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Clínica e Nutrição

POR QUE A ESPOROTRICOSE É QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA?

POR QUE A ESPOROTRICOSE É QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA? Profissionais comentam sobre notificação, cuidados e controle da doença
Por Equipe Cães&Gatos
REPRODUÇÃO
Por Equipe Cães&Gatos

Profissionais comentam sobre notificação, cuidados e controle da doença

José Renato de Rezende Costa e Nélio Batista de Morais,

integrante e presidente da CNSPV/CFMV, respectivamente

A esporotricose é uma doença emergente causada pelo S. brasilliensis, nova espécie de fungo pertencente ao gênero Sporothrix spp., porém mais virulento e mais patogênico que as demais. Bem adaptado a um reservatório animal, o gato, levou a doença a tornar-se importante no território nacional e, também, em outros países da América Latina, como Argentina, Paraguai e Bolívia.

No Brasil, somente cinco unidades federadas não relatam a detecção do agente em seu território (Acre, Roraima, Amapá, Ceará e Mato Grosso do Sul). Em alguns Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia, a doença tomou dimensões de surto/epidemia e passou a ser de notificação compulsória para humanos, apesar de ainda não ser de notificação no País. Para os animais ainda não é compulsória a notificação.

Os casos suspeitos, humanos ou animais, que, muitas vezes, estão associados devem ser comunicados ao serviço público de saúde do município. Como a doença não é de notificação compulsória no País, não há fluxos disponíveis para sua vigilância no nível nacional. Cada Estado tem proposto fluxos e protocolos próprios. A notificação possibilitará a investigação epidemiológica, a implantação de medidas preventivas e de controle e o real conhecimento da dimensão da doença nos territórios. 

Dentre todas as medidas de prevenção, manter o animal“in door” (dentro de casa) é fundamental (Foto: reprodução)

Os humanos suspeitos devem procurar a unidade de saúde mais próxima e relatar sobre o contato com animal suspeito, se houver. Para os animais suspeitos é fundamental orientar quanto ao isolamento, realização do diagnóstico e, se for o caso, iniciar o tratamento imediato do animal. É fundamental tomar as medidas preventivas ao manipular animais suspeitos. O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) – máscara, óculos, capote, luvas e touca – protege o profissional de possíveis infecções, que também podem ocorrer por meio de contato com secreções de animais doentes.

Cuidados. Todos os profissionais de saúde (médicos, médicos-veterinários, zootecnistas, enfermeiros, agentes de saúde, entre outros), tratadores de animais e população em geral devem ser informados sobre os riscos relacionados à ocorrência da doença, ao diagnóstico, tratamento e medidas preventivas, porém de forma orientada para se evitar o pânico, aumento de abandono e maus-tratos aos animais.

Os cadáveres de animais suspeitos que vierem a óbito devem ser encaminhados para destino adequado. Recomenda-se a incineração. Os tutores devem ser orientados a manter a saúde de seus pets em dia, com vacinação espécie-específica e vermifugação. A castração pode ser uma medida importante. O coito em gatos propicia a transmissão da esporotricose devido às mordidas e garras infectadas, além das brigas por disputa de fêmeas. Dentre todas as medidas, manter o animal “in door” é fundamental. Gatos que têm livre acesso à rua têm até três vezes mais chance de adoecer por esporotricose.

Além da restrição de acesso à rua de todos os animais e do isolamento dos animais suspeitos durante todo o tratamento, a população em geral deve evitar a alimentação de forma descontrolada de animais em espaços públicos. Esta ação atrai outros animais para a área, inclusive sinantrópicos; propicia a transmissão de doenças; estimula a reprodução, levando ao aumento de animais em situação de abandono. Também é recomendada cautela e cuidado com animais desconhecidos, mesmo aparentemente sadios e amigáveis. Eles podem estar infectados e transmitir a doença acidentalmente.

Controle. O controle desta doença emergente requer ações de diferentes setores além da saúde, como o meio ambiente, responsável pela manutenção da fauna; o setor de educação e o terceiro setor, fundamentais para que possamos idealizar e propor ações junto à comunidade e tutores sobre o manejo de populações animais e controle de doenças; Ministério Público e setores de fiscalização para a definição e cumprimento de políticas públicas.

Os Conselhos de classe também são fundamentais na inserção de agendas que priorizem conhecimentos e participação dos profissionais de saúde, bem como na fiscalização das atividades relacionadas ao exercício profissional dentro de padrões técnicos e éticos estabelecidos e na atuação das respectivas comissões. Como exemplos, a Medicina Veterinária tem priorizado, no Sistema CFMV/CRMV, as Comissões Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV/CFMV) e de Bem-estar Animal (COBEA/CFMV). Em Minas Gerais, área endêmica, foi criada, em 2018, a Comissão de Enfrentamento da Esporotricose.

Fonte: CFMV, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.