Agradecida e honrada. É como se sente Ana Elisa Fernandes de Souza Almeida por ser a primeira presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Muitas de nós, mulheres, também se sentem orgulhosas por presenciar o muito comentado “sexo frágil” chegar a cargos de liderança como este. Portanto, neste Dia Internacional da Mulher, Ana é nossa personagem principal.
Segura de sua capacidade, Ana Elisa afirma que insegurança é uma palavra que, felizmente, não faz parte de sua trajetória, portanto, ao se candidatar para a cadeira de presidente do CFMV, considerou como apenas mais uma etapa de sua trajetória profissional. “É uma responsabilidade muito grande e, também, uma quebra de paradigmas. Mas sempre encarei isso de maneira natural, como consequência de um trabalho que realizo desde que iniciei a minha carreira”, compartilha.
Ela menciona que a Medicina Veterinária, historicamente, era uma profissão de predominância masculina, o que tem mudado de um tempo para cá. “Então, nada mais justo que o interesse feminino e a participação das mulheres nos cargos de direção cresçam também. A confiança que os meus colegas depositam em mim muito me orgulha, me alegra e me motiva a continuar me dedicando não só à Medicina Veterinária, mas, também, à Zootecnia e a participar de atividades como representante dessas profissões”, declara.
Nessa nova equipe de gestão, a participação feminina no CFMV já é uma realidade bem palpável, como conta Ana Elisa: “Temos, ao nosso lado, cinco mulheres que se tornaram conselheiras e estão realizando um trabalho belíssimo. Duas delas, inclusive, já foram presidentes de Conselhos Regionais. E, atualmente, contamos, também, com cinco mulheres na presidência de Conselhos Regionais em todo o País”, cita.
Perfil diferenciado
Ana Elisa costuma dizer que a mulher tem, por natureza, um perfil mais agregador, mais acolhedor e, por isso, pode proporcionar uma nova forma de estar à frente do principal órgão de classe da profissão. “Temos o dom de saber ouvir e ter a escuta como aliada, sobretudo nas tomadas de decisões. Hoje, já somos maioria, 58% dos profissionais médicos-veterinários ativos, totalizando 109 mil médicas-veterinárias atuantes. Estamos ocupando espaços historicamente masculinos nas diversas áreas de atuação da Medicina Veterinária. Na Zootecnia, as mulheres são 37% em atuação. Para mim, quem determina a reserva de mercado não é lei, não é gênero, mas, sim, a competência. E nós, mulheres, sabemos muito bem e perseguimos isso. Estamos sempre na busca de conhecimentos, nos atualizando e especializando. Somos o gênero da persistência, da determinação. Não desistimos facilmente! Empreendemos. Enfrentamos tripla jornada com a mesma disposição. Este é o nosso diferencial”, aponta.
E, apesar de algumas profissionais mulheres se depararem, em algum momento da carreira, com preconceitos por conta do gênero, este não é o caso de Ana Elisa. “Sempre tive meu trabalho respeitado e valorizado. O importante, como profissional, é manter a sua postura, competência e proatividade. Trabalhei em ambientes onde a predominância era masculina e sempre fui tratada com muita cordialidade e consideração. Quando assumi a presidência do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA) pela primeira vez, em 2008, dos 27 Regionais, só dois tinham presidentes mulheres e, bem no início, só tinha eu. Nunca senti diferença. Aliás, tenho grandes amigos homens cuja amizade surgiu desta época e pelos quais nutro profunda admiração”, enfatiza.
Força feminina
Como observado pela presidente do CFMV, o Dia Internacional da Mulher foi criado para celebrar os avanços das mulheres na sociedade, na política e na economia. “Ainda estamos distantes do cenário de igualdade e de equidade que desejamos, mas estamos caminhando para alcançar. Prova disso é que as mulheres já são maioria na Medicina Veterinária e a participação feminina na Zootecnia cresce ano a ano”, expõe.
Às médicas-veterinárias, zootecnistas, estudantes e produtoras rurais, ela agradece a dedicação em suas áreas de atuação. “Quero, também, pedir que sigam buscando o conhecimento, pois só ele é capaz de transformar, não só a profissão, mas a vida e a sociedade. Também quero dizer que o segredo está em ter confiança nas suas capacidades. O mundo precisa de um trabalho coletivo, unindo as melhores competências e habilidades dos mais diferentes profissionais, de todos os gêneros”, avalia.
Por fim, para as mulheres que estão começando na carreira profissional, primeiramente, Ana Elisa reforça para que nunca desistam dos seus sonhos. “Tenham vontade de acontecer. Luís Pasteur já dizia: ‘A diferença entre o possível e o impossível é a vontade humana’. Busquem sempre a atualização continuada. Tenham atitude em suas ações. Conhecimento é fundamental, habilidade necessária e entusiasmo em tudo que façam. O segredo é manter o olhar holístico próprio do feminino, com uma pitada de amor, e manter confiança em experimentar as nossas possibilidades. Avante, mulheres. Só depende de nós!”