A Medicina Veterinária acompanha quase que os mesmos passos da Medicina Humana. Assim, a evolução do médico generalista para o médico especialista era só uma questão de tempo. Com o surgimento dos centros de diagnósticos e de hospitais veterinários, a especialização encontrou terreno fértil para crescer e se instalar neste setor.
Quinzani é diretor Clínico do HospitalVeterinário Pet Care (Foto: divulgação)
Sobre isso, a C&G conversou com o diretor Clínico e médico-veterinário do Hospital Veterinário Pet Care (São Paulo/SP), Marcelo Quinzani, que pontua que esses grupos multiprofissionais tornaram a Medicina Veterinária muito mais investigativa e direcionada. Por outro lado, em sua visão, o especialista pode fragmentar demais um paciente, principalmente um animal senil que não raramente pode apresentar várias patologias em sistemas diferenciados, necessitando, assim, de vários especialistas. “Essa fragmentação pode ser pouco produtiva e, com certeza, encarece o tratamento. Por outro lado, em pacientes jovens e com patologias únicas, o especialista acaba sendo a recomendação adequada e, muitas vezes, mais incisiva e eficiente, levando a menores custos de terapêutica”, sinaliza.
Quinzani afirma que a especialização para o profissional representa não só uma oportunidade de crescimento na profissão como, também, uma chance de se inserir e se adequar a esse novo modelo de mercado. “Hoje o que observamos é o surgimento de centros médicos e de alta especialidade que necessitam dos especialistas. Essa é uma nova realidade do mercado veterinário”, frisa. Outra característica destacada pelo diretor é a socialização do paciente, bastante praticada. “Hoje, existem muito mais encaminhamentos e um mesmo paciente acaba passando em atendimento com vários clínicos, cada um dentro da sua especialidade. Isso não pode ser rotulado como bom ou ruim, simplesmente é uma adequação do mercado”, opina.
O profissional também cita os ambientes hospitalares e centro diagnósticos, que, hoje, já são uma realidade dos grandes centros urbanos. “Esse ambiente necessita de novas tecnologias e deve atender as demandas de clínicas menores que não teriam condições de manter essa tecnologia. A mudança de relacionamento entre a classe veterinária talvez seja a grande evolução do mercado”, pondera.
Ele ainda insere que o crescimento do mercado com investimento em alta tecnologia leva a diminuição dos preços dos serviços prestados. “É aqui que entra a Medicina Hospitalar, com oportunidades mais tangíveis e excitantes do que àquelas oferecidas aos clínicos na prática de clínicas, ambulatórios ou mesmo em atendimento domiciliar. O ambiente hospitalar necessita do exercício do generalismo (médico generalista), que direciona o paciente aos especialistas, beneficiando não só o paciente, mas o próprio profissional com um modelo de renumeração mais adequado”, comenta. No ambiente hospitalar, segundo Quinzani, a complexidade dos pacientes e a complexidade intrínseca das organizações já não permitem abrir mão de um ou de outro. “Neste cenário, é óbvio que o debate generalista versus especialistas já não faz mais sentido”, adiciona.
Fonte: Redação Cães&Gatos VET FOOD.