- PUBLICIDADE -
Clínica e Nutrição

Prolapso da Glândula da Terceira Pálpebra: qual a melhor conduta de tratamento?

O tratamento indicado para o popular “cherry eye” é cirúrgico; existem duas técnicas mais comuns, que são a de ancoragem da glândula ou a de sepultamento
Por Danielle Assis
olho cereja
Por Danielle Assis

O Prolapso da Glândula da Terceira Pálpebra, também conhecido popularmente como olho cereja ou cherry eye, é uma condição oftálmica relativamente comum em pequenos animais, que não tem uma causa 100% estabelecida.

Segundo o médico-veterinário pós-graduando em oftalmologia veterinária, Guilherme Ribeiro, acredita-se que o prolapso ocorre quando há frouxidão ou ruptura do tecido conjuntivo, que mantêm a glândula posicionada. “Isso permite que ela ganhe mobilidade e fique exteriorizada, tornando-se visível como uma massa rosada no canto medial do olho”, comenta.

De acordo com ele, a doença é mais recorrente em cães do que em gatos, embora possa ocorrer em ambas as espécies. Com relação a raças, na espécie canina as mais afetadas são cocker spaniel, bulldog inglês, lhasa apso, shih tzu, beagle, boston terrier, basset hound e shar-pei.

O cherry eye é caracterizado por uma massa rosada no canto medial do olho dos animais (Foto: Reprodução)

Apresentação da doença

O médico-veterinário comenta que, geralmente, o prolapso da glândula da terceira pálpebra é bilateral, sendo os dois olhos afetados de maneira assimétrica. Ou seja, pode surgir em momentos diferentes em cada olho, especialmente nas raças predispostas.

“Essa é uma afecção de caráter hereditário e a maioria dos casos ocorre em animais jovens, geralmente com menos de dois anos de idade”, afirma.

Além disso, Ribeiro explica que não existe nenhuma forma de prevenção eficaz e comprovada para o olho cereja. No entanto, uma seleção genética responsável e o não cruzamento de animais afetados podem reduzir a incidência da doença.

Como tratar?

“O tratamento do prolapso da glândula da terceira pálpebra é majoritariamente cirúrgico. O tratamento clínico, quando instituído precocemente, pode resultar em remissão temporária, assim como o reposicionamento manual da glândula. Contudo, na maioria dos casos, ocorre recidiva com exposição permanente”, cita o profissional.

O tratamento clínico para o prolapso da glândula da terceira pálpebra não costuma ser eficiente (Foto: Reprodução)

Porém, ele esclarece que a excisão da glândula não é recomendada, pois pode aumentar o risco de desenvolvimento de olho seco. Esse mesmo risco também está presente nos casos em que se opta por manter a glândula exteriorizada, uma vez que o tecido glandular cronicamente inflamado tende a ser substituído por fibrose.

O doutor afirma que a técnica cirúrgica a ser empregada deve considerar o reposicionamento glandular e a manutenção dos seus ductos para que a produção e escoamento da lágrima produzida continuem viáveis.

“As técnicas mais utilizadas são as de ancoragem da glândula ou a técnica de sepultamento (técnica de Morgan), sendo esta última a mais amplamente utilizada. Ambas têm como objetivo reposicionar e estabilizar a glândula sem comprometer sua função”, pontua.

Atenção ao pós-operatório

Como o tratamento para o cherry eye é cirúrgico, nos períodos após a cirurgia é importante se atentar a alguns aspectos. Guilherme cita que deve-se monitorar sinais de desconforto ocular, como blefarospasmo e secreção excessiva, e acompanhar a integridade das suturas.

Além disso, “a adesão ao protocolo medicamentoso e o uso de colar elizabetano devem ser rigorosamente orientados para evitar auto traumatismo e complicações”, ressalta.

Inclusive, o médico-veterinário responsável pelo caso precisa orientar os tutores com relação a utilização correta dos colírios, anti-inflamatórios e antibióticos tópicos conforme prescrição e evitar que o animal coce ou esfregue os olhos. Para completar, ribeiro afirma que o colar elizabetano rígido é obrigatório e deve ser mantido até o final do tratamento, que costuma ser entre uma e duas semanas.

O uso de colar elizabetano é fundamental após a cirurgia de correção do olho cereja (Foto: Reprodução)

Com relação as complicações, segundo ele, as mais frequentes incluem recidiva do prolapso, lesão em córnea por contato ao fio de sutura, formação de cistos de retenção e deiscência da sutura.

“A recidivas podem ocorrer, especialmente, em cães de raças gigantes e raças predispostas ou em casos de técnica cirúrgica inadequada. A taxa de recidiva varia, mas pode ficar entre 6% e 13% dos casos, dependendo da técnica utilizada. Nestes casos, a cirurgia pode ser repetida utilizando a mesma técnica ou associando duas técnicas juntas”, explica.

Para finalizar, o médico-veterinário destaca que o diagnóstico correto do prolapso é fundamental, sendo preciso levar em consideração como diagnósticos diferenciais a eversão da cartilagem da terceira pálpebra e as neoplasias.

FAQ

Quais raças são mais predispostas a apresentar o olho cereja?

Dentre as raças de cães mais predispostas ao prolapso da glândula da terceira pálpebra pode-se citar cocker spaniel, bulldog inglês, lhasa apso, shih tzu, beagle, boston terrier, basset hound e shar-pei.

Quais técnicas cirúrgicas são mais recomendadas para o tratamento da doença?

Atualmente, as técnicas mais utilizadas para corrigir o cherry eye são a de ancoragem da glândula ou a técnica de sepultamento, também chamada de técnica de Morgan.

Quais as possíveis complicações da cirurgia?

As complicações mais comuns após a cirurgia de correção do prolapso da glândula da terceira pálpebra são recidiva do prolapso, lesão em córnea por contato com o fio de sutura, formação de cistos de retenção e deiscência da sutura.

LEIA TAMBÉM:

Junho Violeta: mês de atenção à saúde ocular dos Pets

Profissional fala sobre os sintomas e o tratamento para catarata em cães

Conheça as doenças oculares mais comuns em cachorros e gatos

Compartilhe este artigo agora no

Siga a Cães&Gatos também no