Wellington Torres, de casa
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A saúde cardíaca, assim como para os humanos, exige muita atenção, no caso dos pets, dos tutores e médicos-veterinários. Entre os possíveis problemas, o sopro no coração, que pode comprometer a qualidade de vida dos animais, se tornou pauta deste Dia do Cardiologista, comemorado hoje (14).
Como explica a médica-veterinária, mestre e doutora em Clínica Veterinária, com ênfase em Cardiologia pela FMVZ-Unesp – Botucatu/SP, Angélica Alfonso, o sopro no coração corresponde ao som de uma turbulência sofrida pelo sangue durante a passagem pelas válvulas do coração, ou ainda, pela passagem por comunicações intracardíacas. “Não se trata de uma doença, mas de um achado ao se examinar o animal por meio da auscultação cardíaca com o estetoscópio, que pode ter ou não significado clínico”.
Segundo Angélica, “o sopro pode ser decorrente de doenças cardíacas congênitas”, ou seja, quando o animal nasce com a alteração; ou adquiridas, que são quadros frequentemente observados em animais adultos a idosos. “Nesse segundo cenário, a doença adquirida mais comum em cães é a degeneração das válvulas mitral e/ou tricúspide”, destaca a profissional.
Para realizar o diagnóstico, se faz necessário um exame complementar, chamado ecodopplercardiograma. Ação, como também pontua a médica-veterinária, “corresponde ao ultrassom do coração e permite avaliar o tamanho do órgão e função das válvulas”.
Sinais e tratamento
Entre os sinais apresentados pelo problema, podem ser constatados tosse, cansaço fácil, desmaios, dificuldade respiratória e língua e gengivas em tom azulado/arroxeado. Decodificação dos sinais demanda atenção especializada, o que possibilitará identificar tratamento adequado. “O maior perigo se relaciona ao desenvolvimento do quadro de insuficiência cardíaca congestiva. Trata-se de um estágio que pode comprometer a qualidade de vida do animal”, alerta a profissional, sobre se atentar aos sinais.
De acordo com a doutora, para determinadas alterações cardíacas congênitas, existe, hoje, no Brasil, a possibilidade de correção por métodos intervencionistas e para as alterações valvares adquiridas e degenerativas o tratamento ocorre por via de medicamentos, que visam retardar ou controlar a insuficiência cardíaca congestiva.
Qualidade de vida
Quando questionada sobre a possibilidade do animal manter uma vida “comum”, após o diagnóstico, Angélica conta que a detecção precoce do sopro cardíaco nos animais pode facilitar o tratamento e evitar ou retardar que o problema evolua para estágios mais avançados de insuficiência cardíaca.
“Qualquer doença diagnosticada precocemente torna o seu tratamento mais simples e fácil para o animal. Por isso, é importante que consultas veterinárias sejam mais frequentes, para que haja tempo hábil de diagnosticar e tratar qualquer doença que, porventura, seja encontrada no animal”, reforça.
No entanto, caso o animal tenha sido diagnosticado em um estágio mais avançado de doença cardíaca congestiva, a médica-veterinária salienta que algumas mudanças na rotina do pet precisarão ser realizadas. “É importante que o tutor evite atividades físicas extenuantes, bem como situações de muito estresse ao animal; realize manejo da dieta prescrita; administre corretamente as medicações nas quantidade e frequências devidamente prescritas e que leve o pet regularmente às avaliações cardíacas periódicas recomendadas pelo médico-veterinário”, finaliza.