir ou aumentar exercícios na rotina. “As brincadeiras são uma ótima maneira do tutor curtir com seu animal e ao mesmo tempo cuidar da saúde dele. Aumentar a rotina de passeios é uma ótima alternativa no caso dos cães”, orienta.

Tatiane revela que resultados de estudos em cães demonstram que a prevenção da obesidade diminui a prevalência de displasia coxofemoral e osteoartrite de quadril e outras articulações. “Além disso, mostram que a perda de peso é uma terapia eficaz para a osteoartrite em cães com sobrepeso e obesidade”, complementa.

A veterinária Cibele afirma que racionar a alimentação do cão adulto em pelo menos duas refeições diárias, de acordo com sua idade e peso, previne obesidade. “O correto é dar ração ou comida caseira balanceada por nutrólogo. Com esse tipo de alimento, dificilmente o animal necessitará de vitaminas, aminoácidos e minerais. As frutas e legumes podem ser introduzidos, como por exemplo, cenoura crua, maçã e chuchu. Qualquer alimento em excesso pode levar ao ganho de peso, por exemplo, a banana, que é bem calórica”, destaca.

Diagnóstico. Cada vez mais, segundo Cibele, chegam às clínicas pacientes mais “gordinhos” e isso tem afetado a saúde como um todo. “Quanto mais investimentos e avanços em pesquisas dentro do universo da Medicina Veterinária, mais cedo vamos identificar o problema e mais precoce será o tratamento, junto com a conscientização dos tutores”, opina. Para o médico-veterinário, o diagnóstico do sobrepeso baseia-se em avaliação nutricional, exame físico e clínico completo do paciente. “É de grande importância identificar o os fatores nutricionais e ambientais envolvidos no desenvolvimento da obesidade, para que se possa adotar medidas preventivas e desenvolver melhores estratégias para o tratamento”, afirma Lara.

Pacientes com o abdômen abaulado a partir da última costela, que possuem o gradil costal de difícil palpação e que com depósitos de gordura evidentes são considerados obesos, de acordo com Tatiane. “O escore de condição corporal (ECC) é a forma de diagnóstico mais utilizada para avaliação da condição do animal e pode variar em uma escala de 1 a 5, onde 1 corresponde a um paciente caquético, 2 a um paciente magro, 3 a um animal com condição corporal ideal, 4 pet com sobrepeso e, por fim, 5 a um animal obeso”, discorre.

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As profissionais Lara Torrezan e Tatiane Linden acreditam que omédico-veterináriopossui importante papel na conscientização dostutores em relação à doença (Foto: divulgação)

Cuidando de quem é importante. O tratamento para a obesidade, tanto em cães como em gatos, segundo Lara, requer o acompanhamento constante de um veterinário nutrólogo, que, após a avaliação completa do pet, irá preparar para um programa de redução do peso específico para cada pet.  “O tratamento é baseado em dois pilares: diminuição da ingestão energética e aumento do gasto energético. Hoje, o mercado dispõe de alimentos especificamente formulados para animais que estão em tratamento da obesidade, ou até mesmo com sobrepeso, ajudando os tutores nessa missão”, indica.

O condicionamento físico, como conta Tatiane, traz benefícios ao paciente com excesso de peso, independentes da perda de peso, diminuindo a hipertensão e a resistência insulínica. “A prática de exercícios físicos pode ser implementada sob forma de caminhadas, corridas ou até mesmo natação, principalmente se houverem alterações ortopédicas”, sinaliza. Cibele ressalta que o excesso de peso é uma condição debilitante da saúde e que deve ser corrigido pela prescrição de ração light/diet pelo médico-veterinário, além do exercício físico, também orientado pelo profissional. “O sedentarismo estimula o ganho de peso”, sinaliza. Para ela, recomendações especiais para cada caso devem vir destes profissionais, pois é a vida e a qualidade de vida do animal que está em jogo.

Na visão de Lara, a enfermidade já atingiu proporções de epidemia em países desenvolvidos e em desenvolvimento e esse fato gerou preocupação geral para os órgãos de saúde, incluindo o meio veterinário. “A obesidade como crise não é, nos dias de hoje, apenas um assunto humano. Ela atravessou a fronteira das espécies. Por isso, em minha opinião, é extremamente importante uma atenção maior voltada para este tema, conscientizando tutores a prevenirem e tratarem seus pets contra essa doença que é a mais frequente em cães e gatos na atualidade”, sublinha.

Para Tatiane, o médico-veterinário possui um papel importante nessa conscientização e orientação ao tutor, podendo indicar alimentação balanceada e de boa qualidade, explicando quais os riscos e quais doenças podem se manifestar, caso esteja com sobrepeso ou excesso de peso.