Wellington Torres, de casa
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Pretos, rajados, esguios ou corpulentos, os gatos, assim como quaisquer outros seres vivos possuem as suas especificidades. Contudo, algo não muda e nem pode: a atenção dos tutores aos hábitos alimentares destes pets.
Ao pensarmos nisso, o mercado atual, voltado aos animais de companhia, oferta diversos produtos. Sejam rações específicas por porte, idade ou necessidades nutricionais ou sachês, que também seguem essas divisões e se tornaram pauta para este texto. Seria possível ofertar uma dieta baseada neles? Quais os benefícios dessa escolha?
Segundo a médica-veterinária Mayara Maeda (@mv.mayaramaeda), formada em Medicina Veterinária pela Universidade Norte do Paraná, pós-graduada em Medicina Felina pela Equalis-Sp e especialista no atendimento de felinos no Hospital Veterinário Inova, em Sorocaba, interior de SP, sim, mas há observações.
“Os únicos sachês indicados para alimentação diária são aqueles 100% completos e balanceados. Ou seja, eles têm exatamente tudo que um alimento seco oferece, porém, de forma hidratada”, explica a profissional, ressaltando que o tutor deve sempre consultar o rotulo em busca desta informação, geralmente descrita como ‘alimento completo’ ou ‘alimento completo e balanceado’.
Mayara afirma que, outros sachês que não são completos e balanceados, comumente apresentam em suas embalagens o termo ‘complemento alimentar’. Estes produtos podem ser oferecidos eventualmente, como petiscos.
De acordo com a especialista, o pet que se alimenta exclusivamente de alimento úmido estará com sua hidratação e nutrição garantida. “Sabemos que os felinos são animais que bebem água por oportunidade. Ou seja, se tiver água próxima disponível, irá se hidratar mais. Caso contrário, irá tolerar se manter discretamente desidratado. Com isto, a saúde urinaria e renal fica comprometida, causando doenças que compõem parte dos motivos que trazem os felinos para atendimento, justamente devido esse hábito de ser um ‘mau bebedor de água’”, destaca.
Quando ofertar?
Perante a oferta dos sachês, Mayara pontua que os felinos estão abertos a novas experiências degustativas/alimentares até aproximadamente os 7 meses de idade. “Desta forma, é indicado que desde o desmame ele já seja apresentado ao alimento úmido, assim como à ração seca”.
“É extremamente comum gatos mais velhos não aceitarem o sache como alimento e só lamberem o caldo, o que não é ideal, pois os nutrientes não estarão na proporção ideal, somente no líquido do sachê. Essa não aceitação do alimento úmido algumas vezes pode ser contornada com muita paciência e insistência”, aconselha.
Caso o animal, que sempre gostou de determinada ração, seja úmida ou seca, e de uma hora para outra deixou de querer ingeri-la, a médica-veterinária é pontual: “é importante que ele seja avaliado por um veterinário especialista”.
“Muitas vezes os tutores acreditam que seus pets estão simplesmente ‘enjoados’, quando na verdade podem estar deixando de ter interesse devido a algum mal-estar devido a possível doença que pode estar no início. A partir do momento que essas patologias forem excluídas, podemos seguir com a suspeita que o pet realmente esteja enjoado de determinada dieta e, assim, prosseguir com a tentativa de troca. Lembrando que não é recomendado fazer trocas constantes e bruscas na dieta dos animais”, aconselha.
Sachês vs Brasil
Para Mayara, ao se falar sobre sachês, é muito importante entender alguns mitos acerca da alimentação úmida aqui no Brasil. De acordo com a profissional, muitos tutores ainda acreditam que o alimento faz mal, tem muito sódio, gordura e corantes.
“Diariamente atendo tutores que tem receio de me contar que oferecem sachês, pois acreditam que estão fazendo algum mal ao seu pet, enquanto, na verdade, já sabemos os benefícios deste alimento quando incluído na dieta”, comenta.
No entanto, apesar de o alimento úmido ser totalmente liberado, ela não indica que seja oferecida uma dieta 100% composta por eles: “É importante que o felino também aceite bem a dieta seca. O Gato tem o hábito de ser petiscador e comer pequenas porções de alimento no decorrer do dia, e o alimento úmido não oferece essa possibilidade pois devem ser consumidos na mesma hora que aberto”.
Oferta que cabe no bolso do tutor
Questionada se é possível equiparar a oferta de sachês com o salário-mínimo brasileiro, que atualmente se encontra em R$ 1.100, a resposta é sim, mas ressalta que adesão encarece a dieta animal, ao passo que os benefícios se sobressaem a longo prazo.
“Podemos ajustar a quantidade de sachês e ração conforme a disponibilidade do tutor. Além de disponibilidade financeira, é necessário também ter disponibilidade de oferecer o alimento úmido várias vezes ao dia. Isto devido ao fato de que os alimentos úmidos na sua grande maioria não possuírem conservantes na sua composição. Sendo assim, não podem ser colocados no comedouro e ficar disponível durante todo o dia para que o gato vá se alimentando no decorrer do dia. A partir do momento que é aberto, já começa a sofrer interferência do ambiente e na geladeira, pode ficar armazenado por até 48h”, explica a especialista.
Por conta disso, é interessante ser estipulado horários em que o sache será oferecido, para que caso o pet não coma toda a porção, o restante seja descartado após aproximadamente 1 hora em temperatura ambiente. Ideia é para que o tutor tenha um controle e não desperdice alimento.
“Converse com o veterinário sobre a quantidade de sachê que é possível incluir no dia a dia do felino, para que assim, seja realizado o cálculo de proporção entre alimento úmido e seco. Assim, uma divisão será realizada para que seja possível seguir a quantidade de calorias indicadas por dia, não devendo ser mais e nem menos do que o indicado ao seu gatinho”, finaliza, aconselhando os tutores.