O envelhecimento dos pets que compartilham a jornada da vida conosco nos convida a refletir sobre a passagem do tempo. À medida que nossos companheiros peludos amadurecem, somos lembrados da importância de valorizar cada momento ao lado daqueles que amamos.
Suas rugas e pelos grisalhos contam histórias de lealdade, amor incondicional e experiências compartilhadas, ressaltando a beleza da conexão entre seres vivos e a inevitabilidade da mudança. O envelhecimento dos pets é uma jornada de aprendizado mútuo, que nos ensina a apreciar o presente e a cultivar laços que transcendem o tempo.
Nesse sentido, hoje, como membros da família, eles também precisam de cuidados específicos quando chegam na chamada “terceira idade”. Hoje, vamos falar sobre esse tipo de cuidado com um fator que, muitas vezes, é negligenciado: a saúde bucal.
Mau hálito, dificuldade na alimentação, perda do elemento dentário, inflamação gengival, dor na cavidade oral e secreção nasal. Essas são algumas características que podem acometer nossos melhores amigos quando chegam à velhice.
Um dos principais desafios da saúde bucal em cães e gatos idosos, de acordo com a médica-veterinária responsável pelo setor oncológico e odontológico do Hospital Veterinário Taquaral, Clarisse Moreira Teixeira, é a falta de conscientização dos responsáveis sobre a gravidade dos problemas bucais que podem ocasionar problemas graves na saúde geral do animal.
Ela explica que o risco é maior para animais que seguem uma dieta à base de alimentos úmidos e com alto índice de carboidratos é maior para o desenvolvimento de doença periodontal, pois o acúmulo do alimento ao dente favorece proliferação de micro-organismos patogênicos. “Por ingerir apenas alimentos mais molinhos, automaticamente o animal não precisa mastigar. No entanto, o ato mastigatório é importante porque promove a remoção mecânica da sujeira dos dentes”, pontua.
Por isso, sim, é preciso escovar os dentes dos velhinhos – mas, com cuidado! Clarisse alerta que há risco de fragilidade oral. Por isso, recomenda o uso de escovas de cerdas macias e creme dental específico para pet, tentando ao máximo não estressar o seu animal.
Preciso mesmo escovar os dentes dele?
Se ainda não se convenceu, a gente te conta alguns dos riscos, caso opte por ignorar esta dica. Você já ouviu falar do tártaro, não é? Chamado, também, de “cálculo dentário”, ele é formado atrás da placa bacteriana e, quando adere ao esmalte dentário, acaba calcificando. O acúmulo de tártaro pode causar danos severos para a gengiva e ligamento periodontal, evoluindo para periodontite.
“A doença periodontal, uma vez instalada na cavidade oral, ocasiona a reabsorção do osso alveolar, evoluindo para perda do elemento dentário e fraturas patológicas de mandíbula”, conta Clarisse e acrescenta: “Além da infecção ativa na cavidade oral, podemos ter translocação dos microrganismos para a corrente sanguínea, ocasionando infecção em outros órgãos, tais como coração, fígado e rins”.
A gravidade “mora” no fato de que, em animais idosos, o risco de infecção é muito maior pela queda de imunidade e por apresentar comorbidades. “É necessário fazer visitas periódicas ao veterinário, realizar escovação dentária e uma dieta balanceada”, resume a médica-veterinária.
O diagnóstico é realizado na avaliação da cavidade oral, através do exame clínico e os exames radiográficos intraorais. As informações que o tutor relata na anamnese também são muito importantes para a realização do plano de tratamento.
A solução está a uma consulta de distância
Os tratamentos podem variar devido ao grau de evolução da doença periodontal. É necessária a realização da escovação dentária com escova e pastas específicas para pets, como comentado por Clarisse.
Além da realização da higiene bucal, ela ainda lembra que, muitas vezes, é necessário fazer profilaxia bucal e tartarectomia, conforme o acúmulo de cálculo dentário. Mas, o procedimento odontológico tem que ser realizado com o animal anestesiado.
“Deve ser realizada sondagem dos dentes, raio-x intraoral para avaliação das raízes dentárias, osso alveolar e possíveis fraturas. Caso seja identificado comprometimento do elemento dentário, será necessário a sua extração. Pois um dente doente na cavidade oral pode comprometer a saúde de outro dente”, explica.
Lição de casa para tutores de pets idosos, atenção!
E quando os dentes começam a cair em cães e gatos idosos, quais medidas os tutores devem tomar? Clarisse lembra que, em primeiro lugar, o tutor não deve se desesperar. “O ideal é levar o animal ao veterinário o quanto antes para a avaliação e planejamento de tratamento necessário para aquele caso específico”, insere.
Os problemas dentários, ainda, podem contribuir para a perda de peso, pois animal com dor não se alimenta adequadamente, fica apático e seu caso pode evoluir para infecção generalizada. E a médica-veterinária complementa: “Tente oferecer uma alimentação mais pastosa/úmida para o animal mais idoso, pois ingerir ração pode acabar sendo um incômodo por apresentar dor na cavidade oral”.
A introdução a escovação dentária desde filhote, alimentação balanceada e avaliações periódicas com o médico-veterinário irá ajudar bastante na prevenção de doenças periodontais.
“O cuidado com a saúde oral do seu pet é uma prova de amor, pois, com isso, estará cuidando também da saúde geral”, finaliza.
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