A terapia com células-tronco tem se destacado como uma alternativa promissora na Medicina Veterinária, trazendo esperança para muitos tutores de cães e gatos que buscam tratamentos eficazes para diversas patologias. Conversamos com dois especialistas no assunto, o Dr. Tiago Almeida Daolio, proprietário do Centro Veterinário Morungaba (CVM), e o Dr. Felipe Garofallo Mardegan, médico-veterinário ortopedista e proprietário da Ortho for Pets: Ortopedia Veterinária e Especialidades, para entender melhor essa abordagem.
Segundo Tiago Daolio, as células-tronco são células indiferenciadas que, em determinadas condições fisiológicas ou experimentais, possuem a capacidade de se transformarem em células especializadas de diferentes tecidos, recuperando não só o seu aspecto estrutural, mas, também, funcional. “Este processo de recuperação é crucial para a regeneração de tecidos danificados e pode ser aplicado em diversas situações clínicas”, explica.
As células são isoladas a partir de material coletado, que pode ser da medula óssea, por meio de aspirado, ou de tecido adiposo, durante o procedimento de castração de fêmeas jovens. “Os resultados são bem diversos, mas, ao mesmo tempo, bem consistentes em alguns casos, principalmente naqueles pacientes que já haviam passado por outras terapias convencionais e que ao iniciar a terapia celular apresentaram melhoras significativas e rápidas”, acrescenta.
Como o tratamento age?
Os resultados da terapia com células-tronco podem variar conforme a patologia tratada, o tempo de doença e a condição clínica do paciente. “As células-tronco embrionárias não fazem parte da prática clínica na Medicina Veterinária Regenerativa devido aos riscos de crescimento descontrolado, levando a formações tumorais e alta capacidade mutagênica”, informa Tiago, destacando a segurança das células-tronco adultas. “Além disso, normalmente, não há contraindicação relacionada diretamente com a idade, mas deve-se considerar a condição clínica geral do paciente”, adiciona.
Felipe Mardegan também reforça a importância da terapia com células-tronco: “As células-tronco podem ser isoladas do tecido adiposo próprio, geralmente coletado cirurgicamente de áreas como o abdômen. Após a separação por centrifugação e lavagem, elas são utilizadas para tratamentos que promovem regeneração tecidual, melhora na inflamação, dor e claudicação”, comenta. Ele ainda acrescenta que a resposta ao tratamento pode variar: “Alguns cães podem responder bem com uma aplicação, enquanto outros podem precisar de duas ou mais para alcançar uma melhora”.
O veterinário Tiago também salienta que a conservação das células-tronco é um aspecto crucial do processo. “As células-tronco são armazenadas em solução com criopreservantes como DMSO em baixa temperatura, nos ultra-freezers ou em nitrogênio líquido”, discorre. Já Felipe destaca que, após a coleta do tecido adiposo, as células-tronco são isoladas e congeladas para preservar sua viabilidade, geralmente em pequenas porções.
Sobre o valor, Felipe menciona que os custos para a clínica veterinária são, em média, de 700 a 750 reais por criotubo de células-tronco, e o preço para o tutor sai, em média, 1500 reais por aplicação de criotubo, além do valor da anestesia.
Ambos os veterinários concordam que as perspectivas futuras para o uso de células-tronco na Medicina Veterinária são promissoras. “As perspectivas são grandes, pois existe uma gama enorme de possibilidades de aplicação terapêutica nas diversas patologias inflamatórias, crônicas e degenerativas dos cães”, afirma Tiago. E Felipe complementa: “O tratamento tem aumentado na rotina e apresentado benefícios, porém, por ser uma terapia recente, estudos ainda estão sendo realizados em relação aos efeitos de longo prazo das células-tronco”.
Para tomar decisões informadas sobre o uso de terapias com células-tronco, Tiago recomenda que o acompanhamento deve ser feito por um médico-veterinário capacitado e que tenha conhecimento técnico em terapia com células-tronco. E Felipe reforça a orientação: “O ideal é sempre consultar um médico-veterinário, principalmente para avaliar se o tratamento pode trazer benefícios para o pet em questão, já que cada tratamento é individualizado”.
