As doenças dermatológicas representam um desafio na Medicina Veterinária e estão cada vez mais comuns entre cães e gatos. Chegar a um diagnóstico acertado é uma das suas maiores dificuldades, pois nem sempre é fácil saber o que está desencadeando o quadro.
Para auxiliar na rotina dos médicos-veterinários surgiram os testes alérgicos, que têm como finalidade identificar os alérgenos aos quais o animal é sensível. Segundo a médica-veterinária pós-graduada em dermatologia de animais de companhia e especializada em alergologia e testes alérgicos, Thaís Wendling Gomes, essa é uma ferramenta interessante, especialmente, para casos de dermatite atópica previamente diagnosticada.
“A partir dessa identificação é possível formular uma imunoterapia alérgeno-específica individualizada e orientar os tutores com relação a medidas de controle ambiental direcionadas. Já nos casos de pacientes com alergia alimentar, os testes podem ser um auxílio para seleção de alimentos”, explica.
Contudo, a profissional destaca que os testes alérgicos não são indicados para, unicamente, estabelecer o diagnóstico das doenças alérgicas, mas sim ajudam a complementar a investigação clínica e auxiliar no manejo terapêutico de longo prazo.
Tipos de testes alérgicos disponíveis
Thaís esclarece que atualmente existem testes alérgicos importantes na rotina veterinária, que são utilizados, principalmente, na investigação de hipersensibilidade do tipo I (IgE mediada) e hipersensibilidade tardia (tipo IV).
De acordo com ela, as opções disponíveis são:
- Prick Test ou teste de puntura: É um método que detecta a quais alérgenos o cão é sensível. É feito na região toracodorsal do animal e não requer anestesia para a realização;
- Teste intradérmico: Também é realizado na região toracodorsal do paciente, esteja ele sedado ou não. Neste teste o alérgeno é injetado por via intradérmica com o auxílio de seringa e agulha.
- Teste sorológico: É a única alternativa “in vitro” executada com o soro do animal. Para ser executada o sangue é coletado e enviado ao laboratório especializado. Detecta anticorpos IgE séricos.
- Patch Test ou teste de contato: Avalia a hipersensibilidade tipo IV (reação tardia). Nele fitas adesivas com alérgenos são aplicadas na região toracodorsal do paciente. É indicado para identificar possíveis alimentos que poderão ser incluídos em dietas de eliminação. Não há necessidade de sedação e as fitas ficam aderidas na pele por 48 horas, quando são retiradas e realizada a leitura e interpretação do teste.
Os testes alérgicos na prática
O método de realização dos testes alérgicos depende do tipo escolhido. Gomes explica que no prick teste são depositadas pequenas gotas de alérgenos na superfície da pele e, em seguida, é feita uma puntura superficial para introdução do alérgeno.
“Já no teste intradérmico são aplicadas pequenas quantidades de alérgenos diluídos por via intradérmica utilizando seringa e agulha fina e após 15 minutos é executada a leitura dos resultados. No caso do teste sorológico, coleta-se uma amostra de sangue do paciente e ela é enviada ao laboratório para análise da resposta IgE específica contra diversos alérgenos”, exemplifica.
Para complementar, no patch test fitas adesivas impregnadas com alérgenos são fixadas sobre a pele do dorso por 48 horas e depois da remoção é realizada a avaliação da reação cutânea, buscando eritema, pápulas ou vesículas indicativas de hipersensibilidade tardia
Com relação aos alérgenos, a medica-veterinária esclarece que nos testes alérgicos os animais são testados para alérgenos ambientais e, em alguns protocolos, alimentares.
“Os painéis de alérgenos variam de acordo com a região geográfica e o laboratório. No entanto, costumam incluir ácaros de poeira doméstica, ácaros de armazenamento, fungos ambientais e pólens. No caso dos alérgenos alimentares estão sempre envolvidas proteínas, como carne bovina, carne suína, carne de frango e pescado, além de ovo, leite, trigo, soja, dentre outros”, cita
Quando realizar os testes alérgicos?
A especialista pontua que os testes alérgicos podem ser realizados em cães e gatos, embora sua aplicação seja mais estabelecida e validada em cães.
“Nos gatos o uso dos testes alérgicos ainda apresenta limitações, tanto na padronização dos alérgenos, quanto na interpretação dos resultados, devido a particularidades imunológicas da espécie e menor volume de estudos de validação”, comenta.
Deste modo, essa é uma ferramenta recomendada, especialmente, para animais com diagnóstico clínico estabelecido de dermatite atópica, pois permite a identificação dos alérgenos ambientais envolvidos.
“O teste também pode ser utilizado em casos de alergia alimentar já confirmada ou em fase de triagem alimentar. Seu resultado pode auxiliar na seleção de ingredientes a serem incluídos ou excluídos da dieta. Além disso, podem ser indicados para tutores que desejam entender melhor os fatores que desencadeiam ou agravam o quadro alérgico do seu animal, permitindo um manejo ambiental e terapêutico mais direcionado e com maior chance de sucesso a longo prazo”, cita.
Outro ponto importante é que, de um modo geral, Thaís indica essa técnica quando o paciente já apresenta controle adequado da inflamação e infecções secundárias e está clinicamente estável. Assim, são evitadas interferências nos resultados.
FAQ
Os animais sentem dor ou desconforto para realizar os testes alérgicos?
Geralmente, os testes alérgicos são procedimentos tranquilos e minimamente invasivos. Porém, no caso dos testes prick e intradérmicos pode ser necessário uso de sedação em animais mais agitados, estressados ou agressivos para garantir a precisão da aplicação e o bem-estar do paciente.
Quais são os tipos de testes alérgicos que existem atualmente?
Hoje existem quatro variações de testes alérgicos na Medicina Veterinária são eles: Prick Test ou teste de puntura, teste intradérmico, teste sorológico e Patch Test ou teste de contato.
Para quais animais os testes alérgicos são indicados?
Os testes alérgicos são indicados, principalmente, para animais com diagnóstico clínico estabelecido de dermatite atópica e para os que possuem alergia alimentar confirmada ou em fase de triagem alimentar.
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