População presta auxílio em resgates e inicia projetos em prol da causa animal
Cláudia Guimarães, da redação
claudia@ciasullieditores.com.br
Notícias sobre maus-tratos e desastres que afetam o bem-estar e a vida dos animais sempre impactam a população e, principalmente, as pessoas envolvidas com a causa animal. Muitas delas, sem pensar duas vezes, participam de movimentos e ações em prol dos pets, buscando criar meios de, ao menos, minimizar todo o sofrimento submetido aos animais, independentemente das circunstâncias.
O caso da cachorra Manchinha, assassinada brutalmente pelo segurança de uma rede de supermercados, mobilizou, inclusive, proprietários de cervejarias artesanais. A ideia, na verdade, surgiu do engenheiro civil e sócio da GeoHydroTech Engenharia (São Paulo/SP), Hugo Rocha, que não trabalha nem com cervejas, nem com animais. “Quando vi a ilustração feita pelo Geralf, um ilustrador e tatuador de Belo Horizonte (MG), meus olhos se encheram de lágrima. Ele representou a Manchinha como um anjo e, não por acaso, a imagem viralizou e tocou muitas outras pessoas. Pensei até em tatuar aquela imagem, mas achei que não seria justo com as minhas três gatas, pois não tenho elas tatuadas”, revela.
Sendo assim, como é consumidor de cervejas especiais e conhece muitas pessoas deste setor, Hugo propôs, aos responsáveis da Cervejaria Augustinus (São Paulo/SP), a fabricação de uma cerveja em homenagem à cadela. “Fiquei com receio disso soar oportunista. Foi, então, que me veio a ideia de estender o convite a outras cervejarias, porém, com o objetivo de arrecadação de fundos para instituições de proteção animal, independentemente de serem de cães, gatos, tamanduás ou iguanas”, comenta.

Projeto reúne diversas cervejarias a fim de produzircervejas em homenagem à Manchinha. Todo o lucro será revertidopara ONG’s de proteção animal (Foto: reprodução)
Adesão. Hugo, então, compartilhou um texto em seu perfil em uma rede social, convidando os cervejeiros com quem possui mais de intimidade a comprar a ideia. “Confesso que fiz isso com um pouco de receio de não dar em nada. Mas, quando acordei, o post já tinha ‘bombado’, muitos cervejeiros aceitaram de imediato, muitas pessoas elogiaram a iniciativa e aí eu percebi que tinha dado certo e não tinha mais volta”, narra.
O proprietário da Everbrew (Santos/SP), uma das cervejarias participantes, Renê dos Santos Pinto, conta que, quando recebeu o convite para participar do projeto, aceitou na mesma hora. “Temos um carinho muito grande pelos animais e nos identificamos com a causa, por isso, pensamos em ajudar de alguma forma. Nossa expectativa é de que a adesão seja grande, uma vez que a causa é muito nobre e esperamos que, realmente, seja assim, pois, quanto maior o apoio, mais poderemos contribuir com as instituições escolhidas, já que todo lucro dessa produção será repassado, integralmente, para ajudar a causa animal”, argumenta.
Depois de muitas discussões sobre o assunto, Hugo conta que chegaram à conclusão de que não seria nem viável nem interessante fazer apenas uma cerveja colaborativa. “Inviável por questões logísticas e desinteressante porque, disso, sairia um único produto e as pessoas poderiam comprar uma única vez. Entendemos que, quanto mais cervejas diferentes, mais as pessoas tendem a comprar”, opina. Assim, cada cervejaria terá liberdade para definir o estilo das cervejas, sendo que muitas estão se articulando para a realização de collabs, ou seja, produção que envolva duas ou mais cervejarias. “O que não irá mudar é o nome das cervejas, que será ‘Nome da Cervejaria + Manchinha’ e o rótulo, que será, basicamente, o mesmo para todas e baseado na ilustração do Geralf, que já foi contatado e aceitou liberá-la para o projeto”, adiciona.
O lucro, segundo o engenheiro, será doado para instituições de proteção animal, que ainda serão definidas. Essa decisão será tomada em conjunto com as cervejarias. “Já recebemos muitas indicações e algumas instituições se candidataram. O que posso adiantar é que as cervejarias ajudarão instituições do seu entorno e, até por uma questão de coerência, alguma instituição de Osasco (SP) deverá ser beneficiada”, menciona.

Após desastre em Brumadinho (MG), muitas pessoascolaboraram com doações, bem como integraram equipesde resgate aos animais (Foto: reprodução)
Sendo assim, esse projeto, que, até o momento, conta com a participação de 82 cervejarias de 12 Estados e dois Países, possui dois propósitos, de acordo com Hugo: homenagear a Manchinha e tentar reverter o ocorrido em algo positivo em prol de outros animais vulneráveis; e não deixar que essa seja mais uma história de crueldade e covardia com animais a cair no esquecimento. “Desde o começo, nossa maior preocupação é deixar claro que não há nenhum tipo de oportunismo nessa iniciativa, que ninguém tem a intenção de capitalizar em cima do ocorrido e que o objetivo principal é arrecadar fundos para ajudar algumas instituições de proteção animal. Como dito anteriormente, sabemos que não será possível ajudar todas, mas qualquer coisa que fizermos é melhor do que não fazermos nada”, considera.
Rompimento de barragem. O desastre na cidade de Brumadinho (MG) também mobilizou algumas ONG’s e empresas de fora e de dentro do setor veterinário. Foi o caso do Hospital Veterinário PetCare (São Paulo/SP), que realizou uma campanha para arrecadar, com urgência, itens para os animais resgatados da lama.
Essa ação mobilizou muitas pessoas que colaboraram doando rações, toalhas, lençóis e cobertores. Também foram arrecadadas guias, coleiras, gaiolas, caixas de transporte, xampus, cabrestos, bem como materiais curativos, medicamentos e insumos, como seringas, cateteres, agulhas, soros, etc.
O ocorrido também movimentou a classe veterinária de todo o País, já que muitos profissionais se candidataram a participar das equipes de resgate aos animais. A procura foi tamanha, que o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais (CRMV-MG) agradeceu a todos, entretanto, emitiu um aviso de que já não era mais necessária a presença de mais profissionais no local.