Se você tem um cão ou gato em casa, provavelmente, já ouviu dizer que chocolate é proibido para esses animais. Porém, quais outros alimentos comuns no cardápio dos seres humanos devem ser evitados para os pets?
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A médica-veterinária com pós-graduação em nutrição de cães e gatos, Stefany Lara de Oliveira Chagas, explica que há uma lista longa de alimentos proibidos aos animais. “Além do chocolate, pode-se citar, também, as uvas, inclusive uvas passas, macadâmia, cebola, alho, cebolinha, alho-poró e batata, inhame e mandioquinha, quando estiverem crus ou com casca”.
Cada um desses alimentos pode ocasionar problemas de saúde distintos nos cães e gatos. Segundo a profissional, o chocolate, por exemplo, contém teobromina, que afeta o sistema nervoso central. Já a uva possui uma toxina ainda não identificada capaz de gerar danos aos rins dos animais.
“No caso das batatas, inhame e mandioquinha, o vilão é a toxina chamada solanina, que deprime o sistema nervoso central, provocando distúrbios gastrointestinais, e os oxalatos, que afetam o sistema urinário. Por outro lado, cebola, alho, cebolinha e alho-poró têm uma substância chamada tiossulfato, que leva a destruição dos glóbulos vermelhos, gerando anemia hemolítica”, cita.
Sintomas de intoxicação por alimentos
Os sinais de intoxicação pela ingestão de alimentos tóxicos são variáveis e dependem do que o pet ingeriu e da quantidade. Dois sintomas muito comuns são vômito e diarreia, mas não são apenas eles que podem ser observados.
De acordo com Stefany, quando ocorre a ingestão de uvas, normalmente, é possível observar dor abdominal, fraqueza, desidratação, oligúria, que é o aumento na frequência de micção, vômito e diarreia.
“Se o cão ou gato comer macadâmia, os sinais são similares, mas existem alguns diferentes, como hipertermia, taquicardia e dificuldade respiratória. Em situações de ingestão de cebola são ainda mais graves e pode-se ver, também, pulso fraco, desidratação e mucosas pálidas”, alerta a doutora.
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Contudo, quais são as quantidades tóxicas? Isso também depende do alimento. A profissional exemplifica que a dose tóxica de chocolate é de 100 a 150 gramas por quilo do pet. Ou seja, em um animal de um quilo, podem ocorrer intoxicações graves se ele ingerir 100 gramas de chocolate.
“Todo grau de intoxicação depende da quantidade de ingestão do alimento. Isso porque há alguns animais no qual a dose mínima causa danos extremamente graves e em outros gera problemas menos intensos. Por isso, a recomendação é sempre evitar esses ingredientes”.
Quais alimentos são permitidos?
Quem deseja variar o cardápio dos pets em casa pode desfrutar de uma longa lista de alimentos humanos, que são permitidos e até benéficos aos animais.
A médica-veterinária sugere algumas opções, como abobrinha, brócolis, beterraba, cenoura, chuchu, banana, mamão, maçã e manga. Com relação às proteínas, as mais recomendadas são: fígado, peito de frango, sardinha e coração de galinha.
Porém, mesmo assim, é preciso ter atenção. “As frutas são permitidas desde que em pequena quantidade, pois são ricas em açúcares e podem levar ao sobrepeso”, ressalta.
Sobre os benefícios, Stefany cita alguns. “Na sardinha, há uma grande quantidade de ômega 3, que contribui para a pelagem dos animais. A maçã auxilia na saúde gastrointestinal e tem ação antioxidante. Já a beterraba colabora com a renovação celular”.
Além disso, é preciso tomar algumas precauções ao fazer a oferta desses alimentos aos pets. “Por mais que, na natureza, os animais consumam alimentação crua (in natura), ela não é recomendada, devido ao risco de contaminação bacteriana por agentes como Salmonella e Listeria monocytogenes. Portanto, sempre é indicado fornecer as proteínas cozidas”, reforça.
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Pensando em frutas e legumes, a profissional explica que o ideal é remover as cascas e sementes, enquanto que as batatas, inhame e mandioquinha também devem ser cozidos e sem casca.
Também vale a pena ficar atento, pois sempre que ocorre a introdução de qualquer alimento novo podem ser notadas alterações nas fezes dos pets.
“Sempre indico que as mudanças de dieta sejam realizadas de forma gradativa para que não ocorra nenhum distúrbio gastrointestinal. Alguns animais podem ser mais sensíveis a certos alimentos do que outros. Então, se houver uma resposta muito exacerbada, como reação alérgica ou sintomas gastrointestinais severos, é necessário parar a administração imediatamente”, finaliza a doutora.
FAQ
O que fazer caso o pet coma algum alimento tóxico?
Sempre que perceber que o seu pet ingeriu algum alimento tóxico, deve-se levá-lo imediatamente para atendimento veterinário. Por mais que existam algumas recomendações caseiras, somente o profissional poderá definir qual é a melhor forma de tratamento.
A partir de qual idade pode ser realizada a oferta de alimentos humanos para os animais?
O aconselhado é manter o filhote com aleitamento materno exclusivo até 45 dias de vida. Depois dessa idade pode-se iniciar a transição alimentar por até 60 dias com qualquer tipo de alimento.
Quais alimentos humanos são menos calóricos e bons para pets com sobrepeso?
A dieta dos pets com sobrepeso deve ser definida pelo médico-veterinário. Porém, os alimentos com menor quantidade de calorias são abobrinha, beterraba, brócolis, couve-flor, espinafre e couve.