A Paraíba pode estar vivenciando uma epidemia de esporotricose, uma micose transmitida por fungo a animais e humanos, podendo evoluir para a forma grave, mas que tem tratamento e cura. Já são mais 160 casos de pessoas atendidas em um ano, somente no ambulatório especializado do Hospital Universitário Lauro Wanderley.
O assunto foi discutido pelo grupo de trabalho instalado pelo Ministério Público do Estado (MPPB) e Federal (MPF), com a participação de vários órgãos ligados à saúde de humanos e ao bem-estar animal. A reunião foi aberta pelo procurador de Justiça Valberto Cosme de Lira, coordenador do Núcleo de Políticas Públicas do MPPB, que tem viabilizado o diálogo entre instituições em várias frentes, incluindo saúde. Em seguida, foi iniciada uma videoconferência entre os integrantes do GT e a equipe técnica responsável pela política relacionada à esporotricose do Ministério da Saúde. Esse segundo momento foi conduzido pela promotora de Justiça, Jovana Tabosa, e pelo procurador da República, José Guilherme Ferraz.
Emergência em saúde. Os dados que alertaram para uma possível emergência em saúde pública no Estado foram apresentados pelo médico e pesquisador da UFPB, Francisco Bernardino da Silva Neto. Ele explicou que os casos da doença começaram a aparecer em 2016. Em 2018, o HULW montou um ambulatório específico para o atendimento de pacientes com suspeita da doença. Segundo ele, somente em seu consultório (há mais dois médicos atendendo na unidade), foram acompanhados 165 pacientes, de janeiro a dezembro de 2018. “É um número expressivo. O que acontecia de forma esporádica virou um surto epidêmico”, disse.
Os membros do Ministério Público questionaram aos órgãos públicos (especialmente às secretarias de Saúde do Estado e Município de João Pessoa e ao MS) sobre as medidas tomadas para prevenir e combater a doença, algumas, inclusive, tratadas em reunião anterior e, também, sobre o que poderia ser feito daqui por diante, principalmente, em relação aos relatos de falta de medicamentos para pacientes e de ações contundentes em relação ao combate do fungo Sporothrix, que tem se proliferado no meio ambiente local.
Subnotificação e desconhecimento. Os representantes do MP identificaram, durante a reunião, falhas de comunicação que dificultam o combate efetivo da doença e o tratamento de humanos e animais, como, por exemplo, o fato de já existir uma resolução em nível estadual, que torna a esporotricose uma doença de notificação compulsória. A Secretaria de Saúde do Município também editou uma norma que torna a notificação da doença em animais também obrigatória. Mas, tanto os médicos dos serviços de saúde que atendem pessoas, quanto os médicos-veterinários de clínicas e serviços públicos e privados não estão utilizando a ficha de notificação por desconhecimento.
Fonte: PB Agora, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.