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Clínica e Nutrição

PERITONITE INFECCIOSA FELINA É CONSIDERADA UMA DOENÇA DE MUITOS DESAFIOS

Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Cláudia Guimarães, da redação

claudia@ciasullieditores.com.br

Frequência e complexidade são palavras que definem a Peritonite Infecciosa Felina (PIF), que se torna cada vez mais frequente na população de gatos. A doença aparece por conta da presença do coronavíus felino, que possui dois biótipos: coronavirus entérico felino e coronavirus peritonite infecciosa felina, principal foco dessa reportagem.

A doença, segundo a médica-veterinária Aline Santana da Hora, está presente no mundo inteiro e vem de um vírus altamente contagioso. “Antigamente, os gatos viviam livres, a minoria era confinada. Hoje, temos condições de superpopulações, pois pessoas recolhem muitos gatos ou criam determinadas raças e acabam glomerando os animais em locais com pouco enriquecimento ambiental, em condição de higiene ruim, com fatores estressantes, que favorecem o desenvolvimento de doenças infecciosas, não só da PIF”, explica.

A profissional desvenda que não se trata de uma zoonose, tampouco é transmitida aos cães, mas o problema consiste na dificuldade de controle do vírus. “É a mesma coisa que afirmar que vamos erradicar o vírus da gripe humana, isso não é possível. Temos dificuldade de diagnóstico muito grande também, porque, por exemplo, um animal pode ser positivo para o coronavirus, mas para qual entérico ou da PIF?”, aponta.

Sem tratamento, a PIF é considerada uma doença fatal e, como comenta Aline, é um assunto ainda mais complexo para quem é criador comercial de gatos, por terem muitos animais habitando o mesmo espaço e podendo, ainda, transmitir o vírus para as novas ninhadas. “Ele é um vírus envelopado, diferente do parvovírus. Às vezes, os tutores perguntam ‘eu tinha um gato que morreu de PIF, preciso esperar quantos meses para ter outro gato em casa?’ Não precisa esperar, não precisa jogar os utensílios do outro gato, porque esse é um vírus muito sensível, conseguimos eliminá-lo apenas com limpeza e desinfecção”, expõe.

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Os gatos mais suscetíveis são os filhotes emtorno de 13 a 16 meses (Foto: reprodução)

Transmissão. O contágio da PIF ocorre por meio da ingestão do coronavírus presente nas fezes de gatos contaminados, além de ocorrer transmissão da mãe para os filhotes durante a gestação ou amamentação. “Por isso, é importante lavar a caixa de areia habitualmente, além de deixar suportes de ração e água a uma distância segura de onde o gato deposita as fezes. A porta de entrada é oral, ou seja, quando as fezes são ingeridas de forma não intencional, seja pela localização da alimentação, pelo ato de lamber a própria pata depois que sai da bandeja de areia ou lamber outros gatos”, enumera.

Os pets mais suscetíveis são os filhotes em torno de 13 a 16 meses, apesar dos idosos também merecerem atenção. “Raças como persa, himalaio e bengal são mais predispostos e co-infecções como a leucemia viral felina (FeLV) e a imunodeficiência viral felina (FIV) sempre predispõem a outros problemas, sendo um fator que favorece o surgimento de PIF, bem como as questões de estresse”, elenca.

Sintomas. Existem duas formas de PIF, a efusiva e a não efusiva, que são determinadas pelo tipo de resposta imunológica que cada gato irá desenvolver, como explana a veterinária. Os sinais clínicos de ambas podem levar de dias a semanas para aparecer e são considerados não específicos, sendo eles: febre, anorexia, perda de peso, diarreia e desidratação. Na PIF efusiva, também chamada de úmida, ocorre um processo inflamatório nos vasos e um acúmulo de líquido na região do abdômen e/ou do tórax. “Os gatos com essa forma apresentam febre não responsiva aos tratamentos com antibióticos e um aumento do volume abdominal decorrente do acúmulo de líquido nesta região”, declara.

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Veterinária conta que doença pode afetar o sistemanervoso central, causando problemas neurológicosem alguns felinos (Foto: C&G VF)

A PIF não efusiva, intitulada como seca, é caracterizada pela formação de granulomas e necrose em diversos órgãos abdominais, torácicos, sistema nervoso central (SNC) e olhos. “Os sintomas ocorrem de acordo com o local acometido, podendo, assim, variar desde mucosas amareladas, quando o fígado é acometido, até mesmo cegueira, quando os granulomas se desenvolvem nos olhos. Quando o SNC é acometido, o gato apresenta alterações neurológicas, como dificuldade de locomoção, tremores, incontinência fecal e urinária, mudança de comportamento e, inclusive, convulsões”, sinaliza.

Diagnóstico e tratamento. A identificação é mais um fator complexo dentro da PIF, porque o profissional deve excluir outras causas para os sintomas apresentados até chegar na conclusão de peritonite infecciosa. “Os exames de laboratório auxiliam o diagnóstico, como exames de sangue, ultrassom e testes sorológicos. É importante salientar que testes positivos para o coronavírus não caracterizam obrigatoriamente PIF, pois nem todo animal com este vírus terá a doença. Este fator pode dificultar a conclusão do diagnóstico ou falsamente comprometer animais soropositivos, mas que nunca terão PIF”, frisa.

Como dito anteriormente, não existe um protocolo para tratamento da enfermidade, fazendo com que os veterinários se baseiem na utilização de antiinflamatórios em altas doses, quimioterápicos e antibióticos para evitar infecções secundárias. Para evitar este problema sem cura, Aline destaca a prevenção da doença, mas afirma que ela pode ser um desafio. “Entre as principais medidas estão: redução de estresse e ruído (principalmente de cães), não superlotar locais com vários gatos, oferecer condições de higiene e ambiente sem contato com meio externo. Remover a possível existência de vírus da bandeja de areia: lavar com detergente e água e, depois, aplicar uma solução com água sanitária e deixar agir em contato de 15 a 20 min. Depois disso, não tem mais coronavírus no objeto”, garante.

Dos domiciliados aos selvagens. Leões, tigres, leopardos e outros grandes felinos também são acometidos pela doença. “Muitos gatos domesticados visitam zoológicos e, por estarem em ambientes próximos às jaulas, podem transmitir o vírus aos animais selvagens. A diferença é que, em um local como um gatil, teremos de um a três gatos acometidos. Já no caso dos grandes felinos, será 100% da população morrendo. Outra espécie que vem já se tornou pet são os ferrets, que também podem contrair PIF, bem como a Cinomose.

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