A coprofagia canina é o termo usado para descrever o comportamento em que os cães consomem suas próprias fezes ou as de outros animais. Embora este seja um comportamento desagradável para os humanos, é relativamente comum no universo canino. Existem vários fatores pelos quais o pet pode exibir o hábito de coprofagia, que podem variar entre casos de deficiências nutricionais, tédio, estresse, curiosidade, comportamento instintivo de limpeza em filhotes. Além disso, existem casos ocasionais e, indiferente da frequência, é necessário que o tutor consulte um médico veterinário para descartar problemas de saúde subjacentes.
Segundo a Dra. Paola Frizzo, professora de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima, este hábito está presente principalmente em cães filhotes e jovens e raramente é identificado em felinos. “O cão pode ingerir fezes por vários motivos, como desnutrição, presença de verminose, comportamental ou doenças que levem à má absorção intestinal, como a deficiência na produção de enzimas digestivas”.
A veterinária afirma ainda que o hábito pode ser comum em algumas raças. “Alguns grupos têm predisposição genética para a coprofagia, por exemplo: Pug, Lhasa-Apso, Yorkshire, Spitz Alemão e Shih-tzu”.
Alerta
A docente afirma que a ingestão de fezes pode ser um sintoma de outras doenças já existentes no cão. “A coprofagia pode estar relacionada principalmente à presença de parasitas intestinais (vermes e protozoários), doenças que afetem a absorção intestinal dos nutrientes, entre elas a Insuficiência Pancreática Exócrina e Doença Intestinal Inflamatória ou até doenças que levem ao aumento do apetite, como Hiperadrenocorticismo e Diabetes Mellitus”, afirma.
“A alimentação desbalanceada, como rações de baixa qualidade ou ingestão de alimentação natural, sem o acompanhamento de um veterinário nutricionista, também pode levar o pet à desnutrição. Sendo assim, o cão sente mais fome e necessidade de obter os nutrientes onde conseguir, seja nas próprias fezes, na de outros animais ou até na terra e areia. Entre os principais fatores de desequilíbrio dietético estão a deficiência de vitaminas do complexo B e a baixa quantidade e qualidade de proteínas nos alimentos ofertados”.
Comportamento
“O ato da coprofagia pode ter origem comportamental, caso sejam excluídas as causas nutricionais, parasitárias e de doenças que levem à má absorção intestinal.
A superpopulação de animais no ambiente de convívio, situações estressantes (como mudança de ambiente, novo contactante, ausência dos tutores), confinamento em espaço limitado, síndrome da separação, falta de atenção e cuidados essenciais, principalmente quando filhote, podem levar a esse comportamento. Além disso, repreender o animal na hora do ocorrido pode acabar estimulando o comportamento inadequado do pet”, afirma Paola.
Segundo a especialista, o importante é avaliar a causa e eliminar a possibilidade de parasitismo, desnutrição e doenças que levem à má absorção de nutrientes.
Uma vez que todas as doenças sejam descartadas e é identificado que a causa é comportamental, o ideal é buscar o atendimento com um médico veterinário comportamentalista para alinhar um tratamento.
Tratamento
Segundo a professora, existem medicações que podem auxiliar a diminuir o hábito, pois elas agem alterando o cheiro e sabor das fezes. Porém, a causa de base deve sempre ser investigada e o melhor tratamento deve ser instituído pelo médico veterinário responsável. “O tutor deve estar atento a qualquer alteração gastrointestinal, como vômitos, diarreia, fezes com presença de muco e/ou sangue. Também é recomendado um exame coproparasitológico, que pode ser realizado para investigação da presença de verminoses e/ou protozoários intestinais no cão”.
Caso o dono identifique que houve a ingestão de fezes, o ideal é não “brigar” com o pet. “O correto é evitar a punição no ocorrido, pois o cão pode entender que a correção ocorreu por ele ter defecado e não pela ingestão. Portanto, a repreensão pode gerar mais ansiedade ao animal, entendendo que ao comer as fezes e eliminá-las do local, irá agradar o tutor. Sendo assim, o melhor a se fazer é ignorar a atitude no momento do ato e buscar a ajuda de um médico veterinário para avaliar a causa” afirma Paola.
A médica afirma que o tutor não deve deixar de levar o cão para um acompanhamento especializado. “Em casos em que o pet tenha alguma verminose e/ou presença de protozoários nas fezes a tendência é que o animal se recontamine constantemente, o que torna o hábito recorrente. Caso algum parasita seja diagnosticado através do exame de fezes (coproparasitológico), o ato da coprofagia pode atrapalhar e atrasar o tratamento e a qualidade de vida do cão”, finaliza.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães e Gatos VET FOOD.
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