Além do exame clínico, os médicos-veterinários, até então, podiam contar apenas com a cultura micológica para o diagnóstico de esporotricose em felinos. Mas, um teste sorológico, por Elisa, que determina a presença de anticorpos (IgG) contra Sporothrix spp. no soro do gato infectado, recebeu validação clínica e está disponível.
O método é fruto do trabalho de pesquisadoras de uma startup, que conta com a parceria da Cietec, incubadora da Universidade de São Paulo (USP); da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR); do Instituto Butantã e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Criada em 2017, a partir do teste sorológico para humanos, a versão para felinos – qualitativa e quantitativa – precisava comprovar eficácia. A validação clínica aconteceu por meio do doutorado da médica-veterinária Fabiana dos Santos Monti, na PUC-PR. O estudo, que acompanhou 62 gatos com esporotricose, mostrou que a sorologia é tão sensível quanto a citopatologia.
“A validação clínica foi fundamental para que o teste se tornasse um recurso também na Medicina Veterinária”, afirma a biomédica mestre e doutora em bioquímica e pós-doutora em doenças infecciosas, CEO da startup desenvolvedora, Leila Maria Lopes Bezerra.
Resultados em até 48h. Diante da gravidade da esporotricose, a principal vantagem do método é a agilidade para o diagnóstico. Enquanto o resultado da cultura micológica pode levar até 30 dias para ficar pronto, o do teste sorológico leva de 24h a 48h. “Além disso, permite o monitoramento da resposta terapêutica, um fator de peso para esta doença de alto índice de recidivas”, frisa Fabiana.
Ela explica que o cultivo micológico continua sendo o meio de diagnóstico definitivo, mas que, com o teste por Elisa, não será necessário aguardar seu resultado para iniciar o tratamento. “A sorologia traz um diagnóstico presuntivo crucial”, revela.
O especialista em Dermatologia Veterinária e conselheiro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Carlos Eduardo Larsson, diz que os exames são de enorme valia para o clínico veterinário. Segundo o profissional, no contexto da clínica veterinária, no que tange a doenças infecciosas de felinos, “foi uma das melhores notícias dos últimos anos” e ajudará a minimizar o sofrimento dos pacientes e de seus tutores.
Acesso. O exame ainda está restrito a três laboratórios, que contam com o apoio da startup desenvolvedora. Porém, a perspectiva das pesquisadoras é de que, em breve, o recurso esteja no mercado em maior escala, ao alcance dos estabelecimentos e dos profissionais.
A equipe de pesquisadoras também trabalha para desenvolver uma versão de teste rápido.
Fonte: CRMV-SP, adaptado pela equipe Cães&Gatos VET FOOD.