É comum os cães apresentarem o comportamento de lamber a própria boca (mouth-licking, em inglês). Se isso ocorre quando o animal está prestes a receber um alimento, trata-se de algo ligado à salivação e à vontade de comer. No entanto, muitos cães apresentam essa mesma reação em situações não associadas ao ato de se alimentar. Um artigo publicado por pesquisadores do Instituto de Psicologia (IP), da Universidade de São Paulo (USP, São Paulo/SP), ajuda a entender por que isso ocorre.
A autora do estudo e bióloga, Natalia de Souza Albuquerque, que está desenvolvendo a pesquisa para seu doutorado, revela que a pesquisa constatou que, quando os cães percebem algo negativo que afeta o próprio estado emocional deles (possivelmente também de forma negativa), eles apresentam um sinal visual, que é o ato de lamber a própria boca.
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Ação está relacionada à expressão negativa deum ser humano (Foto: reprodução)
O estudo constatou que os cães lambem a própria boca a partir de um contato visual com uma expressão negativa seja de um homem, de uma mulher ou de outro cão. Entretanto, nos estudos realizados pela bióloga, a ação ocorreu predominantemente a partir da visualização de uma imagem de expressão negativa de um ser humano, mas independentemente da emissão de algum som indicativo de emoção.
Porém, Natalia faz uma ressalva: ainda não há informações comprovando que os cães fazem isso de forma intencional, ou seja, com a intenção de comunicarem o que sentem aos seres humanos. “Talvez em estudos futuros nós consigamos desvendar, mas, por enquanto, não temos essa informação e não podemos falar a respeito”, declara.
Segundo a bióloga, existe uma literatura que associa o mouth-licking a respostas ao estresse no cão. Mas esse comportamento nunca havia sido avaliado sistematicamente por meio de estudos científicos. Para chegar à conclusão de que a ação expressa uma reação do cão a emoções negativas, Natalia analisou vídeos gravados durante uma pesquisa sobre reconhecimento de emoções faciais por cães.
Os dados dessa nova análise fazem parte da tese de doutoramento em desenvolvimento pela pesquisadora no Instituto de Psicologia da USP. A orientação do trabalho é da professora Briseida Dôgo de Resende, além da colaboração do grupo de pesquisadores da Universidade de Lincoln (Reino Unido), onde realizou uma pesquisa anterior sobre as emoções faciais de cães. O novo estudo será defendido em 2019.
Fonte: UOL, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.