Cláudia Guimarães, da redação
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Quantos são os especialistas em diversos assuntos que encontramos ao longo da vida, cheios de opiniões e argumentos baseados nas vozes de suas cabeças, não é? Sobre animais de companhia, mesmo, em vários posts nas redes sociais da C&G, sempre tem alguém defendendo uma tese, praticamente e, quando vamos ver, passou longe de ser médico-veterinário. Nesse Dia Mundial da Medicina Veterinária, damos vozes a veterinários, de fato, capacitados para falar conosco sobre o que tanto nos importa: a saúde dos pets.
Quando questionada sobre como lida com as questões dos hartes e ativistas, que, em algumas vezes, distribuem informações distorcidas, a médica-veterinária Caren Lopes Oliveira entende que, como veterinária que é, tem o dever de disseminar o conhecimento científico e faz isso por meio das redes sociais. “Nelas, consigo sanar dúvidas me comunicando de maneira simples para atingir um público amplo e driblar a desinformação”, garante.
Em sua visão, a internet é um importante instrumento de comunicação, capaz de alcançar diversos públicos. “Acredito que seja de bom proveito utilizar-se dela de maneira correta para dar visibilidade e passar credibilidade sobre a Medicina Veterinária”, pondera.
Ela conta que, diretamente, nunca teve conflito direto com ativistas e haters, apenas divergências de ideias. “Entretanto, constantemente questiono as informações errôneas disseminadas em plataformas de streaming, a fim de corrigi-las. Como por exemplo, o filme ‘Lulli’, da Netflix, que mostra a cena de uma estudante de Medicina confirmando uma suspeita de toxoplasmose porque a paciente assume ter ‘brincado com um gato’”, menciona.
Voz aos profissionais da Veterinária
Apesar dos pesares, Caren acredita que, hoje, a população em geral está mais consciente sobre a importância de procurar um profissional da Medicina Veterinária para cuidar da saúde dos pets. “Isso porque, uma nova formação familiar, que inclui os pets como membros da família, está emergindo – sendo nomeada como família multiespécie. Dessa forma, o envolvimento emocional com os animais tem crescido, assim como a preocupação acerca da saúde dos mesmos. Além disso, o maior acesso à informação, facilitado pela internet, faz com que os tutores compreendam melhor as necessidades dos animais”, argumenta.
Com relação à Medicina Veterinária no Brasil, Caren acredita que muitos profissionais têm buscado, cada vez mais, por especializações e atualizações, o que colabora para uma melhora importante na qualidade do serviço prestado, atendendo às necessidades que só se multiplicam, por conta das famílias multiespécies. “Por outro lado, acredito que o ensino da Medicina Veterinária deveria ser padronizado a fim de formar profissionais altamente capacitados desde a graduação”, opina.
Para Caren, é necessário lembrar da importância dos médicos-veterinários para a saúde coletiva. “As pessoas devem levar sempre em consideração o nosso trabalho em promover e manter o bem-estar dos animais, do ambiente e dos seres humanos”, destaca.
A veterinária também considera importante salientar que os veterinários, frequentemente, se desgastam emocionalmente devido à desinformação propagada em meios de comunicação. “Além das demais problemáticas acerca do nosso trabalho, ainda temos que enfrentar diversos questionamentos de tutores e ativistas. Urge que a saúde mental na Medicina Veterinária seja discutida com maior atenção e cuidado”, observa.
Opinião embasada
Ainda sobre a presença dos tutores nas redes sociais e na internet, de forma geral, a médica-veterinária Renata Répeke Gomes Goya declara que ter acesso às informações de forma rápida e em poucos segundos, como buscas de respostas por meio do Google, tornou a vida das pessoas muito mais prática. “Principalmente nos dias de hoje, onde as pessoas estão querendo sempre otimizar o tempo ou, até mesmo, aquelas pessoas que moram em locais onde não tem acesso ao médico-veterinário”, aponta.
Como observado por ela, hoje, é extremamente comum buscar nesses sites, respostas para o problema que seu animal possa ter. “Muitas vezes, o tutor vai encontrar algumas informações verdadeiras, mas, na maioria das vezes, não será somente aquilo. Isso porque as sintomatologias de muitas patologias são similares e, então, somente a expertise do médico-veterinário em fazer uma anamnese completa, examinar o animal, solicitar os exames complementares necessários com base na sua avaliação, será, de fato, eficaz”, reforça.
Renata é médica-veterinária há 11 anos e, atualmente, também cria conteúdo para o Instagram, ou seja, também está vinculada à internet e reconhece o valor que ela possui. “Quando posto um conteúdo ou vídeo falando sobre uma patologia comum, muitas pessoas participam desta postagem, colocando sua experiência com o seu pet e isso gera sempre trocas de ‘receitas de bolo’ entre os tutores. É ótimo ter essa ferramenta, mas vale lembrar que não funciona para todos. Por exemplo, um animal com tosse não será sempre uma gripe. Poderá ser um problema estrutural no coração, na traqueia, infecções, inflamações e etc… E, com o tempo que se ‘perde’ procurando informações na internet, o pet poderá ser prejudicado. Vale lembrar que cães e gatos são espécies diferentes, logo o tratamento também será diferente. Isso vale também para as diferentes raças e pesos dos animais”, pontua.