Cuidar de um pet pode trazer desafios inesperados, como descobrir que o seu animal de estimação é extremamente seletivo com a comida. Esse comportamento, comum entre cães e gatos, preocupa muitos tutores que desejam garantir uma alimentação saudável e balanceada para seus companheiros.
A professora de Medicina Veterinária na Faculdade Anhanguera São José dos Campos, Letícia Augusta de Oliveira Stella Ferreira, explica os motivos por trás dessas preferências alimentares e como lidar com elas.
“Sabemos que os animais possuem algumas preferências alimentares devido ao fato de que o fator mais decisivo no momento da alimentação dos pets é o olfato e não o paladar. De todos os sentidos, o olfato é o mais poderoso, por isso, muitos animais preferem determinados alimentos a outros por serem mais ‘cheirosos’, se podemos assim dizer”, afirma Letícia.
As papilas gustativas dos cães e gatos desempenham um papel na percepção dos sabores, mas diferem significativamente dos humanos. “As papilas gustativas têm por função a detecção do sabor, que, assim como nós, seres humanos, são capazes de distinguir quatro sabores: doce, salgado, azedo e amargo. Porém, os cães e gatos possuem muito menos papilas gustativas quando comparados aos humanos”, destaca a veterinária.
Essa diferença é ainda mais evidente quando se observa a quantidade de papilas gustativas em cada espécie: “Nós, humanos, possuímos cerca de 9 mil papilas gustativas, já os cães possuem, aproximadamente, 1.700 e os gatos por volta de 470. Isso faz com que o paladar não seja o órgão do sentido mais apurado nesses animais”.
Além do olfato, outros fatores influenciam as preferências alimentares de cães e gatos. O próprio hábito alimentar do tutor pode acabar influenciando, assim como a oferta ou não de determinados alimentos, explica a profissional. “A idade do animal também tem um papel importante, já que filhotes necessitam de uma demanda energética muito maior do que pacientes idosos, e, normalmente, não possuem tanta seletividade para a alimentação”, afirma.
Para tutores lidando com pets de paladar seletivo, Letícia oferece algumas estratégias. “Devemos nos atentar à saúde do animal e diferenciar se realmente ele é apenas seletivo para comer ou se está com algum problema de saúde. É importante sempre fornecer uma alimentação com alto valor nutricional, seja por meio de uma ração super premium ou uma alimentação natural orientada por um médico-veterinário”, aconselha.
A nutrição adequada pode desempenhar um papel crucial na aceitação de diferentes alimentos. De acordo com Letícia, alguns animais podem ficar seletivos à alimentação caso essa alimentação não seja de qualidade. Além disso, o gasto energético do animal é um fator importante; alguns animais precisam gastar mais energia para “precisar” de mais alimento.
E ela ainda dá outro sinal amarelo: o paladar seletivo pode trazer consequências para a saúde e nutrição dos pets. “Eles podem apresentar problemas de saúde devido ao paladar seletivo, como emagrecimento, falta de nutrientes, anemia, fraqueza e hipoglicemia”, alerta a veterinária.
Desmistificar alguns mitos sobre o paladar seletivo é essencial para os tutores. Como os cães não têm o paladar tão apurado quanto o nosso, oferecer qualquer alimento para um pet seletivo não é a solução, pois muitos alimentos são tóxicos para eles, como a uva.
O papel do veterinário, portanto, é fundamental. “O veterinário pode identificar se o animal realmente é seletivo ou se há alguma afecção, além de oferecer alternativas saudáveis para despertar mais o interesse alimentar do pet”, conclui a especialista.
O paladar seletivo em pets é um desafio comum, mas com a orientação adequada e estratégias corretas, é possível garantir uma alimentação saudável e equilibrada.
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