A Royal Canin, há tempos, vem se destacando como uma das principais incentivadoras da pesquisa científica na área de nutrição e saúde animal. Desde 2016, a empresa, em parceria com o Instituto Waltham, patrocina o Prêmio de Melhor Trabalho Científico no Congresso CBNA Pet. Na edição deste ano, que ocorreu nos dias 05 e 06 de junho, na capital paulista, o aluno de Doutorado em Nutrição de Cães e Gatos, pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), da Unesp de Jaboticabal-SP, Lucas Bassi Scarpim, foi o vencedor.
O principal objetivo da pesquisa de Scarpim foi estabelecer um protocolo simples, prático e minimamente invasivo, utilizando isótopos estáveis para coletar dados sobre a necessidade proteica ou aminoacídica de cães, aplicável tanto a cães saudáveis quanto àqueles com comorbidades.
Ele nos conta que a metodologia envolveu cinco níveis proteicos (6%, 8%, 10%, 12% e 14%) para avaliar três protocolos de enriquecimento isotópico por meio do método de oxidação indireta do aminoácido indicador (IAAO). “Esses protocolos variaram em número de alimentações, doses do isótopo de 13C-Fenilalanina e tempo de coleta. Após um período de adaptação de dois dias com uma dieta contendo 11% de proteína bruta, os cães foram submetidos aos protocolos de IAAO e aos diferentes níveis proteicos. Resumidamente, os animais foram previamente condicionados a respirar em máscaras específicas através de reforço positivo, que foram utilizadas para a coleta do ar expirado nos protocolos, o qual foi empregado na análise do enriquecimento do isótopo 13C”, explica.
Um dos maiores desafios enfrentados durante o projeto foi a escassez de dados na área. “Embora o método da IAAO para obtenção de dados de necessidade proteica já exista e seja amplamente estudado e aplicado em seres humanos, para cães ainda é uma área de pesquisa quase inteiramente inexplorada. Os dados são bastante escassos e foi necessário um longo período para determinarmos um protocolo preciso para ser utilizado em cães”, destaca.
O impacto esperado desta pesquisa no setor é significativo, na visão do médico-veterinário. “De maneira bastante positiva, pois a partir desta pesquisa, novos estudos envolvendo a necessidade proteica e aminoacídica para cães poderão ser realizados para avaliar variações entre raças, idades, sexos e até mesmo comparar a disponibilidade metabólica de matérias-primas proteicas de modo minimamente invasivo. Além disso, no futuro, esta pesquisa poderá gerar novas recomendações para a inclusão de fontes proteicas nas dietas de cães, promovendo o uso parcimonioso dos recursos proteicos existentes e visando cada vez mais a sustentabilidade”, avalia.
O próximo passo para a pesquisa de Scarpim é utilizar o protocolo definido para avaliar o efeito da baixa e alta aplicação de energia mecânica durante o processo de extrusão em dietas contendo diferentes fontes proteicas na necessidade e disponibilidade metabólica da proteína em cães.
Scarpim também destacou a importância de parcerias e colaborações futuras. “Sempre há empresas e pesquisadores dispostos a colaborar e auxiliar em temas como este que visam obter dados de nutrição importantes por meio de métodos minimamente invasivos, tanto dentro do Brasil como no exterior, e buscar essas parcerias é importante tanto para crescimento pessoal, como da pesquisa em nutrição de cães e gatos”, pondera.
Sobre sua motivação para entrar na área de pesquisa científica voltada para animais de estimação, Scarpim comenta: “Há alguns anos, trabalho na área de nutrição de animais de estimação. Antes de ser pós-graduando, eu já era funcionário da Fábrica de Rações da Unesp de Jaboticabal. Foi lá que tive meu primeiro contato com o professor Aulus Cavalieri Carciofi, que me ensinou sobre os processos de produção de rações para animais de estimação. Ele sempre me incentivou e apoiou a continuar os estudos, o que me fez apaixonar pela área e pela ciência. Decidi, então, iniciar o mestrado e doutorado em pesquisa científica voltada para animais de estimação”, relata.
Receber este prêmio foi uma grande honra para o profissional. “Me sinto extremamente honrado e grato por receber este prêmio e reconhecimento pelo meu trabalho. É uma validação significativa do esforço e dedicação investidos, e motiva-me a continuar a buscar a excelência e contribuir cada vez mais para a minha área de atuação”. E para os jovens cientistas que estão começando suas carreiras, Scarpim aconselha: “É fundamental manter a curiosidade e paixão pelo conhecimento, pois são motores essenciais para a inovação”.
De mãos dadas com o progresso da nutrição de pets
A diretora de Assuntos Corporativos da Royal Canin Brasil, Carla Pistori, compartilha insights sobre essa iniciativa e o impacto do apoio à pesquisa científica. “Reconhecemos a importância de eventos como o Congresso CBNA Pet para a comunidade científica brasileira, incentivando o conhecimento e a troca entre profissionais dedicados à nutrição animal. Patrocinamos o Prêmio de Melhor Trabalho para estimular jovens pesquisadores a gerar ciência de alta qualidade e aumentar a visibilidade internacional da pesquisa brasileira. Queremos que o mundo conheça a qualidade da ciência e dos pesquisadores excepcionais do Brasil”, afirma.
A origem da Royal Canin está na ciência e na observação, colocando o conhecimento no centro do negócio, segundo a porta-voz: “Desenvolvemos dietas baseadas em necessidades reais, independentes das tendências de mercado. Com mais de 50 anos de observação científica e parcerias com instituições veterinárias, criadores e especialistas, oferecemos mais de 750 produtos adaptados às necessidades individuais dos gatos e cães. Nossa busca por conhecimento é contínua”, explica.
Carla ainda menciona que a Royal Canin apoia diversas frentes de pesquisa globalmente, incluindo estudos epidemiológicos, performance nutricional e nutrição clínica. “Os projetos são submetidos e avaliados por nossos comitês de ética e científico. Após validação, os pesquisadores ou instituições iniciam suas pesquisas locais com o acompanhamento de nossa equipe científica”, detalha.
Para a executiva, o patrocínio do Prêmio Waltham de Pesquisa beneficia a comunidade científica ao estimular estudos de alta qualidade, proporcionando reconhecimento e visibilidade aos pesquisadores. “Nosso objetivo é incentivar novos pesquisadores e contribuir para a inovação na nutrição, saúde e bem-estar animal. O prêmio permite que os pesquisadores visitem o Instituto Waltham e participem do Congresso Internacional do ESVCN, ampliando suas oportunidades de aprendizado e networking”, destaca.
De acordo com Carla, a Royal Canin está constantemente avaliando novas oportunidades para expandir seu apoio à pesquisa científica e compartilhamento de conhecimento técnico. “Avançar na nutrição e saúde animal, assim como na formação da classe veterinária, é uma prioridade para nós. Apoiamos pesquisas de colégios, associações de classe, pesquisadores e professores da área clínica, além das principais universidades do país”, ressalta.