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Sono de qualidade é peça-chave no bem-estar animal, alerta a especialista Carrie Tooley

Durante o III Simpósio Dor e Comportamento, veterinária destaca como o sono de qualidade é crucial na recuperação física e emocional de cães e gatos
Por Equipe Cães&Gatos
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Por Equipe Cães&Gatos

Por Felipe Machado, da Redação

A medicina do sono ganhou protagonismo no III Simpósio Dor e Comportamento, realizado no dia 28 de junho em formato online. A palestra “Realize o sonho: as praticidades de incorporar a medicina do sono ao seu plano de tratamento”, ministrada pela médica-veterinária Carrie Tooley, especialista em comportamento animal, mostrou que o descanso de qualidade é muito mais do que um luxo: é uma ferramenta terapêutica essencial. Segundo ela, “ignorar o sono no plano terapêutico é comprometer a recuperação integral do paciente”.

Tooley apresentou conceitos baseados na analogia do SYNC, desenvolvida por Sarah Heath, que compara a regulação emocional de cães e gatos a um sistema hidráulico. Emoções positivas e negativas enchem o “lavabo emocional” dos animais, que precisa ser drenado para evitar sobrecarga. O principal método de drenagem? O sono. “O sono é o único recurso natural que realmente reduz a excitação emocional de forma consistente e profunda”, destacou a palestrante.

A especialista reforçou que o sono atua tanto na estabilidade emocional quanto na recuperação física. Ele fortalece o sistema imunológico, auxilia no alívio da dor e tem impacto direto na resposta comportamental dos pacientes. Dados de pesquisas recentes associam a privação de sono a comportamentos problemáticos, como irritabilidade e hiperatividade, especialmente em cães. Além disso, ciclos interrompidos de sono REM — a fase dos sonhos — podem prejudicar o processamento emocional dos animais.

Ambientes adaptados e silêncio são aliados importantes para garantir um sono restaurador aos pets, especialmente em contextos clínicos (Foto: Divulgação)

No entanto, incorporar a medicina do sono à prática veterinária ainda enfrenta obstáculos, principalmente no ambiente clínico. Luzes intensas, ruídos constantes e interrupções frequentes para monitoramento dificultam que os animais atinjam um estado de repouso real. “É fundamental repensar como oferecemos cuidados intensivos sem sacrificar a qualidade do sono dos pacientes”, afirmou Tooley. Soluções como zonas silenciosas, esconderijos confortáveis e rotinas de descanso foram discutidas como medidas viáveis e eficazes.

O ambiente doméstico também pode ser fonte de distúrbios de sono, mesmo quando os tutores têm boas intenções. Interações constantes, ruídos em áreas movimentadas da casa e a presença de outros animais podem impedir o descanso profundo. Tooley citou casos em que a insônia estava associada a ansiedade, dor crônica ou estímulos visuais excessivos, como a observação de pássaros por uma janela. “Às vezes, pequenos ajustes no ambiente fazem uma grande diferença”, explicou.

Ao final da apresentação, Carrie Tooley defendeu que a avaliação do sono deve se tornar uma rotina nos atendimentos veterinários comportamentais. Isso inclui observar padrões de sono, postura, frequência de sono REM e fatores ambientais. O uso de suplementos, feromônios e, em alguns casos, medicamentos pode complementar a abordagem. “Cuidar do sono é cuidar da saúde física e emocional. É hora de reconhecer esse pilar como parte indispensável da prática clínica ética e eficaz”, concluiu a palestrante.

FAQ

Por que o sono é considerado essencial no tratamento de cães e gatos, segundo a Dra. Carrie Tooley?

O sono é um dos principais mecanismos naturais para reduzir a excitação emocional dos animais, funcionando como uma “drenagem” do estresse acumulado, de acordo com a analogia do SYNC apresentada por Sarah Heath. Carrie Tooley afirma que “ignorar o sono no plano terapêutico é comprometer a recuperação integral do paciente”, já que o descanso adequado também impacta diretamente na imunidade, no alívio da dor e na estabilidade comportamental.

Quais são os principais obstáculos para que os animais tenham um sono de qualidade em ambientes clínicos?

Ambientes clínicos costumam apresentar luzes intensas, ruídos constantes e interrupções frequentes para monitoramento, o que impede o descanso profundo dos pacientes. Carrie Tooley propõe mudanças simples, como a criação de zonas silenciosas, uso de esconderijos e a implementação de rotinas de descanso, como estratégias viáveis para melhorar a qualidade do sono mesmo em contexto hospitalar.

Como os tutores podem contribuir para melhorar o sono dos seus pets em casa?

Tutores devem observar fatores que possam interferir no descanso dos animais, como excesso de interações, barulhos em ambientes movimentados e estímulos visuais constantes, como janelas com muito movimento externo. Pequenos ajustes no ambiente doméstico, segundo Tooley, podem gerar grandes melhorias. Ela também recomenda que o sono dos animais seja monitorado como parte da rotina de cuidados, considerando inclusive o uso de suplementos ou feromônios quando necessário.

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