Para especialistas, há uma oscilação entre o heroísmo e a impotência na rotina desses profissionais
De acordo com psicólogos, as angústias e preocupações dos agentes de saúde são singulares e podem ser mais recorrentes durante a pandemia do novo coronavírus. O psicanalista e doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), Jonas Boni, comenta que, apesar de toda a sociedade estar passando por dificuldades semelhantes, tais profissionais passam por conflitos pessoais e éticos de modo acentuado. “Poder escutá-los em suas angústias tão legítimas pode fazer com que se sintam amparados”, declara.
Boni, assim como a psicóloga membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, Evelyse Stefoni de Freitas Clausse, participam de um projeto que visa auxiliar os profissionais da saúde por meio de atendimentos gratuitos. A plataforma já está funcionando e disponível para o Brasil todo. Para Evelyze, que ainda é uma das idealizadoras da plataforma, além de vivenciarem toda a mudança social que está em curso, o medo do contágio e a angústia de serem vetores do vírus, emocionalmente experimentam uma posição de grande desamparo a estes profissionais.
Segundo ela, enquanto algumas pessoas podem (e devem) ficar em casa, eles precisam ir trabalhar. “Muitas vezes, sem contar com uma rede de apoio pessoal e tendo que tomar decisões cotidianas que se tornam difíceis, como com quem deixar os filhos ou quem cuidará dos pais desses profissionais. Além de pensarem no quanto precisarão, eventualmente, fazer escolhas difíceis em relação aos próprios pacientes e o quanto isso trará de sofrimento para eles. Há uma clara oscilação entre o heroísmo e a impotência”, diz a psicanalista.
No entanto, o recado principal deveria ser de que tudo vai passar, segundo os especialistas. “Os profissionais da saúde, assim como todos nós, devem ter em mente que isso vai passar. Que, por pior que esteja sendo o momento vivido, ele passa. Não sem deixar marcas, não passaremos impunes a essa pandemia. Momentos traumáticos congelam o tempo, precisamos resgatar essa dimensão, haverá um amanhã”, complementa a psicóloga membro do grupo Faces do traumático do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, Camila Munhoz.
Fonte: AI, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.